Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
200<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
Mensuração nas<br />
políticas de transição<br />
rumo à economia verde<br />
Ronaldo Seroa <strong>da</strong> Mota<br />
Carolina Burle Schmidt Dubeux<br />
Nesses casos críticos, um nível de estoque de capital natural declinante<br />
representa uma trajetória de não-sustentabili<strong>da</strong>de e per<strong>da</strong>s de bem-estar devem<br />
ser considera<strong>da</strong>s. Logo o consumo desse capital tem que ser negativo,<br />
isto é, deve ser apreciado e não depreciado.<br />
O capital natural não-crítico seria, então, aquele no qual o nível de estoque<br />
ain<strong>da</strong> não atingiu sua capaci<strong>da</strong>de de suporte. Entretanto, isso não significa<br />
que esse capital não apresente um nível mínimo de segurança abaixo do qual<br />
ele se torna crítico.<br />
Entretanto, o consumo desse capital pode ser compensado por investimentos<br />
em capital material sem per<strong>da</strong>s de bem-estar. Seja em investimentos de recuperação<br />
de rios, áreas contamina<strong>da</strong>s ou, no controle desses impactos, como<br />
no caso <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças climáticas, com esforços em mitigação e a<strong>da</strong>ptação.<br />
A hipótese de sustentabili<strong>da</strong>de muito fraca, “crescimento econômico sem<br />
restrições ambientais”, assume que as possibili<strong>da</strong>des de substituição são<br />
inesgotáveis, desde que o estoque total <strong>da</strong> economia não decline. No outro<br />
extremo, a hipótese de sustentabili<strong>da</strong>de forte, de “crescimento zero”, assume<br />
que não há mais possibili<strong>da</strong>des de substituição, pois to<strong>da</strong>s as formas de capital<br />
natural são críticas e não se admite qualquer consumo de capital natural.<br />
Intermediariamente estaria a hipótese de sustentabili<strong>da</strong>de fraca, que distingue<br />
as formas críticas e não-críticas de capital natural e determina tratamentos<br />
diferenciados de acordo com o nível crítico de estoque identificado. Nessa<br />
abor<strong>da</strong>gem, se admite também o progresso técnico como agente de sustentabili<strong>da</strong>de<br />
quando esse reduz a intensi<strong>da</strong>de ambiental do consumo.<br />
Enfim, a sustentabili<strong>da</strong>de seria possível com maior eficiência ambiental resultante<br />
de (i) mu<strong>da</strong>nças nos processos de produção e no desenho do produto;<br />
(ii) mu<strong>da</strong>nças na estrutura de produção e consumo; e (iii) redução no nível de<br />
produção e consumo.<br />
Nesse espectro, a economia verde seria caracteriza<strong>da</strong> por um aumento<br />
contínuo no estoque de capital natural, isto é, uma apreciação e não uma<br />
depreciação. Com isso seria possível níveis de intensi<strong>da</strong>de mais baixos de<br />
materiais e poluição por uni<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong>, que, por sua vez, induziriam ao<br />
“desligamento”/“descasamento”, ou à separação, <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de econômica dos<br />
impactos ambientais.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
Essa proposição representa que políticas econômicas direciona<strong>da</strong>s ao<br />
capital natural podem acelerar esse desligamento sem redução nos níveis de<br />
consumo e produção. De certa forma, esta possibili<strong>da</strong>de se contrapõe àquela<br />
que admite que o desligamento aconteça espontaneamente dentro do processo<br />
de crescimento econômico quando a economia atinge um nível limiar de ren<strong>da</strong><br />
(curva ambiental de Kuznets – EKC, na sigla em inglês) 10 .<br />
10. Ver uma revisão crítica <strong>da</strong> EKC em Galeotti, Manera e Lanza (2009).