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outros), possam ser mais bem explorados e conhecidos. O fato de o trabalho real, em maior ou menor grau, diferir sempre do trabalho prescrito constitui aspecto freqüentemente negligenciado, levando a explicações simplistas acerca da origem dos acidentes, que seriam fruto de desobediência a regras e/ou a prescrições. Além de dominar as habilidades técnicas requeridas pelas tarefas a serem executadas, os trabalhadores precisam integrar-se ao coletivo da empresa, processo que implica estabelecer relações com colegas e chefias, conhecer regras formais e informais, desvendar o "clima" ou ambiente psicossocial da empresa e aprender a utilizar procedimentos e estratégias adotados, aceitos ou tolerados - visando superar a variabilidade e as incertezas presentes na situação real de trabalho. Nesse sentido, é fundamental que os mecanismos cognitivos e afetivos dos seres humanos no trabalho sejam levados em consideração. Uma das conseqüências da evolução da concepção de acidentes, verificadas na industria ora estudada, tem sido a crescente compreensão da inutilidade de recomendações de prevenção como "prestar mais atenção", "conscientizar", "tomar mais cuidado" e assemelhadas. Firma-se o entendimento de que o trabalho desenvolvido em condições em que a segurança depende exclusivamente no desempenho do indivíduo na tarefa, exigindo a manutenção de grau vigília incompatível com as capacidades humanas, configura "acidente esperando para acontecer" sendo, portanto, inaceitável. Devido à diversidade dos processos de produção e de trabalho, com graus variados de incorporação tecnológica e enorme variabilidade de condições de segurança do trabalho, a prevenção de acidentes de trabalho na industria madeireira, do ponto de vista técnico, apresenta numerosos complicadores. 164
O ponto de partida para definir os indicadores de referência é a abordagem de alguns elementos que compõem os programas de gestão da segurança e saúde ocupacional (SSO) na empresa, que constituirão o objeto do estudo e observação. Para a implementação desse programa, três aspectos foram importantes. Primeiro, compreender o elevado índice de acidentes do trabalho na empresa ora estudada. Segundo, compreender a cultura organizacional. Terceiro, dominar o processo de trabalho identificando todos os pontos e as interações com equipamentos, instalações, técnicas e instrumentos. na empresa: São três elementos básicos que envolvem os programas de gestão de SSO a) Aspectos culturais: as percepções e práticas da empresa em relação à segurança e saúde ocupacional. As práticas de SSO são definidas e fundamentadas nas concepções e no valor que se confere ao assunto. b) Aspectos técnicos: ferramentas e técnicas utilizadas na identificação e no controle dos riscos existentes nas atividades laborais. As ferramentas de SSO são concebidas e implementadas para corrigir o que se pretende corrigir. Ferramentas de SSO, por mais aprimoradas que sejam não operam milagres. c) Aspectos ligados a objetivos e resultados: o que a empresa verdadeiramente pretende com os programas de SSO idealizados e implementados. A definição do que se pretende com as ações de SSO constitui-se no principal elemento de sucesso e/ou de insucesso nas ações de SSO na empresa. Dentre os diversos elementos que envolvem a gestão de segurança e saúde ocupacional (SSO), inclusive os três aqui enumerados – cultura de segurança, ferramentas e objetivos – avaliados em termos de importância; sem dúvida, os aspectos culturais, representam, de longe, o que há de mais significativo para 165
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