Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
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chegar a comprometer a própria possibili<strong>da</strong>de de sobrevivência (um risco<br />
real). Acabamos muitas vezes reivindicando um território no edifício <strong>da</strong>s<br />
identi<strong>da</strong>des reconheci<strong>da</strong>s: em dissonância com nossa consciência e seus<br />
ideais, tornamo-nos então os próprios produtores de algumas sequências <strong>da</strong><br />
linhagem de montagem do desejo.<br />
Pensando, portanto, em suas sobrevivências e, ao mesmo tempo, por<br />
vivenciarem ou terem vivenciado alguma situação de vulnerabili<strong>da</strong>de <strong>social</strong> e que agora<br />
são os responsáveis ou agentes <strong>da</strong> transformação <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, os <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong><br />
sociais não se percebem como trabalhadores explorados, que vivenciam a precarização<br />
do trabalho, ao contrário, consideram apenas que a Instituição está valorizando o<br />
potencial <strong>da</strong> juventude e que devem ser criativos <strong>para</strong> que as ativi<strong>da</strong>des não parem,<br />
mesmo sem recursos.<br />
O discurso institucional assume os fracassos <strong>da</strong>s intervenções propostas,<br />
pois acabou por mostrar uma instituição acostuma<strong>da</strong> com a reincidência <strong>da</strong> situação de<br />
vulnerabili<strong>da</strong>de que ocasionou o encaminhamento <strong>da</strong>s crianças e adolescentes<br />
atendidos, bem como silente diante do descumprimento do ECA e descrente em relação<br />
a uma transformação real na vi<strong>da</strong> desses meninos e meninas. Por isso, engrossa as<br />
fileiras dos que apregoam: “eles não têm mais jeito”, “os <strong>jovens</strong> não querem participar<br />
de na<strong>da</strong>”, “não podemos atender a todos”, “fazemos a nossa parte”...<br />
A Coordenadoria-Funci transfere a responsabili<strong>da</strong>de do sucesso <strong>da</strong>s ações<br />
<strong>para</strong> os <strong>educadores</strong> sociais, que devem ser comprometidos, envolvidos, polivalentes,<br />
criativos, articulados e militantes. E pouca importância dá às péssimas condições<br />
estruturais de trabalho e aos baixos salários, uma vez que os profissionais militantes e<br />
vocacionados não devem ter a preocupação maior em torno <strong>da</strong> sua remuneração, mas na<br />
justiça <strong>social</strong> que estão promovendo e em suas realizações pessoais. Afinal, antes de se<br />
inserirem na Instituição, já faziam isso de graça.<br />
Apesar dos avanços alcançados pelos <strong>educadores</strong> sociais, como a ampliação<br />
dos espaços de atuação e <strong>da</strong> discussão sobre a regulamentação <strong>da</strong> profissão no Brasil e<br />
no Estado do Ceará, pode-se dizer que existe um descompasso entre a utilização de sua<br />
força de trabalho e o seu reconhecimento profissional. Tal reali<strong>da</strong>de pode ser<br />
identifica<strong>da</strong> pelos baixos salários e a indefinição de seu papel no ambiente institucional,<br />
muitas vezes desconhecido pelo próprio profissional, que me remete à ideia de<br />
exploração do trabalho por um menor custo. Assim como pode colocar à prova a<br />
imprescindibili<strong>da</strong>de de sua atuação no âmbito <strong>da</strong>s políticas públicas, configurando-se