Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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205<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
Mensuração nas<br />
políticas de transição<br />
rumo à economia verde<br />
Ronaldo Seroa <strong>da</strong> Mota<br />
Carolina Burle Schmidt Dubeux<br />
Para tal, a primeira condicionante é a consoli<strong>da</strong>ção e codificação <strong>da</strong> legislação<br />
ambiental e a criação do espaço legal para a adoção de instrumentos. A<br />
segun<strong>da</strong> é o reconhecimento do espaço fiscal desses instrumentos no sistema<br />
tributário brasileiro.<br />
To<strong>da</strong>via, a ampliação do uso dos mesmos deve ser cautelosa devido às<br />
suas dificul<strong>da</strong>des técnicas e administrativas. Flexibili<strong>da</strong>de, compatibilização<br />
institucional, gradualismo e participação dos agentes afetados devem ser<br />
critérios a serem respeitados na introdução destes.<br />
Antes de qualquer tentativa de desenvolver um instrumento econômico, os<br />
reguladores devem primeiro analisar os objetivos <strong>da</strong>s políticas e o estado atual<br />
dos usos do recurso natural. Esse é um passo óbvio, apesar de ser frequentemente<br />
desprezado, especialmente quando os reguladores estão ansiosos<br />
por transferir uma “boa” experiência de um determinado instrumento aplicado<br />
em outro país. Os reguladores devem primeiro explicitar a política ambiental<br />
e seus objetivos em cuja direção se considere o uso de instrumento econômico.<br />
Note-se que um instrumento é um meio e, assim, não pode substituir os<br />
objetivos <strong>da</strong>s políticas. Em suma, um instrumento destina-se a servir a uma<br />
política, e não o inverso.<br />
Re m o v e n d o o s in c e n t iv o s p e r v e r s o s<br />
O maior desafio no planejamento de uma economia verde será nos ajustes<br />
a serem realizados nos instrumentos econômicos que são atualmente utilizados<br />
ou em desenvolvimento pelas políticas econômicas, sociais e setoriais.<br />
Logo a inserção <strong>da</strong> questão ambiental nessas políticas é crucial para eliminar<br />
incentivos perversos ao uso dos recursos ambientais que se contrapõem e/ou<br />
anulam os esforços de precificação e preservação dos recursos ambientais.<br />
Entre essas políticas destacamos:<br />
a) as orienta<strong>da</strong>s para recursos naturais e infraestrutura, como as de energia,<br />
abastecimento de água, malha viária e outras;<br />
b) as tipicamente setoriais, como, por exemplo, expansão agropecuária e<br />
industrial;<br />
c) as de cunho macroeconômico volta<strong>da</strong>s para estímulos às exportações,<br />
geração de emprego e investimentos;<br />
d) as de conteúdo estrutural como a reforma agrária e as privatizações; e<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
e) as de objetivo distributivo que estimulam as pequenas empresas, o assentamento<br />
urbano e outras.<br />
A remoção de incentivos perversos à construção de uma economia verde<br />
somente será viável com um trabalho con<strong>jun</strong>to do sistema de regulação ambiental<br />
e com o de regulação setorial que viabilize compromissos de diagnós-