Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
71<br />
Esse relato reflete à missão técnico-profissional do trabalho <strong>social</strong><br />
desenvolvido na Coordenadoria-Funci, caracterizado pela intenção de promover os<br />
direitos <strong>da</strong>s crianças e dos adolescentes em busca <strong>da</strong> justiça <strong>social</strong>. Ele se difere,<br />
sobremaneira, do aspecto anterior (vocacional-religioso) porque as pessoas consideram<br />
a importância do trabalho técnico-profissional, remunerado, <strong>para</strong> além de missão e<br />
vocação, mas como compromisso político <strong>para</strong> a transformação societária.<br />
Outra missão que identifiquei no relato dos <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong> foi a<br />
militância-política, que não exclui a técnico-profissional. Embora eles não utilizem esse<br />
termo “militância”, acabou ficando subtendido em algumas falas, como a que expressa:<br />
“agora eu sou remunerado, pelo que antes eu fazia de graça, por ideologia” (Educador<br />
E). Nesse depoimento, o educador estava ratificando a fala <strong>da</strong> presidenta <strong>da</strong> Funci em<br />
um evento <strong>da</strong> instituição que, segundo o profissional, ela afirmara: “gente, vocês são<br />
felizardos em trabalharem na Funci, porque estão recebendo dinheiro, pelo que antes<br />
vocês faziam de graça, militando nos partidos de esquer<strong>da</strong>”.<br />
É importante salientar que essa missão de militância-política aparece,<br />
sobretudo, nos depoimentos dos <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong> sociais oriundos de projetos <strong>da</strong><br />
socie<strong>da</strong>de civil organiza<strong>da</strong>. Embora, depois, estando representando o poder público,<br />
ain<strong>da</strong> se identificam como representantes dos movimentos sociais, como salientado no<br />
depoimento: “antes de estar na Funci eu represento a periferia, a minha comuni<strong>da</strong>de, a<br />
socie<strong>da</strong>de civil” (Educadora J).<br />
Nenhum jovem atendido pela própria Coordenadoria-Funci expressou essa<br />
questão em suas falas. Considero que o fato está relacionado às estruturas institucionais<br />
do poder público e os espaços reais de participação oferecidos aos <strong>jovens</strong> e ao próprio<br />
lugar de reivindicação que os <strong>jovens</strong> oriundos <strong>da</strong>s Organizações não-governamentais<br />
ocupavam anteriormente.<br />
Essa reali<strong>da</strong>de é permea<strong>da</strong> de contradições, pois antes assumiam uma<br />
posição de apenas reivindicar, segundo eles, sem conhecerem os trâmites burocráticos<br />
<strong>para</strong> a efetivação de uma ação, conforme o depoimento: “quando eu estava no projeto<br />
eu só reivindicava, só queria a solução, hoje eu tenho que responder às reivindicações e<br />
vejo que as coisas não são fáceis” (Educadora L). Como expressa a educadora, hoje tem<br />
que <strong>da</strong>r respostas às mesmas reivindicações de outrora. Talvez por isso seja mais<br />
cômodo se considerar representante do movimento <strong>social</strong> do que do poder público, já<br />
que não possui as respostas concretas.