Drauzio Antonio Rezende Junior Impactos das ... - Ppga.com.br

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52<br />No início do século, somente a Grã-Bretanha havia adotado<br />plenamente o padrão-ouro. Os estados alemães, o Império Austro-<br />Húngaro, a Escadinávia, a Rússia e o Extremo Oriente praticavam o<br />padrão prata (EICHENGREEN, 2000, p. 32).<br />Por conta de fatores que serão abordados no próximo tópico, a partir de 1870, o<br />padrão-ouro passou a dominar o cenário internacional. De acordo com Ratti, este<br />padrão compreende as seguintes formas:<br /> Padrão-ouro puro ou full gold standard: em que as moedas em<br />circulação são feitas de ouro, com peso e demais características definidas por Lei;<br /> Padrão-ouro barra ou gold bullion standard: em que circulam notas de<br />moeda-papel garantidas pelas barras de ouro depositadas no Tesouro Nacional ou no<br />Banco Central.;<br /> Padrão de câmbio-ouro ou gold exchange standard: em que a moedapapel<br />em circulação no país é garantida por créditos do país mantidos em Bancos<br />Centrais de outras nações também ligadas ao padrão-ouro. As vantagens dessa forma<br />são o fato de que o mesmo ouro garante o Sistema Monetário dos dois países e o fato de<br />haver recebimento de juros pelos depósitos (RATTI, 2001, p. 28).<br />Os sistemas bimetálicos, por outro lado, trabalharam com uma combinação de<br />ouro e prata, fazendo com que os dois metais circulassem na Economia. Essa<br />combinação ocorria no estabelecimento de uma relação de valor entre o ouro e a prata,<br />inicialmente fixada em 15,5 gramas de prata para cada 1 grama de ouro.<br />Essa relação, porém, notabilizou-se por tornar o sistema instável. Essa<br />instabilidade adveio de dois fatores: variações em sentidos opostos no valor de mercado<br />do ouro e da prata, conforme se descobriam novas jazidas de cada um dos metais, e<br />alterações na relação entre os metais determinadas pelos Bancos Centrais de alguns<br />países ao longo do tempo.<br />Esses fatores terminaram por inviabilizar os sistemas bimetálicos, uma vez que<br />tornava-se mais complexo controlar um sistema intrinsecamente instável, por conta das<br />forças de mercado, conforme se depreende do figura 3:
53<br />Figura 3 – Preço do ouro em relação à prata, 1830-1902.<br />Fonte: Eichengreen, 2001, p. 32<br />Tais variações davam origem a dois fenômenos relacionados que podiam<br />desestabilizar o Sistema. O primeiro era a tentativa de ganhos, com arbitragem, e o<br />segundo era o funcionamento da Lei de Gresham.<br />O primeiro fenômeno, os ganhos de arbitragem, ocorria quando a paridade<br />sinalizada por determinado Banco Central era diferente da paridade determinada pelo<br />mercado. Ratti comenta que:<br />Os possuidores de ouro levariam, digamos, 15,5 quilos de prata do<br />Tesouro e solicitariam sua troca por um quilo de ouro. A seguir,<br />trocariam esse quilo de ouro no mercado por 17 kg de prata.<br />Voltariam ao Tesouro e novamente trocariam 15,5 kg de prata por um<br />quilo de ouro e assim sucessivamente, lucrando 1,5 kg de prata cada<br />vez que a trocassem no tesouro por ouro (RATTI, 2001, p. 30).<br />Assim, havia o risco de a arbitragem reduzir substancialmente as reservas do<br />Tesouro de uma das moedas do sistema, no caso, o ouro. Essa redução era na prática sua<br />expulsão de circulação, manifestando-se assim a Lei de Gresham, pela qual a moeda má<br />expulsa a boa de circulação.<br />Embora o exemplo dado por Ratti contemple o mercado interno, ele poderia se<br />manifestar em nível internacional se as paridades entre ouro e prata entre diferentes<br />países fossem diferentes. No entanto, a arbitragem só ocorreria se a variação entre os<br />valores compensassem os custos de transporte, seguros, taxas do governo e ainda<br />garantissem lucro para o agente da operação<br />Por outro lado, num padrão bimetálico, as pessoas costumavam utilizar-se da<br />moeda de menor valor, como meio de pagamento, e as de maior valor, como reserva.<br />No entanto, para países diferentes, o nível de pureza da moeda de menor valor era<br />diferente. Assim, conforme conta Eichengreen, quando o comércio internacional se<br />dinamizou na Europa da década de 1860, por conta da queda das barreiras tarifárias e
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