Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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139<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
<strong>Econ</strong>omia verde e<br />
um novo ciclo de<br />
desenvolvimento rural<br />
Arilson Favareto<br />
para a adoção de práticas menos intensivas em recursos naturais e menos<br />
poluentes.<br />
O quarto tipo é formado por situações nas quais, embora as características<br />
morfológicas do território já não sejam tão promissoras no que diz respeito<br />
aos recursos naturais, as estruturas sociais poderiam favorecer um processo<br />
de mu<strong>da</strong>nça e de criação de novas instituições. No entanto, as formas de dominação<br />
econômica impedem ou bloqueiam essa inovação. Há fissuras entre<br />
o setorial e o ambiental, e entre os grupos sociais. Um exemplo desse tipo<br />
de território é o oeste catarinense. Uma concentração de grandes empresas<br />
agroindustriais convive com uma estrutura social basea<strong>da</strong> num expressivo<br />
segmento de agricultores familiares. A região apresenta uma dinâmica econômica<br />
razoável, mas indicadores sociais e de desigual<strong>da</strong>de não tão bons. As<br />
possibili<strong>da</strong>des de reprodução dos grupos sociais locais ain<strong>da</strong> dependem muito<br />
dos vínculos extralocais, favorecendo a per<strong>da</strong> de recursos humanos valiosos.<br />
Com isso, bloqueia-se a possibili<strong>da</strong>de, aberta pela configuração social local,<br />
de maiores interações e de criação de novas instituições capazes de mu<strong>da</strong>r o<br />
rumo do desenvolvimento territorial. São regiões que combinam uma rurali<strong>da</strong>de<br />
setorial e estruturas sociais mais diversifica<strong>da</strong>s e desconcentra<strong>da</strong>s. Aqui<br />
os investimentos em inovação deveriam favorecer, sobretudo, a diversificação<br />
<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des econômicas e um novo padrão de uso dos recursos naturais.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
Como se vê, para ca<strong>da</strong> tipo de dinâmica de desenvolvimento em curso,<br />
um determinado aporte em ativi<strong>da</strong>des de promoção de inovações deveria ser<br />
constituído. Contudo, esse aporte não é o único elemento que pode ser mobilizado<br />
para influenciar essas dinâmicas, invertendo-as quando negativas ou<br />
fortalecendo-as quando positivas. Há vários projetos e investimentos em curso,<br />
que poderiam ser mais bem aproveitados pelas regiões interioranas do Brasil.<br />
Apesar dos baixos investimentos brasileiros em pesquisa e desenvolvimento<br />
– o país hoje apresenta patamares próximos aos de países como Espanha e<br />
Itália, mas proporcionalmente mais distantes de países como Coreia do Sul,<br />
Alemanha, Japão ou Estados Unidos –, vários programas e projetos hoje em<br />
execução no âmbito do Governo fFederal poderiam favorecer a emergência<br />
<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des econômicas sugeri<strong>da</strong>s. Apenas a título de exemplo, o Governo<br />
Federal tem feito importantes investimentos em turismo por meio do Programa<br />
de Desenvolvimento do Turismo, que poderiam ser acessados por essas regiões<br />
interioranas dota<strong>da</strong>s de atrativos ambientais ou culturais. Da mesma forma,<br />
o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior tem apoiado<br />
a descentralização industrial, incentivos dos quais as regiões interioranas<br />
poderiam se beneficiar, desde que introduzindo também critérios ambientais.<br />
O mesmo vale para os investimentos em biotecnologia.<br />
Ora, a existência dessas oportuni<strong>da</strong>des não garante seu aproveitamento.<br />
Nem há, nelas, a destinação de recursos que poderiam favorecer a introdução<br />
de inovações ou o apoio a empreendimentos <strong>da</strong>s regiões rurais volta<strong>da</strong>s a