Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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177<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
Mecanismos de<br />
mercado para uma<br />
economia verde<br />
Peter H. May<br />
êxito. Licenciamento – que indica os contornos de ca<strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de e a localização<br />
<strong>da</strong>s reservas e Áreas de Preservação Permanente (APP) –, quando<br />
combinado com monitoramento de mu<strong>da</strong>nças no uso do solo por satélite e<br />
verificação no campo, permite aferir se o Código vem sendo observado na<br />
prática. Esse aparato instrumental faz com que o Brasil seja, de longe, um<br />
dos poucos países que possuem capaci<strong>da</strong>de de monitoramento e verificação<br />
do desmatamento, podendo assim ter acesso aos recursos prometidos pelos<br />
países do Norte a título de REDD.<br />
Uma vantagem do Código ain<strong>da</strong> não aproveita<strong>da</strong> em muitos estados é de<br />
servir como teto (cap), pois estabelece a máxima área que ca<strong>da</strong> proprie<strong>da</strong>de<br />
pode modificar, permitindo o funcionamento de mecanismos de mercado que<br />
possam compensar aqueles que observam a lei. Segundo a posição dos produtores<br />
rurais, eles precisariam de algum incentivo para restaurar as áreas<br />
indevi<strong>da</strong>mente desfloresta<strong>da</strong>s e deman<strong>da</strong>riam recursos para cobrir o custo de<br />
oportuni<strong>da</strong>de <strong>da</strong> retira<strong>da</strong> <strong>da</strong>s áreas de produção, além de alguma compensação<br />
pelos benefícios propiciados aos outros membros <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de pela restauração<br />
<strong>da</strong>s funções ecossistêmicas. Outros argumentam que os produtores rurais<br />
já receberam incentivos vultosos para desmatar e que agora precisam observar<br />
a Lei como mínimo aceitável, sendo que somente aqueles que já observam o<br />
Código Florestal devem ser compensados pelo PSA.<br />
Apesar <strong>da</strong>s discussões e múltiplos exercícios para estimar quanto seria o<br />
custo <strong>da</strong> redução do desmatamento, persiste a questão de como melhor estruturar<br />
instituições para regular a provisão de bens públicos. Uma revisão <strong>da</strong><br />
experiência com instrumentos econômicos e de C&C aplicados à conservação<br />
<strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de (Ring e Schroter-Schlak, 2011) sugere que o melhor caminho<br />
em termos <strong>da</strong> eficácia-custo é uma combinação (mix) de instrumentos com a<br />
base fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na regulação. Nesse sentido, o fortalecimento do Código<br />
Florestal (e não o seu enfraquecimento) deve servir como base a partir <strong>da</strong> qual<br />
inovações institucionais possam florescer no Brasil.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
Concluímos que instrumentos de mercado, tais como aqueles associados ao<br />
PSA e ao REDD+, devem assumir um papel importante na transição para uma<br />
economia verde. Tal papel deverá ser mediado por uma regulação definidora<br />
dos critérios de acesso e controle sobre os recursos naturais, refletindo-se<br />
em limites biofísicos amparados nas ciências e em ampla e prévia consulta<br />
às populações que dependem de tais recursos para seu sustento. A partir de<br />
parâmetros assim estabelecidos, é possível, em circunstâncias específicas,<br />
aproveitar a eficiência alocativa do mercado para servir de alicerce às demais<br />
instituições <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.