Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
88<br />
na Educação Social a gente aprende a conviver com tudo, aprende a respeitar<br />
e o que a gente vivencia em oficina, em dinâmica é muito bom, é muito<br />
construtivo, ao contrário <strong>da</strong> escola e ao contrário do ensino formal. Na escola<br />
a gente vê muito que o professor chega na sala, passa a matéria, não olha pra<br />
você, não olha nos seus olhos, depois você tem que responder tudo o que ele<br />
escreveu e ele vai embora, e aí chega outro e assim quatro, cinco professores<br />
em uma tarde ou em uma manhã e acontece dessa forma (Educador C);<br />
a Educação Social é aquela coisa mais informal, mais distraí<strong>da</strong>, mais<br />
espontânea. Quando se fala em professor parece que os meninos já ficam<br />
meio assim [...] E a gente (educador) não; é aquela coisa mais solta, deixa<br />
mais à vontade, não é aquela coisa tão rígi<strong>da</strong> (Educadora D);<br />
a Educação Social e o educador trabalham a questão <strong>da</strong> formação, <strong>da</strong><br />
construção do ser humano. Trabalha em cima de valores. Para o professor, na<br />
prática, é muito mais complicado trabalhar esses valores, porque é<br />
pressionado a apresentar um resultado, precisa ensinar a matemática, o<br />
português e isso é muito cansativo <strong>para</strong> o professor, ele se preocupa em<br />
passar o conteúdo (Educador E).<br />
Aqui utilizei as falas que melhor expressaram a minha afirmação, mas<br />
acrescento que foi unânime, entre os entrevistados, a percepção de que o professor<br />
limita-se à transmissão do conteúdo de forma robotiza<strong>da</strong>, e o educador <strong>social</strong> possui um<br />
olhar diferenciado, preocupado com a formação ci<strong>da</strong>dã em sua integrali<strong>da</strong>de.<br />
Na percepção dos <strong>educadores</strong>, observa<strong>da</strong> nos trechos <strong>da</strong>s falas, há rigidez<br />
nas práticas pe<strong>da</strong>gógicas desenvolvi<strong>da</strong>s na educação escolar contrapondo-se às práticas<br />
pe<strong>da</strong>gógicas <strong>da</strong> Educação Social. Para eles, a Educação Social prima pela utilização de<br />
técnicas e métodos que envolvam a ludicici<strong>da</strong>de, a arte, o espontaneísmo, sem distanciar<br />
o processo educativo do <strong>social</strong>, ou seja, sem apartá-lo <strong>da</strong> dinâmica de vi<strong>da</strong> de ca<strong>da</strong><br />
educando.<br />
É possível perceber apenas na fala do educador E menção a uma relação<br />
professor/educador como algo estrutural, ou seja, não simplesmente como um perfil de<br />
atuação, mas uma exigência do contexto que envolve o professor: “<strong>para</strong> o professor, na<br />
prática, é muito mais complicado trabalhar esses valores, porque é pressionado a<br />
apresentar um resultado”.<br />
Quanto à questão, não podemos esquecer as estruturais sociais que<br />
envolvem a relação conflituosa entre as formas de educação. No caso <strong>da</strong> Educação<br />
Social, há uma atenção especial <strong>para</strong> que ela não se transforme em “uma espécie de<br />
colchão, de suavizador <strong>da</strong>s contradições existentes no seio <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, camuflando e<br />
ocultando as desigual<strong>da</strong>des e as injustiças sociais, tentando simplesmente a<strong>da</strong>ptar o<br />
indivíduo às coordena<strong>da</strong>s sociais existentes” (ROMANS; PETRUS; TRILLA, 2003, p.