Drauzio Antonio Rezende Junior Impactos das ... - Ppga.com.br

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40<br />David Ricardo, porque se em Ricardo a unidade de análise é o número de mercadorias<br />produzidas, o que leva à desconsideração dos outros fatores de produção, em Mill, a<br />unidade de análise é o número de horas de cada mercadoria que pode ser produzida.<br />Para melhor clarificação da proposição, veja-se a tabela 3, elaborada por Maia<br />(2001, p. 347):<br />Tabela 3 – Produção comparativa de dois países<br />Insumo de Trabalho País Produção de Aço Produção de Trigo<br />(Homens/Hora)<br />10 A 20 t 20 t<br />10 B 10 t 15 t<br />Fonte: Maia (2001, p. 347)<br />Ao efetuar-se uma análise baseada na Teoria das Vantagens Absolutas, ver-se-á<br />que o país A tem vantagem na produção dos dois produtos. Analisando-se, por sua vez<br />por meio da Teoria das Vantagens Comparativas, nota-se que o país B tem menor<br />desvantagem comparativa na produção de trigo do que de aço.<br />Pela proposição de Mill, não existindo comércio internacional, as trocas serão<br />efetuadas internamente na proporção verificada na tabela, ou seja, para o país A seriam<br />20 toneladas de aço por 20 toneladas de trigo, e para o país B seriam 10 toneladas de<br />aço por 15 toneladas de trigo.<br />O modelo de Mill propõe que, para o comércio internacional funcionar, basta<br />que sejam propostos pelos países trocas cujas paridades sejam diferentes do que a<br />verificada internamente. Nas palavras de Maia (2001, p.347):<br />Vamos admitir que B ofereça vender 15 toneladas de trigo por 11<br />toneladas de aço. É um bom negócio, porque o custo da produção dele<br />é 15 toneladas de trigo = 10 toneladas de aço. Vamos admitir também<br />que A aceite vender 11 toneladas de aço por 15 toneladas de trigo.<br />Também é um bom negócio, porque o custo da produção em A é 11<br />toneladas de aço = 11 toneladas de trigo.<br />Diante dos números acima, B exportaria trigo para A e compraria aço<br />de A, desde que haja alguma vantagem. Ou seja:<br />- B: consiga, pelo menos, mais de 10 toneladas de aço por 15<br />toneladas de trigo;<br />- A: consiga, pelo menos, 10 toneladas de aço por mais de 10<br />toneladas de trigo.<br />Assim, nota-se que existem condições para que as trocas entre os dois países do<br />exemplo se concretizem. Essas condições são o que Stuart Mill denominou de limites de<br />possibilidade de troca. Assim, o primeiro avanço da teoria de Mill em relação a de
41<br />Ricardo é de que o comércio internacional só existiria se atendesse tais limites. No<br />entanto, não é apenas este fator que induz ao comércio. O fator primordial, e segundo<br />avanço em relação a teoria de Ricardo, é a presença da demanda que induz a troca. De<br />acordo com Mill, é a demanda que definirá o valor monetário da troca. O preço, ditado<br />pela demanda das mercadorias, permitirá a troca quando estes estiverem nivelados entre<br />os dois países. Assim, a demanda passa a ter importância, de modo a ser destacada no<br />nome da teoria que é Teoria da Demanda Recíproca.<br />A proposição de Mill, além disso, permite que a teoria se aproxime da prática ao<br />emprestar à teoria um pouco da dinâmica que ocorre na marcação de preços do mercado<br />e na variação da oferta e da demanda. A teoria de Mill explicita isso, a partir do<br />exemplo da tabela 4, adaptado de Maia (2001, p. 348).<br />Tabela 4 – Condições e interesses de troca<br />Valor de Troca Demanda do país A Demanda do país B<br />10t de aço: 10t de trigo Não há interesse Há grande interesse<br />10t de aço: 12t de trigo Há pequeno interesse Há grande interesse<br />10t de aço: 14t de trigo Há interesse Há interesse<br />10t de aço: 15t de trigo Há interesse Há pequeno interesse<br />10t de aço: 20t de trigo Há grande interesse Não há interesse<br />Fonte: autor<br />Ou seja, a tabela mostra que a variação dos preços entre as mercadorias provoca<br />maior ou menor interesse na troca. Na análise de Maia (2001, p.349):<br />Assim, sucessivamente os preços vão se alterando até chegar ao ponto<br />de equilíbrio, que poderia ser 10 toneladas de aço por 14 toneladas de<br />trigo. Entretanto, essa relação de troca se altera de acordo com a maior<br />ou menor demanda pelos respectivos produtos. Essa demanda sofre os<br />efeitos dos problemas conjunturais, isto é, maior ou menor<br />necessidade momentânea que cada país tem das mercadorias<br />negociadas.<br />Portanto, a teoria de Mill permite inferir que a disponibilidade ou receptividade<br />ao comércio internacional entre os países é dependente da necessidade dos países e de<br />suas indústrias, de componentes importados.
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Capítulo 7 - Siderurgia Mundial -
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