Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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204<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
Mensuração nas<br />
políticas de transição<br />
rumo à economia verde<br />
Ronaldo Seroa <strong>da</strong> Mota<br />
Carolina Burle Schmidt Dubeux<br />
Por exemplo, Seroa <strong>da</strong> Motta (1998) estimou que 2,40% do PIB brasileiro em<br />
2005 poderia ser considerado consumo de capital natural no critério de fraca<br />
sustentabili<strong>da</strong>de, mas esse percentual poderia alcançar 29% no caso de um<br />
cenário de sustentabili<strong>da</strong>de forte.<br />
Um Sistema de Contas Ambientais não se resume, por exemplo, à medi<strong>da</strong><br />
de PIB verde. A integração com todos os indicadores econômicos <strong>da</strong>s Contas<br />
Nacionais oferece inúmeras opções de medi<strong>da</strong>s de desempenho ambiental.<br />
As mais simples seriam intensi<strong>da</strong>de de consumo ambiental (emissões de poluente,<br />
energia etc.) por uni<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong> e consumo (ren<strong>da</strong> nacional, ren<strong>da</strong>s<br />
<strong>da</strong>s famílias, consumo do governo, importações e exportações) até as que<br />
estão relaciona<strong>da</strong>s com a formação de capital que mediriam as apreciações<br />
e depreciações do estoque de capital natural 18 .<br />
Os estudos até então realizados 19 indicam também que a utili<strong>da</strong>de do SCA<br />
para a gestão ambiental está fortemente associa<strong>da</strong> ao grau de desagregação<br />
dos indicadores em termos setoriais, locais e temporais. Dessa forma, cabe<br />
ao planejamento de uma economia verde definir um Plano de Indicadores<br />
Ambientais que se inicie imediatamente com um con<strong>jun</strong>to mínimo e viável de<br />
indicadores ambientais que podem ser, por exemplo, consoli<strong>da</strong>dos desde já<br />
dos registros administrativos dos órgãos ambientais (organizados para monitoramento<br />
e fiscalização, como, por exemplo, inventários de emissões ou de<br />
fauna e flora) e <strong>da</strong>s já existentes pesquisas contínuas que investigam aspectos<br />
ambientais (saneamento, resíduos sólidos, desmatamento etc.).<br />
Em suma, sem o conhecimento <strong>da</strong> base natural e como essa se transforma<br />
em relação às ativi<strong>da</strong>des econômicas, todo e qualquer esforço na direção de<br />
uma economia verde não poderá ser orientado e verificado.<br />
Am p l ia n d o o s in s t r u m e n t o s e c o n ô m ic o s<br />
A mu<strong>da</strong>nça estrutural <strong>da</strong> economia na direção de setores verdes vai requerer<br />
a precificação correta dos bens e serviços ambientais de forma a refletir seu<br />
ver<strong>da</strong>deiro custo de oportuni<strong>da</strong>de. Essa correção de preço pode ser feita através<br />
de instrumentos econômicos de cobrança (pagamentos ou tributos) pelo<br />
uso do recurso ambiental ou pela criação de mercados de direitos de uso.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
Além do aspecto de geração de eficiência, esses instrumentos podem gerar<br />
receitas fiscais ou administrativas adicionais para: a) financiar a capacitação<br />
institucional dos órgãos ambientais; b) realizar pagamento ou compensações<br />
ambientais; e c) quando desenhados de forma progressiva, viabilizar políticas<br />
compensatórias para aliviar os impactos ambientais sobre os pobres 20 .<br />
18. Nesse caso que se mensura o consumo de capital natural, há questões conceituais e<br />
metodológicas mais complexas ou controversas para a monetização do valor do recurso<br />
natural e seus serviços. Ver SEEA (2003) e o capítulo sobre valoração dessa publicação.<br />
19. Ver uma resenha recente em Stigliz, Sen e Fitoussi (2009).<br />
20. Ver, por exemplo, Seroa <strong>da</strong> Motta (2006).