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Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece

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segundo suas necessi<strong>da</strong>des e intencionali<strong>da</strong>des, tendo como decorrência, ao<br />

transformar a natureza, a sua própria transformação (MARTINS, 2010, p. 41<br />

apud MARX; ENGELS, 1984).<br />

Ao refletir acerca <strong>da</strong> categoria trabalho, não poderia deixar de mencionar as<br />

contradições existentes nas construções sócio-históricas que a permeiam (ARAÚJO,<br />

1997). Na formação do Brasil, por exemplo, as contradições podem ser vistas sem<br />

rodeios ou eufemismos, afinal, quem desfrutava do berço <strong>da</strong> preguiça, gozando de um<br />

ócio, graças à exploração, era exatamente o mais rude nas penalizações dos chamados<br />

“vadios” ou “vagabundos”.<br />

Segundo Araújo (1997, p. 150), “a maioria <strong>da</strong> população brasileira vivia à<br />

margem <strong>da</strong> grande produção (monocultura ou mineradora), a única que, no fundo,<br />

interessava à Coroa”. Acrescenta o autor, “era to<strong>da</strong> uma população desajusta<strong>da</strong> e sem<br />

inserção produtiva – negros forros e brancos pobres – que assombrava a vi<strong>da</strong> dos que<br />

pagavam impostos e frequentavam a igreja” (ARAÚJO, 1997, p. 160).<br />

A reali<strong>da</strong>de apresenta<strong>da</strong> me remete ao pensamento de Marx (1984), quando<br />

abor<strong>da</strong> a questão <strong>da</strong> expropriação dos camponeses – no texto „A chama<strong>da</strong> acumulação<br />

primitiva‟ –, um processo que se utilizou <strong>da</strong> violência e gerou muita oferta de terra e<br />

força de trabalho. Desse modo, acabou gerando uma massa de pessoas sem meios de<br />

produção e sem espaço de inserção, ocasionando a “vadiagem”, que era puni<strong>da</strong> através<br />

de leis arbitrárias e sem qualquer observância aos direitos humanos.<br />

No Brasil, havia um <strong>para</strong>sitismo regulamentado, bastava a pessoa pagar os<br />

seus impostos e esta seria considera<strong>da</strong> honesta, distinta e até nobre (ARAÚJO, 1997).<br />

Quanto ao “desclassificado”, que pesava à coletivi<strong>da</strong>de, este deveria ser reprimido e<br />

controlado, pois escapava “às normas de convivência, de sobrevivência e de<br />

conveniência minimamente aceitáveis por uma socie<strong>da</strong>de que só admitia o <strong>para</strong>sitismo<br />

que fosse considerado honesto” (ARAÚJO, 1997, p. 174).<br />

Frente à repressão e ao controle <strong>da</strong> população que estava à margem <strong>da</strong><br />

produção – “os desclassificados” –, o Estado e a Igreja, juntos, passaram a disseminar o<br />

espírito <strong>da</strong> cari<strong>da</strong>de, capaz de assegurar a proprie<strong>da</strong>de priva<strong>da</strong> <strong>da</strong>s pessoas de posse e,<br />

ain<strong>da</strong>, a salvação de suas almas. Nessa lógica, nascem as primeiras experiências de<br />

trabalho <strong>social</strong>, atrela<strong>da</strong>s à Igreja católica, com o objetivo de se aju<strong>da</strong>r na construção de<br />

uma socie<strong>da</strong>de mais justa.

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