Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
111<br />
Por outro lado, a experiência de ações volta<strong>da</strong>s à arte-educação e às<br />
ativi<strong>da</strong>des esportivas, assumindo o caráter de profissionalização ou, no mínimo, de<br />
aprendizagem real <strong>para</strong> as crianças e adolescentes atendidos constitui-se em<br />
potenciali<strong>da</strong>de e é de grande valia <strong>para</strong> o trabalho <strong>social</strong>, caso seja fortaleci<strong>da</strong>. Afinal, a<br />
maioria dos <strong>jovens</strong> que conseguiu certo destaque e que <strong>social</strong>izou as suas histórias de<br />
vi<strong>da</strong> nesse trabalho, demonstrou a importância <strong>da</strong> arte e <strong>da</strong>s habili<strong>da</strong>des esportivas em<br />
suas vi<strong>da</strong>s.<br />
Tal fortalecimento, porém, não é possível se concretizar somente por meio<br />
<strong>da</strong> utilização <strong>da</strong> força de trabalho comprometi<strong>da</strong>, criativa e explora<strong>da</strong> dos <strong>educadores</strong><br />
sociais ou arte-<strong>educadores</strong>, mas com recursos financeiros necessários à aquisição de<br />
materiais <strong>para</strong> to<strong>da</strong>s as linguagens artísticas e ativi<strong>da</strong>des esportivas. Afinal, apenas “a<br />
força <strong>da</strong> palavra” e “o fechar os olhos e se imaginar tocando um instrumento”, não<br />
possibilitará o domínio de tocar um violão, uma guitarra ou qualquer outro instrumento<br />
musical. Assim como desenhar sem lápis, grafitar sem spray, surfar sem prancha, jogar<br />
sem bola acabam com to<strong>da</strong>s as possibili<strong>da</strong>des de criativi<strong>da</strong>de do profissional e, o que é<br />
pior, com a possibili<strong>da</strong>de de proporcionar aprendizado às crianças e adolescentes.<br />
Quanto à arte, ela não pode estar dissocia<strong>da</strong> <strong>da</strong> singularização e liber<strong>da</strong>de<br />
real dos sujeitos, já que o “desenvolvimento do indivíduo é, antes de mais na<strong>da</strong>, função<br />
de sua liber<strong>da</strong>de fática ou de suas possibili<strong>da</strong>des de liber<strong>da</strong>de” (HELLER, 1985, p. 22).<br />
No caso dos <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong> sociais, que já foram educandos em projetos<br />
sociais, sujeitos desse estudo, essa liber<strong>da</strong>de fática ain<strong>da</strong> é limita<strong>da</strong>, visto que, apesar de<br />
terem conquistado certa autonomia em suas vi<strong>da</strong>s, como eles mesmos relataram, no<br />
ambiente institucional, essa autonomia é cercea<strong>da</strong>, seja pela não possibili<strong>da</strong>de concreta<br />
de intervenção, seja pela interiorização de que hoje ocupam outro espaço e devem<br />
mu<strong>da</strong>r suas posturas críticas, ou seja, pela necessi<strong>da</strong>de concreta de permanecerem em<br />
seus postos de trabalho, mantendo uma posição meramente defensiva.<br />
O último aspecto apareceu com maior evidência nas entrelinhas dos relatos<br />
dos <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong> sociais e é bem ilustrado pelo pensamento de Rolnik (2011, p.<br />
16) ao afirmar que<br />
muitas vezes não há outra saí<strong>da</strong>. É que quando na desmontagem, perplexos e<br />
des<strong>para</strong>metrados, nos fragilizamos, a tendência é adotarmos posições<br />
meramente defensivas – por medo <strong>da</strong> marginalização na qual corremos o<br />
risco de ser confinados quando ousamos criar territórios singulares,<br />
independentes de serializações subjetivas; por medo de essa marginalização