Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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51<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
Perspectivas<br />
internacionais para<br />
a transição para uma<br />
economia verde de<br />
baixo carbono<br />
Eduardo Viola<br />
é que as emissões de dióxido de carbono deriva<strong>da</strong>s do desmatamento e mu<strong>da</strong>nça<br />
de uso <strong>da</strong> terra eram proporcionalmente muito altas até 2005. A taxa<br />
de desmatamento nos últimos 5 anos cresceu muito na Bolívia, Equador e<br />
Paraguai; aumentou modera<strong>da</strong>mente em Peru e Colômbia; manteve-se estável<br />
na Venezuela e caiu levemente na Argentina e fortemente no Brasil. As taxas<br />
de desmatamento (como proporção <strong>da</strong> cobertura florestal total) oscilam desde<br />
1% ao ano na Bolívia até 0,1% ao ano na Argentina, sendo de 0,2% ao ano no<br />
Brasil nos últimos anos. O Uruguai é o único país com saldo positivo, já que está<br />
aumentando sua cobertura florestal via reflorestamento e florestamento.<br />
A Venezuela e a Argentina respondem ca<strong>da</strong> uma por aproxima<strong>da</strong>mente<br />
1% <strong>da</strong>s emissões globais. As emissões per capita <strong>da</strong> Venezuela são de 7<br />
tonela<strong>da</strong>s e as <strong>da</strong> Argentina, de 5 tonela<strong>da</strong>s. A Venezuela emite 1,3 tonela<strong>da</strong>s<br />
de carbono por US$ 1.000 de PIB e a Argentina, 1 tonela<strong>da</strong>. A Colômbia, o<br />
Peru e o Chile são responsáveis, aproxima<strong>da</strong>mente, por 0,5% <strong>da</strong>s emissões<br />
globais ca<strong>da</strong> um.<br />
O desmatamento na América do Sul tem um triplo efeito negativo sobre as<br />
socie<strong>da</strong>des. Em primeiro lugar, implica uma grande destruição de recursos<br />
naturais e uma conversão muito ineficiente <strong>da</strong> floresta. Em segundo lugar, faz<br />
com que a proporção de economia informal seja alta no con<strong>jun</strong>to <strong>da</strong> economia,<br />
com grande ineficiência sistêmica devido ao fato de que a economia associa<strong>da</strong><br />
ao desmatamento é, em geral, de pequena escala e ilegal ou semi-legal. Em<br />
terceiro lugar, o desmatamento desmoraliza a autori<strong>da</strong>de pública e o império<br />
<strong>da</strong> lei, gerando assim um ambiente propício para o crescimento de outras<br />
ativi<strong>da</strong>des ilícitas como: corrupção, contrabando, narcotráfico, prostituição,<br />
tráfico de armas e de animais silvestres e, inclusive, assassinatos.<br />
Embora a América do Sul seja muito vulnerável à mu<strong>da</strong>nça climática, o<br />
con<strong>jun</strong>to <strong>da</strong> região encontra-se numa posição muito favorável para a transição<br />
para uma economia de baixo carbono. Muito diferente é a situação de grandes<br />
países emergentes em outras regiões do mundo – China, Índia, Rússia, África<br />
do Sul, México –, que produzem grande parte de sua eletrici<strong>da</strong>de a partir de<br />
combustíveis fósseis. A eletrici<strong>da</strong>de <strong>da</strong> América do Sul é a mais intensivamente<br />
hídrica do mundo: 85% do total no caso do Brasil, 37% na Argentina, 67% na<br />
Venezuela, 75% na Colômbia, 53% no Chile, 80% no Peru, 62% no Equador,<br />
64% na Bolívia, 99% no Uruguai e 100% no Paraguai. Inclusive a Venezuela,<br />
que tem uma economia mais intensiva em carbono pela ineficiência do transporte<br />
– deriva<strong>da</strong> do baixo preço <strong>da</strong> gasolina –, tem um grande peso hídrico<br />
na geração de eletrici<strong>da</strong>de.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
O Brasil emitiu em 2009 aproxima<strong>da</strong>mente 1,8 bilhão de tonela<strong>da</strong>s de<br />
carbono equivalente, correspondente a, aproxima<strong>da</strong>mente, 4% <strong>da</strong>s emissões<br />
globais, 10 tonela<strong>da</strong>s per capita e 0,9 tonela<strong>da</strong> de carbono por ca<strong>da</strong> US$ 1.000<br />
de PIB. As emissões do Brasil nos anos 2005-2010 sofreram uma forte redução<br />
com referência ao período 2001-2004, devido à dramática que<strong>da</strong> <strong>da</strong> taxa de