Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
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Em consonância com a perspectiva de juventude como construto histórico<strong>social</strong>,<br />
trago a eluci<strong>da</strong>tiva fala de Groppo (2000, p. 13):<br />
as faixas etárias reconheci<strong>da</strong>s pela socie<strong>da</strong>de moderna sofreram várias<br />
alterações, abandonos, retornos, supressões e acréscimos ao longo dos dois<br />
últimos séculos. Do mesmo modo, as categorias sociais que delas se<br />
originaram também tiveram mu<strong>da</strong>nças e até supressões. Giraram em torno de<br />
termos como infância, adolescência, juventude, jovem-adulto, adulto,<br />
maturi<strong>da</strong>de, idoso, velho, terceira i<strong>da</strong>de e outros. No tocante aos três<br />
momentos básicos do curso <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> <strong>social</strong> – nascimento-ingresso na<br />
socie<strong>da</strong>de, fase de transição e maturi<strong>da</strong>de –, muitas divisões e subdivisões<br />
foram cria<strong>da</strong>s, recria<strong>da</strong>s e suprimi<strong>da</strong>s ao sabor <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças sociais,<br />
culturais, e de mentali<strong>da</strong>de, pelo reconhecimento legal e na prática cotidiana.<br />
E, acrescenta o autor, “encontramos, do século XIX até o início do século<br />
XX, uma noção de juventude engendra<strong>da</strong> pelas práticas e discursos <strong>da</strong>s instituições<br />
sociais oficiais, estatais, liberais, burguesas, capitalistas etc., noção legitima<strong>da</strong> pelas<br />
ciências modernas” (GROPPO, 2000, p. 18).<br />
De acordo com Ribeiro e Lourenço (2003, p. 48), a juventude tem sido<br />
objeto de sucessivas mitificações, conforme assinalam, “a própria abstração <strong>da</strong> categoria<br />
juventude, hoje ca<strong>da</strong> vez mais manipula<strong>da</strong>, impede o mapeamento cognitivo<br />
indispensável a sua transformação em sujeito”.<br />
Levi e Schmitt (1996, p. 08), conceituando a juventude, afirmam que:<br />
a juventude é uma construção <strong>social</strong> e cultural [...]. Se situa no interior <strong>da</strong>s<br />
margens móveis entre a dependência infantil e a autonomia <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> adulta,<br />
naquele período de pura mu<strong>da</strong>nça e de inquietude em que se realizam as<br />
promessas <strong>da</strong> adolescência, entre a formação e o pleno florescimento <strong>da</strong>s<br />
facul<strong>da</strong>des mentais, entre a falta e a aquisição de autori<strong>da</strong>de e de poder.<br />
Nesse sentido, nenhum limite fisiológico basta <strong>para</strong> identificar analiticamente<br />
uma fase <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que se pode explicar melhor pela determinação cultural <strong>da</strong>s<br />
socie<strong>da</strong>des humanas segundo o modo pelo qual tratam de identificar, de<br />
atribuir ordem e sentido a algo que parece tipicamente transitório, vale dizer,<br />
caótico e desordenado.<br />
Pais (2003, p. 31) destaca, no entanto, que a juventude “só começou a ser<br />
vulgarmente encara<strong>da</strong> como fase de vi<strong>da</strong> quando, na segun<strong>da</strong> metade do século XIX, os<br />
problemas e tensões a ela associados a tornaram objeto de consciência <strong>social</strong>”.<br />
É importante mencionar que as políticas volta<strong>da</strong>s à juventude sempre foram<br />
pensa<strong>da</strong>s como possibili<strong>da</strong>des de intervenção junto aos problemas e tensões a ela