1 centro universitário senac - sp luiz augusto grando padilha ...

como, por exemplo, o de Bhopal, na Índia, em 1984, uma vez que a empresa
convivia com numerosos problemas sérios que, reconhecidamente, implicavam
grave ameaça à segurança, não configurando, portanto, situação com ocorrência de
interações complexas e inesperadas.
Em alguns casos, a acumulação de erros latentes pode contribuir para o
surgimento de interação complexa, culminando em acidente. Em nossa opinião, na
vigência de erros latentes passíveis de identificação (análise de risco, análise
ergonômica da atividade etc.), se ocorrerem acidentes, estes não poderão ser con-
siderados "normais".
A leitura de Perrow (1999) é pessimista. Em sua opinião os acidentes
"normais" não podem ser prevenidos porque resultam de interações complexas,
imprevisíveis, que uma vez ocorridas não podem ser compreendidas em tempo real
pelos operadores e, por isso, não permitem a adoção de regu1ações capazes de
recuperar a perturbação ensejada. Contrapondo-se ao pessimismo de Perrow, a
abordagem ergonômica destaca que o acidente tem uma história, com antecedentes
que podem ser compreendidos com a ajuda de análise da atividade que identifique
os mecanismos de regulação utilizados, permitindo a adoção de estratégias que
aumentem as margens de manobras dos trabalhadores para fazer face ao
enfrentamento de imprevistos.
Segundo Kouabenan (1998), em investigações de acidentes do trabalho
adota-se perspectiva de descrição do mecanismo causal ou de produção de ocor-
rências, que não deve ser confundida com a possibilidade de predição desses
eventos.
Levando em conta o que a literatura dos acidentes do trabalho vem
trabalhando nas ultimas três décadas com a concepção multicausal, ampliando os
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