Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
93<br />
consequência. Ao mesmo tempo, busca desmistificar a concepção histórica que envolve<br />
o trabalho <strong>social</strong> e a assistência <strong>social</strong>, como salientou a educadora J:<br />
eu, particularmente, tinha preconceito com o termo trabalho <strong>social</strong>; tinha<br />
ranço em relação à assistência <strong>social</strong>, sobretudo por não admitir a ideia de<br />
que um profissional pode salvar a periferia. Ain<strong>da</strong> mais <strong>da</strong> forma como tudo<br />
começou: mulheres burguesas que saiam de suas casas <strong>para</strong> trabalhar e<br />
garantir sua vaga no céu. Infelizmente começou assim, o que gera muito<br />
preconceito. Assim como a mídia fala mal <strong>da</strong> periferia, ela propaga essa<br />
imagem tosca <strong>da</strong> assistência <strong>social</strong>, como uma forma de desqualificar a área.<br />
Hoje eu sei que o trabalho <strong>social</strong> e assistência <strong>social</strong> garantem direitos e não<br />
tenho problema de assumir que realizo trabalho <strong>social</strong> e acho essa área<br />
massa. Por isso adoto o termo arte-educadora <strong>social</strong>.<br />
O trabalho <strong>social</strong> apesar <strong>da</strong>s desconstruções históricas, ain<strong>da</strong> carrega a<br />
imagem <strong>da</strong> cari<strong>da</strong>de, do assistencialismo, praticado por mulheres, com a missão<br />
vocacional de aju<strong>da</strong>r. Quanto ao trabalho do educador <strong>social</strong>, na percepção dos<br />
<strong>educadores</strong> sociais entrevistados, ain<strong>da</strong> há desconhecimento, por parte <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, em<br />
relação a sua atuação. Na maioria <strong>da</strong>s vezes, é confundi<strong>da</strong> com a atuação do assistente<br />
<strong>social</strong>, do professor ou qualquer outro profissional inserido no ambiente institucional,<br />
como salientou a educadora K: “as pessoas me perguntam o que é educador <strong>social</strong>, o<br />
que eu faço, se dou aula, se sou assistente <strong>social</strong>, pe<strong>da</strong>goga ou professora”.<br />
É importante registrar que o trabalho do educador <strong>social</strong>, no âmbito <strong>da</strong>s<br />
políticas públicas e em qualquer outro meio institucional, requer a definição de certas<br />
funções que nem sempre são vistas com clareza. Salientaram Romans, Petrus e Trilla<br />
(2003, p. 119) que a imprecisão <strong>da</strong>s funções “deriva <strong>da</strong>s multiformes tarefas que o<br />
educador <strong>social</strong> desenvolve e que costumam repercutir em seu nível de satisfação e<br />
possivelmente no serviço que se presta no próprio estabelecimento”. Complementam os<br />
autores que no nível de satisfação, porque os <strong>educadores</strong> “se dão conta de que não<br />
realizam o trabalho <strong>para</strong> o qual foram pre<strong>para</strong>dos ou contratados, e a instituição, porque<br />
acredita que <strong>para</strong> tarefas “varia<strong>da</strong>s”, não precisa de profissionais tão qualificados”<br />
(ROMANS; PETRUS; TRILLA, 2003, p. 119).<br />
A educadora J ilustra o pensamento acima, embora ela perceba como algo<br />
positivo e que deve fazer parte do perfil profissional. Seu relato revela claramente a<br />
imprecisão <strong>da</strong>s funções, ou seja, as multiformes tarefas que o educador <strong>social</strong> deve<br />
assumir no âmbito institucional, como salientou: