Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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115<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
Inovação e<br />
tecnologia para uma<br />
economia verde:<br />
questões fun<strong>da</strong>mentais<br />
Maria Cecília Junqueira<br />
Lustosa<br />
substituição de insumos no processo produtivo. Um exemplo marcante foi o<br />
melhor aproveitamento energético dos derivados do petróleo e a sua substituição<br />
parcial por outras fontes energéticas após o primeiro choque do petróleo<br />
em 1973. Portanto, o desenvolvimento tecnológico na direção de um padrão<br />
de produção menos agressivo ao meio ambiente é visto como uma solução<br />
parcial do problema.<br />
A mu<strong>da</strong>nça tecnológica na direção de tecnologias mais limpas passa pelo<br />
processo de inovação. Segundo Hall (1994), o processo de inovação corresponde<br />
a to<strong>da</strong>s as ativi<strong>da</strong>des que geram mu<strong>da</strong>nças tecnológicas e a interação<br />
dinâmica entre elas, que não precisam ser invenções primárias. Ao inovar,<br />
a empresa está buscando solução para um determinado problema, que é<br />
resolvido dentro de um paradigma tecnológico, isto é, dentro de determinados<br />
padrões de soluções amplamente aceitos baseados nos princípios <strong>da</strong>s<br />
ciências naturais. Assim, uma vez estabelecido o paradigma tecnológico, as<br />
inovações tornam-se seletivas na capaci<strong>da</strong>de de solucionar problemas, ao<br />
mesmo tempo em que encobrem outras soluções que estariam fora do paradigma<br />
tecnológico – caracterizando uma “cegueira” do paradigma tecnológico<br />
predominante. As tecnologias são eleitas no processo seletivo, que de acordo<br />
com as características predominantes do ambiente seletivo, escolhem determina<strong>da</strong>s<br />
tecnologias e não outras.<br />
Entretanto, quando as dificul<strong>da</strong>des para achar soluções tornam-se crescentes,<br />
inclusive para os problemas ambientais, há um forte incentivo para a<br />
mu<strong>da</strong>nça de paradigma tecnológico. Mas, essa não é uma condição suficiente,<br />
visto que, para estabelecer um novo paradigma, é necessário que ocorram<br />
avanços no conhecimento básico, além de outros fatores institucionais e de<br />
mercado. Assim, o paradigma tecnológico dominante e o ambiente seletivo<br />
estabelecem o ritmo e a direção do progresso técnico, que pode até gerar uma<br />
mu<strong>da</strong>nça de paradigma, num processo lento e gradual.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
Dentro do paradigma tecnológico vigente, é seleciona<strong>da</strong> uma determina<strong>da</strong><br />
tecnologia. Segundo B. Arthur (citado por López, 1996), a tecnologia não é<br />
eleita por ser a mais eficiente, mas se torna mais eficiente porque foi eleita. Isto<br />
é, as tecnologias tornam-se mais atrativas quanto mais são utiliza<strong>da</strong>s. Assim,<br />
a tecnologia possui interdependência temporal (path-dependence), ou seja,<br />
ela será resultado de trajetórias previamente defini<strong>da</strong>s. Isso gera um efeito<br />
de lock-in, fazendo com que as empresas fiquem presas à tecnologia mais<br />
difundi<strong>da</strong> e ao paradigma tecnológico vigente. Esses eventos têm grandes<br />
efeitos sobre a capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> empresa em achar soluções para problemas<br />
específicos, ou seja, sobre sua capaci<strong>da</strong>de de inovar, inclusive na direção de<br />
tecnologias ambientalmente saudáveis (TAS).<br />
As TAS podem ser defini<strong>da</strong>s como o con<strong>jun</strong>to de conhecimentos, técnicas,<br />
métodos, processo, experiências e equipamentos que utilizam os recursos<br />
naturais de forma sustentável e que permitem a disposição adequa<strong>da</strong> dos re-