Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
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102<br />
J<br />
K<br />
procurei um projeto<br />
<strong>social</strong> que existia na<br />
minha comuni<strong>da</strong>de.<br />
Tinha o esquema do<br />
trampo, <strong>da</strong><br />
ocupação, eu queria<br />
me ocupar, achava<br />
que eu ficava de<br />
bobeira e queria<br />
ganhar grana,<br />
fazendo algo massa.<br />
Então vi que os<br />
<strong>jovens</strong> procuravam<br />
primeiro algum curso<br />
profissionalizante,<br />
com bolsa, mas eu<br />
nunca me encaixava<br />
na faixa de i<strong>da</strong>de<br />
exigi<strong>da</strong>.<br />
Sempre participei de<br />
tudo que aparecia no<br />
meu bairro.<br />
Procurava os<br />
projetos em busca de<br />
formação, de bolsa.<br />
A Educação Social foi<br />
muito eficaz na minha<br />
vi<strong>da</strong>, principalmente por<br />
essa coisa que eu falei no<br />
começo, <strong>da</strong> sociabili<strong>da</strong>de.<br />
A gente é medrosa e<br />
educa<strong>da</strong> pra competir com<br />
a companheira, mas<br />
quando conheci a<br />
Educação Social comecei<br />
a falar mais de nós, <strong>da</strong><br />
comuni<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de,<br />
do país. Mas também<br />
avalio que existia a falsa<br />
ideia de que poderia<br />
intervir no projeto. Eu<br />
fico com a sensação de<br />
que a gente tinha a<br />
ilusão de que tinha o<br />
poder <strong>da</strong> decisão.<br />
Desde os meus quinze<br />
anos que eu venho<br />
atuando na minha<br />
comuni<strong>da</strong>de<br />
desenvolvendo a<br />
Educação Social. Atuei<br />
como voluntária, claro<br />
que sempre foi importante<br />
ter aquele benefício,<br />
receber a bolsa, mas pra<br />
mim era algo mais. As<br />
pessoas me criticavam e<br />
perguntavam: será que<br />
você um dia vai chegar a<br />
ser educadora? Não me<br />
vejo trabalhando numa<br />
outra área a não ser a<br />
que colocavam apelidos<br />
pejorativos.<br />
Quando eu era educan<strong>da</strong>, eu<br />
achava que o ENXAME era<br />
perfeito, hoje, mais madura,<br />
eu consigo reconhecer<br />
várias posturas equivoca<strong>da</strong>s<br />
por parte dos <strong>educadores</strong> de<br />
lá, como: “ficar” com a<br />
educan<strong>da</strong>, se aproveitando<br />
de uma posição, de um<br />
espaço que está ocupando;<br />
falta de transparência e<br />
autoritarismo. Mas<br />
também existiam<br />
<strong>educadores</strong> massa, que<br />
fazia a gente pensar <strong>para</strong><br />
além <strong>da</strong> nossa reali<strong>da</strong>de.<br />
<strong>Os</strong> <strong>educadores</strong> que<br />
facilitavam as ativi<strong>da</strong>des<br />
nos projetos, na época que<br />
eu era educan<strong>da</strong>, não<br />
<strong>da</strong>vam tanta importância<br />
<strong>para</strong> a conversa com o<br />
adolescente. Era mais<br />
aquele lance de centro<br />
comunitário, que você<br />
sentava, pintava, desenhava<br />
e fazia trabalhos artesanais.<br />
Como educadora eu busco<br />
um equilíbrio, pois<br />
vivenciei posturas de<br />
<strong>educadores</strong> que tinham<br />
muitos melindres e levavam<br />
os seus abacaxis pra dentro<br />
do projeto. Pra mim em<br />
primeiro lugar está o<br />
educando, a criança e o<br />
adolescente, sem me<br />
atropelar também, por isso<br />
busco sempre estar<br />
equilibra<strong>da</strong><br />
emocionalmente <strong>para</strong> não<br />
agir com autoritarismo e<br />
sem transparência. Busco<br />
permitir com que a galera<br />
possa se ver além dos meus<br />
olhos.<br />
Comigo é bem diferente, eu<br />
converso, pergunto se o<br />
educando está precisando<br />
de orientação, de<br />
aconselhamento e o<br />
acompanhamento não se<br />
resume ao projeto <strong>social</strong>.<br />
Atuo com as famílias, vou<br />
aos bairros, na escola e<br />
busco conhecer a<br />
reali<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong><br />
adolescente.<br />
Sociabili<strong>da</strong>de. Aprendi a abraçar<br />
sem ter preconceito, pois não me<br />
sentia segura e não era afetiva<br />
com os outros. A homofobia ela<br />
não é só algo que é colocado <strong>da</strong><br />
comuni<strong>da</strong>de pra nós, ela pode ser<br />
coloca<strong>da</strong> de nós pra nós mesmos.<br />
Eu cresci ouvindo dizer que<br />
sapatão dá em cima de to<strong>da</strong><br />
mulher, e por isso não podia nem<br />
chegar perto <strong>da</strong> menina com<br />
medo dela achar que eu estava<br />
<strong>da</strong>ndo em cima dela. Foi muito<br />
bacana o que eu aprendi com a<br />
Educação Social. O sentido <strong>da</strong><br />
Educação Social é a quebra de<br />
preconceitos.<br />
O sentido <strong>da</strong> Educação Social já<br />
está no nome, é educar, é<br />
mostrar <strong>para</strong> as pessoas os seus<br />
direitos, direito à cultura, direito à<br />
participação e de atuar nos<br />
projetos.