Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
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teóricas. Ou seja, as práticas dos <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong> sociais ain<strong>da</strong> permanecem “nessa<br />
posição constante de dependência em relação ao poder global” (GUATTARI; ROLNIK,<br />
2011, p. 55). Para os autores,<br />
a partir do momento em que os grupos adquirem essa liber<strong>da</strong>de de viver seus<br />
processos, eles passam a ter uma capaci<strong>da</strong>de de ler sua própria situação e<br />
aquilo que se passa em torno deles. Essa capaci<strong>da</strong>de é que vai lhes <strong>da</strong>r um<br />
mínimo de possibili<strong>da</strong>de de criação e permitir preservar exatamente esse<br />
caráter de autonomia tão importante (GUATTARI; ROLNIK, 2011, p. 55).<br />
Voltando aos <strong>sentidos</strong> construídos pelos <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong> sociais em torno<br />
<strong>da</strong> Educação Social em suas trajetórias de vi<strong>da</strong>, quando eles afirmaram: “venci a<br />
timidez”, “construí amigos no bairro”, “saí do mundo <strong>da</strong> exploração <strong>para</strong> entrar no<br />
mundo <strong>da</strong> criação”, “vi ali uma possibili<strong>da</strong>de deu ser alguém na vi<strong>da</strong>”, “hoje sou um<br />
ci<strong>da</strong>dão, referência na minha comuni<strong>da</strong>de”, estão atribuindo à Educação Social <strong>sentidos</strong><br />
de <strong>social</strong>ização, de superação <strong>da</strong> condição de vulnerabili<strong>da</strong>de e ressignificação de suas<br />
vi<strong>da</strong>s, ain<strong>da</strong> que sejam construções advin<strong>da</strong>s de uma subjetivi<strong>da</strong>de serializa<strong>da</strong>, mas que<br />
foram verbaliza<strong>da</strong>s e por isso mesmo não poderiam ser ignora<strong>da</strong>s.<br />
Nos relatos dos <strong>jovens</strong> <strong>educadores</strong> sociais, que denotam <strong>sentidos</strong> de<br />
ressignificação de vi<strong>da</strong>, está presente, com muita intensi<strong>da</strong>de, a gratidão <strong>para</strong> com o<br />
projeto <strong>social</strong> e seus <strong>educadores</strong>, conforme expresso nos depoimentos:<br />
o educador <strong>social</strong> pode facilitar na identificação de uma habili<strong>da</strong>de do<br />
adolescente. No meu caso, quem me indicou <strong>para</strong> fazer um teste em uma<br />
companhia de teatro e, a partir disso, eu fui tendo outras oportuni<strong>da</strong>des,<br />
conseguindo caminhar com os meus próprios pés, foi um educador. Ele me<br />
deu uma força, agradeço muito (Educador C);<br />
carinhosamente eu chamo a pessoa que me apresentou a arte de meu<br />
padrinho. Era o educador musical que trouxe essa veia <strong>da</strong> música <strong>para</strong> o<br />
projeto, a percussão, que eu me identifiquei muito. Depois veio outro<br />
educador que me apresentou o Rap, um estilo mais agressivo. E graças a<br />
esses <strong>educadores</strong> eu comecei a me familiarizar com a música e os ritmos e<br />
com isso descobrir o dom que eu não sabia que tinha, de cantar Rap<br />
(Educador G).<br />
<strong>Os</strong> relatos acima coadunam com a concepção de que é “possível conferir<br />
talento a alguém” (ADORNO, 1995, p. 170 apud BECKER, 1995), ou seja, o talento<br />
não se encontra previamente configurado nos homens, mas que, em seu