Drauzio Antonio Rezende Junior Impactos das ... - Ppga.com.br

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A questão seguinte, após a constituição da fórmula, é como inserir o processo<br />
inflacionário na comparação. Neste caso, o objetivo explicita o caminho. Considerandose<br />
que se deseja efetuar uma comparação de trajetória no tempo, pode-se escolher um<br />
índice que reflita a inflação, a desvalorização nominal da moeda do país objeto de<br />
comparação, com o índice de preços do outro país.<br />
No entanto, se o objetivo for de efetuar-se uma comparação de um momento<br />
específico, os índices a serem utilizados devem ser diferentes. Neste caso, usualmente<br />
toma-se como comparação um conjunto de produtos, commodities, e compara-se os<br />
preços domésticos com base nas taxas de câmbio nominal. De outro modo, pode se<br />
utilizar a própria paridade do poder de compra, ou PPC, e comparar o poder efetivo de<br />
compra de uma moeda em relação à cesta de consumo de um outro país.<br />
Existem críticas a essa fórmula de comparação. Usualmente citam-se “as<br />
dificuldades na escolha do índice que deveria representar o nível de preços, porquanto<br />
são vários os índices existentes”, e cita-se também que “o cálculo desses índices, por<br />
sua vez, não obstante aos progressos da Estatística Econômica, ainda está sujeito a<br />
falhas e critérios de ponderação diversos” (RATTI, 2001, p. 151). Além disso, existem<br />
críticas à escolha de índices existentes, por se considerar que tais índices, muitas vezes,<br />
incluem em seu cálculo preços que não deveriam ser considerados, quando se trata de<br />
comparar o poder de compra de distintas moedas.<br />
Apesar dessas críticas, a utilização do câmbio real apresenta as suas vantagens.<br />
Com ela, podem-se observar os efeitos deletérios que um alto processo inflacionário<br />
causa sobre as exportações de um país, e pode-se comparar efetivamente o poder de<br />
compra da moeda num período de tempo.<br />
Assim, o câmbio real permite inferir uma comparação objetiva dos<br />
acontecimentos, quando ocorre mudança de padrões cambiais. O cambio real permite<br />
também que se corrijam erros de percepção, que o valor nominal do câmbio pode gerar<br />
nos agentes econômicos. Esta é a situação brasileira após a desvalorização de janeiro de<br />
1999.<br />
Pode-se exemplificar esse contexto a partir da análise efetuada pela ABM<br />
Consulting (2001, p.2-3):<br />
A figura 9 demonstra a evolução do câmbio desde o início do Plano<br />
Real. Podemos notar que somente no mês de maio de 2001 é que a<br />
cotação do dólar chega a seu ponto mais alto de todo o período de<br />
Plano Real, com R$ 2,288. O recorde anterior pertencia a fevereiro de<br />
1999, quando a cotação máxima atingida foi de R$ 2,287. Em março e<br />
abril de 2001, muito se noticiou sobre a explosão do dólar e sobre o<br />
recorde de sua cotação desde a implementação do Plano Real, o que<br />
não procedia, considerando-se esta metodologia adotada. Nesses dois<br />
meses, a cotação média não superou a cotação dos meses de setembro<br />
e outubro de 1999.