Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
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devemos interpelar todos aqueles que ocupam uma posição no campo do<br />
trabalho <strong>social</strong>, todos aqueles cuja profissão consiste em se interessar pelo<br />
discurso do outro. Eles se encontram numa encruzilha<strong>da</strong> política e<br />
micropolítica fun<strong>da</strong>mental. Ou vão fazer o jogo dessa reprodução de modelos<br />
que não só permitem criar saí<strong>da</strong>s <strong>para</strong> os processos de singularização ou, ao<br />
contrário, vão estar trabalhando <strong>para</strong> o funcionamento desses processos na<br />
medi<strong>da</strong> de suas possibili<strong>da</strong>des e dos agenciamentos que consigam pôr <strong>para</strong><br />
funcionar. Isso quer dizer que não há objetivi<strong>da</strong>de científica alguma nesse<br />
campo, nem uma suposta neutrali<strong>da</strong>de na relação, como a suposta<br />
neutrali<strong>da</strong>de analítica.<br />
As possibili<strong>da</strong>des de intervenção e os agenciamentos utilizados pelos <strong>jovens</strong><br />
<strong>educadores</strong> sociais, em busca de criar saí<strong>da</strong>s <strong>para</strong> os processos de singularização, junto<br />
aos adolescentes atendidos, na maioria <strong>da</strong>s vezes, resumem-se a discursos que sinalizam<br />
“o acreditar na transformação”, sem identificar objetivamente como alcançá-la,<br />
conforme identifiquei nos depoimentos:<br />
o diferencial é a minha busca, o meu acreditar <strong>para</strong> tentar transformar o<br />
máximo, não deixar que isso seja apenas uma utopia, ou seja, transformar em<br />
reali<strong>da</strong>de (Educador C);<br />
faço a diferença por que acredito nos meninos. Sei que eles não são como<br />
prega o senso comum: é pobre, é vagabundo, trilhará pelo caminho <strong>da</strong><br />
violência, <strong>da</strong>s drogas. Acredito que são capazes de se transformar. Quero que<br />
eles tenham consciência disso, quero que percebam que a reali<strong>da</strong>de talvez<br />
não seja boa, mas que são capazes de conquistar o próprio espaço e modificar<br />
tudo que está ali (Educador E).<br />
Guattari e Rolnik (2011) chamam atenção <strong>para</strong> o fato dos <strong>educadores</strong><br />
sociais, assim como os demais profissionais denominados de trabalhadores sociais,<br />
atuarem de alguma maneira na produção de subjetivi<strong>da</strong>de. Consideram, ain<strong>da</strong>, que <strong>para</strong><br />
esses profissionais (do <strong>social</strong>), “tudo dependerá de sua capaci<strong>da</strong>de de se articular com os<br />
agenciamentos de enunciação que assumam sua responsabili<strong>da</strong>de no plano<br />
micropolítico” (GUATTARI; ROLNIK, 2011, p. 38). No entanto, salientam que “a<br />
garantia de uma micropolítica processual só pode – e deve – ser encontra<strong>da</strong> a ca<strong>da</strong><br />
passo, a partir dos agenciamentos que a constituem, na invenção de modos de<br />
referência, de modos de práxis” (GUATTARI; ROLNIK, 2011, p. 38).<br />
Na minha concepção, construí<strong>da</strong> e desconstruí<strong>da</strong> no desenrolar dessa<br />
pesquisa, os modos de referência e de práxis desenvolvidos pelos <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong><br />
sociais ain<strong>da</strong> não são auto-modeladores, característica defini<strong>da</strong> por Guattari e Rolnik<br />
(2011) como a capaci<strong>da</strong>de de construir seus próprios tipos de referências práticas e