Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
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gestores. Eu, particularmente, recebi a bronca, mas considerava legítima a reivindicação<br />
mediante manifestação pacífica. O fato é que, após o episódio, a Kombi foi troca<strong>da</strong> no<br />
dia seguinte, o que solicitávamos há mais de quatro meses.<br />
Voltando à questão <strong>da</strong> limitação, os <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong> sociais relataram<br />
sentir insegurança na condução dos grupos, principalmente no início de suas<br />
contratações, por estar ocupando uma posição nova e por, há pouco tempo, ter estado do<br />
outro lado, conforme se apresenta nos depoimentos: “no começo foi um pouco<br />
complicado, porque eu não me a<strong>da</strong>ptava, mas o tempo foi passando e eu fui me<br />
aprofun<strong>da</strong>ndo mais nas ativi<strong>da</strong>des, nas temáticas” (Educador B); “tive um pouco de<br />
insegurança, porque tudo que é novo, querendo ou não, vai te causar uma insegurança,<br />
surgem pensamentos que não somos capazes de fazer aquilo” (Educador F); “no início<br />
eu tive muita dificul<strong>da</strong>de de me ver na condição de educador, pois eu chamava a minha<br />
parceira de trabalho outro dia de “tia”, ela me atendia. Demorou <strong>para</strong> cair a ficha e eu<br />
me acostumar com a ideia de companheira de trabalho” (Educador H); “agora eu estou<br />
mais madura e compreendendo o meu espaço e o meu papel, mas demorei muito <strong>para</strong><br />
compreender que eu não era mais uma educan<strong>da</strong>” (Educadora J).<br />
Levando em consideração os dois últimos depoimentos, os gestores não<br />
percebem um tratamento diferenciado por parte dos demais <strong>educadores</strong> sociais <strong>para</strong> com<br />
os <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong>, conforme relatado: “eu não percebo qualquer rejeição. Inclusive<br />
eles são muito respeitados dentro <strong>da</strong> equipe, pela experiência de vi<strong>da</strong> deles, mesmo<br />
sendo <strong>jovens</strong>” (Coordenador do Programa Ponte de Encontro).<br />
Para a educadora J essa rejeição ocorreu apenas no início, pelo fato de ser<br />
jovem e tal característica não ser dota<strong>da</strong> de credibili<strong>da</strong>de, conforme ressaltou:<br />
quando eu cheguei <strong>para</strong> facilitar a minha primeira oficina, os <strong>educadores</strong> do<br />
projeto olhavam pra mim com cara de quem pensava assim: olha essa<br />
doidinha, bem novinha, crente que sabe facilitar alguma coisa (Educadora J).<br />
In<strong>da</strong>guei dos gestores acerca <strong>da</strong> existência de algum tipo de processo de<br />
transição dos <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong> que já foram atendidos no próprio projeto e/ou algum<br />
acompanhamento diferenciado <strong>para</strong> os que são oriundos de outras instituições, com o<br />
objetivo de superar as limitações relata<strong>da</strong>s e fortalecer as suas atuações. <strong>Os</strong> dois<br />
coordenadores afirmaram não existir, mas, que <strong>para</strong> os <strong>jovens</strong> que são contratados sem<br />
o ensino médio completo, a sua permanência na Instituição é condiciona<strong>da</strong> à conclusão.