Os sentidos da educação social para jovens educadores ... - Uece
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assuntos acadêmicos e pe<strong>da</strong>gógicos, como também no que se refere às vivências, às<br />
emoções, aos conflitos sociais, tramas e temas do cotidiano como: relacionamentos<br />
interpessoais e entre diferentes grupos e tribos juvenis; violências; drogas; sexuali<strong>da</strong>de,<br />
enfim, aquilo que os alunos vivenciam e observam no cotidiano e nas mídias, em<br />
especial a televisão e as redes sociais.<br />
Na percepção dos <strong>educadores</strong> entrevistados, é exatamente nesta forma de<br />
intervenção que, geralmente, o professor <strong>da</strong> escola se diferencia do educador <strong>social</strong>. No<br />
entanto, considero que a questão é bem mais complexa, extrapolando a duali<strong>da</strong>de<br />
percebi<strong>da</strong> pelos <strong>educadores</strong>, uma vez que existem diferentes conflitos e jogo de<br />
interesses em ambas as formas de educação.<br />
Trata-se de uma construção sócio-histórica, que tem situado a educação<br />
escolar como aquela que cui<strong>da</strong> dos conteúdos e a Educação Social como a que se<br />
preocupa com os problemas sociais, cabendo ao professor a transmissão do conteúdo e<br />
ao educador a aproximação, os encaminhamentos <strong>para</strong> a transformação dos problemas,<br />
como expresso na fala: “o professor vai <strong>para</strong> a escola só <strong>para</strong> <strong>da</strong>r aula, só faz aquilo e<br />
pronto. O educador <strong>social</strong> se aproxima, conversa, troca ideia e faz os encaminhamentos”<br />
(Educador B).<br />
Considero que a versão dos <strong>educadores</strong> sociais entrevistados perpassa por<br />
essa construção sócio-histórica, sendo, portanto, fun<strong>da</strong>mental ser compreendi<strong>da</strong> e<br />
pensa<strong>da</strong>, porém, também é importante compreender a perspectiva de que a educação<br />
escolar não é antagonismo <strong>da</strong> Educação Social. É tarefa <strong>da</strong> Pe<strong>da</strong>gogia Social, na<br />
concepção de Caliman (2011, p. 242) “fazer com que os processos educativos latentes<br />
na socie<strong>da</strong>de educadora sejam “intencionalmente” orientados, onde quer que<br />
aconteçam: na escola, na família, no abrigo, nos meios de comunicação”.<br />
Romans, Petrus e Trilla alertam que educação formal, não-formal e informal<br />
tem sido uma terminologia que serviu <strong>para</strong> se<strong>para</strong>r, conceitualmente, espaços<br />
educativos, mas resulta de todo incorreto recorrer a essa classificação, principalmente<br />
por ser imprecisa e criar confusão. “Educação Social e educação escolar não são duas<br />
reali<strong>da</strong>des opostas ou se<strong>para</strong><strong>da</strong>s. Pelo contrário, a reali<strong>da</strong>de é uma, embora nós, desde a<br />
academia, preten<strong>da</strong>mos divorciá-la” (ROMANS; PETRUS; TRILLA, 2003, p. 63).<br />
<strong>Os</strong> autores concluem, citando Delors (1996), que os “sistemas educativos<br />
devem formar pessoas capazes de evoluir, de se a<strong>da</strong>ptar a um mundo em rápi<strong>da</strong><br />
transformação e de dominar a mu<strong>da</strong>nça” (ROMANS; PETRUS; TRILLA, 2003, p. 63