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Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece

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<strong>Os</strong> relatos <strong>da</strong>s histórias de vi<strong>da</strong> dos <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong> sociais são dotados<br />

de <strong>sentidos</strong> construídos não só por suas singularizações, mas, sobretudo, por meio dos<br />

valores e representações sociais dominantes em relação à pobreza e a condição de<br />

vulnerabili<strong>da</strong>de <strong>social</strong> em nossa socie<strong>da</strong>de.<br />

Todos, sem exceção, se utilizaram <strong>da</strong> caracterização de seus territórios <strong>para</strong><br />

ilustrar o motivo pelo qual procuraram um projeto <strong>social</strong>, ilustrando contextos de<br />

violência, marginalização, falta de ocupação do tempo livre (denominado de<br />

ociosi<strong>da</strong>de), entre outros aspectos, conforme ilustram os depoimentos:<br />

minha rotina era ficar no meio <strong>da</strong> rua, ocioso. Eu tinha tudo pra ser mais uma<br />

estatística em todo o País: mais um negro morre vítima de bala perdi<strong>da</strong> ou<br />

<strong>da</strong>s drogas. Poderia ter seguido esse caminho, mas busquei um projeto <strong>social</strong><br />

<strong>para</strong> mu<strong>da</strong>r a minha reali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> (Educador G);<br />

era um menino de comuni<strong>da</strong>de, sem ter na<strong>da</strong> <strong>para</strong> fazer, ficava ocioso e<br />

gostava de esporte, por isso procurei um projeto <strong>social</strong> (Educador H);<br />

minha comuni<strong>da</strong>de é muito vulnerável, possui diversas problemáticas. Eu via<br />

muitos colegas de infância que estavam se perdendo no caminho <strong>da</strong>s drogas e<br />

eu decidi que eu não queria aquele mesmo caminho. Procurei um caminho<br />

oposto, <strong>para</strong> que eu me tornasse um ci<strong>da</strong>dão. Por isso resolvi me dedicar ao<br />

surfe e procurei um projeto <strong>social</strong> que existia na minha comuni<strong>da</strong>de<br />

(Educador I).<br />

<strong>Os</strong> relatos acima ilustram a afirmação de Forrester (1997, p. 57-58), é como<br />

se “destinados de antemão a esses problemas, fundidos com eles, o desastre é sem saí<strong>da</strong><br />

e sem limites”. Para eles, assim como <strong>para</strong> o pensamento dominante, “marginais por sua<br />

condição, geograficamente definidos antes mesmo de nascer, reprovados de imediato,<br />

eles são os excluídos por excelência” (FORRESTER, 1997, p. 57-58).<br />

O universo <strong>da</strong> pobreza encontra-se marcado por diversas determinações<br />

estigmatizantes e discriminatórias. Setores privilegiados <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de atribuem<br />

comportamentos e valores aos pobres que, na ver<strong>da</strong>de, não são seus, mas fazem parte de<br />

um conjunto de representações <strong>da</strong>s classes dominantes sobre eles (os pobres).<br />

Segundo Yazbek (1993, p. 75),<br />

designações tais como ina<strong>da</strong>ptados, marginais, incapazes, problematizados,<br />

dependentes, alvo de ações promocionais e outras tantas constituem<br />

expressão de relações <strong>social</strong>mente codifica<strong>da</strong>s e marca<strong>da</strong>s por estereótipos<br />

que configuram o “olhar” sobre as classes subalternas do ponto de vista de<br />

outras classes e, ao mesmo tempo, definem as posições que os subalternos<br />

podem ter na socie<strong>da</strong>de.

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