Drauzio Antonio Rezende Junior Impactos das ... - Ppga.com.br

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Esses instantes de crise, apesar de não reverterem os fluxos positivos<br />
de recursos, colocaram o investidor estrangeiro em alerta quanto à<br />
capacidade de pagamento dos países endividados e com elevada<br />
necessidade de financiamento do balanço de pagamentos. Esse alerta<br />
foi amplificado pelas dificuldades cambiais enfrentadas pela Rússia,<br />
em 1998 e transformou-se em desconfiança, resultando em forte queda<br />
dos ingressos de capital externo no segundo semestre. O balanço de<br />
pagamentos brasileiro tornou-se deficitário e a perda de reservas<br />
internacionais líquidas no período alcançou US$ 36 bilhões.<br />
E, finalizando o raciocínio, o Banco Central revela que a conseqüência desta<br />
situação foi a necessidade de liberar a cotação da moeda brasileira:<br />
As expectativas quanto à desvalorização do real nos primeiros dias de<br />
1999 mantiveram a demanda por moeda estrangeira aquecida. Diante da<br />
ameaça à integridade das reservas internacionais, o Banco Central<br />
alterou os limites da faixa de flutuação da taxa de câmbio.<br />
........<br />
Entretanto, a taxa de câmbio aproximou-se rapidamente do teto ao<br />
atingir R$ 1,3195 em 14.1.1999, e a perda de reservas alcançou US$ 3,2<br />
bilhões, consideradas as vendas do Banco Central com liquidação<br />
prevista até 15.1.1999. A possibilidade de perdas ainda maiores levou o<br />
Banco Central a abster-se de intervenções, conforme Comunicado n.º<br />
6.563, de 15.1.1999, deixando a definição do novo patamar por conta do<br />
mercado (BANCO CENTRAL DO BRASIL – RELATÓRIO ANUAL,<br />
1999, p.116-117).<br />
Assim, a valores médios, a maxidesvalorização do Real, atingiu 58,76%,<br />
comparando-se à cotação média de fevereiro de 1999, com a cotação média de<br />
dezembro de 1998. Então, após os acontecimentos de janeiro de 1999, tem vigorado a<br />
livre flutuação, com os valores sendo ditados pelo mercado, de acordo com as suas<br />
expectativas em relação aos eventos nacionais e internacionais.<br />
Dessa forma, entre 2000 e 2002, o Real tem apresentado uma tendência<br />
dominante de desvalorização, que pode ser justificada por uma série de fatores, dentre<br />
os quais, cita-se: a recessão da economia norte-americana, após os atentados de<br />
setembro de 2001; a conjuntura desfavorável, no Oriente Médio; as eleições, no Brasil e<br />
a crise venezuelana.<br />
Essa tendência de desvalorização pode ser melhor captada por meio da tabela 8:<br />
Tabela 8 – Cotação do dólar comercial médio de venda (1997 – 2002)<br />
Jan. Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez<br />
1997 1,043 1,049 1,057 1,061 1,068 1,075 1,081 1,088 1,096 1,103 1,110 1,116<br />
1998 1,124 1,130 1,137 1,144 1,151 1,155 1,162 1,172 1,181 1,188 1,194 1,205<br />
1999 1,502 1,914 1,897 1,694 1,684 1,765 1,800 1,881 1,898 1,970 1,930 1,843<br />
2000 1,804 1,775 1,742 1,768 1,828 1,808 1,798 1,809 1,839 1,880 1,948 1,963<br />
2001 1,955 2,002 2,089 2,193 2,297 2,376 2,466 2,511 2,672 2,740 2,543 2,363<br />
2002 2,378 2,420 2,347 2,320 2,480 2,714 2,935 3,110 3,342 3,806 3,576 3,626<br />
Fonte: Gazeta Mercantil e Valor Econômico apud Ribeiro (2002)