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Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga

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36<br />

ECONOMIA VERDE<br />

Desafios e<br />

oportuni<strong>da</strong>des<br />

<strong>Econ</strong>omia verde<br />

e/ou desenvolvimento<br />

sustentável?<br />

Donald Sawyer 1<br />

Além de governança internacional e redução <strong>da</strong> pobreza, a conferência<br />

Rio+20 em 2012 terá como tema central a economia verde (ONU, 2011). Esse<br />

termo, que surgiu no contexto <strong>da</strong> Rio-92 (A<strong>da</strong>ms, 1997), foi recentemente<br />

elaborado e divulgado mundo afora em relatório do PNUMA (UNEP 2011).<br />

Em pouco tempo, tornou-se praticamente consensual (Belinky, 2011). Parece<br />

apresentar-se como alternativa ao desenvolvimento sustentável, que havia<br />

sido consagrado no Rio de Janeiro em 1992.<br />

A economia verde está relaciona<strong>da</strong> diretamente a mu<strong>da</strong>nças climáticas:<br />

baixo carbono, eficiência energética, energia renovável etc. (Gouvello, 2010;<br />

ESMAP, 2010). No intuito de relativizar a fortíssima ênfase em clima depois<br />

de 2007, a biodiversi<strong>da</strong>de e os ecossistemas foram reincorporados no discurso<br />

por meio <strong>da</strong> iniciativa TEEB, organiza<strong>da</strong> pelo PNUMA e financia<strong>da</strong> pela<br />

Comissão Europeia e governos europeus 2 (Sukhdev, 2010, 2011). Por outro<br />

lado, os impactos ambientais referentes à poluição industrial e aos resíduos<br />

urbanos (a “agen<strong>da</strong> marrom”) e à água superficial e subterrânea (a “agen<strong>da</strong><br />

azul”) continuam sem a mesma atenção. Os fluxos de água atmosférica (“rios<br />

aéreos”), que poderiam ser uma “agen<strong>da</strong> branca”, continuam invisíveis nas<br />

esferas políticas (Salati, 2009; Arraut et al., 2011).<br />

O tratamento que será <strong>da</strong>do à economia verde fará muita diferença para as<br />

políticas públicas, o papel do Estado (a governança que temos atualmente),<br />

os padrões de produção e consumo e os rebatimentos nos diversos territórios<br />

no Brasil e no mundo. Os efeitos positivos esperados poderão não se verificar,<br />

como também poderão surgir efeitos negativos inesperados, ao menos se não<br />

houver uma análise adequa<strong>da</strong> de todos os aspectos em jogo.<br />

O uso do termo economia verde, aparentemente no lugar de desenvolvimento<br />

sustentável, termo considerado desgastado ou esvaziado (FASE, 2011),<br />

merece uma série de cui<strong>da</strong>dos. Urge evitar que os efeitos acabem sendo<br />

Nº 8 • Junho 2011<br />

1. Professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Brasília (CDS/<br />

UnB) e pesquisador associado ao Instituto Socie<strong>da</strong>de, População e Natureza (ISPN). Este<br />

trabalho foi realizado com apoio <strong>da</strong> União Europeia, por meio dos projetos “Elos Ecossociais<br />

entre as Florestas Brasileiras: Meios de Vi<strong>da</strong> Sustentáveis em Paisagens Produtivas”<br />

(FLORELOS) e “Environmental Governance in Latin America and the Caribbean” (ENGOV),<br />

entre outras fontes, mas não representa necessariamente os pontos de vista <strong>da</strong>s instituições<br />

ou fontes, sendo de responsabili<strong>da</strong>de exclusiva do autor.<br />

2. Alemanha, Países Baixos, Noruega, Suécia e Reino Unido.

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