Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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135<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
<strong>Econ</strong>omia verde e<br />
um novo ciclo de<br />
desenvolvimento rural<br />
Arilson Favareto<br />
Sobre as áreas que estão fora dessa proximi<strong>da</strong>de, não há fatalismo. É<br />
possível criar uma articulação entre regiões rurais e uma rede de ci<strong>da</strong>des, ou<br />
a constituição de uma rede de ci<strong>da</strong>des numa região rural. Isso pode ser feito<br />
através de investimentos em comunicação e transporte, diminuindo distâncias,<br />
através de uma espécie de divisão territorial do trabalho entre pequenas locali<strong>da</strong>des,<br />
tentando suprir necessi<strong>da</strong>des que teriam que ser satisfeitas em centros<br />
urbanos. Ou, ain<strong>da</strong>, através <strong>da</strong> geração dos próprios pólos de crescimento,<br />
com a formação de ci<strong>da</strong>des que venham a suprir essas necessi<strong>da</strong>des. Em<br />
qualquer uma dessas possibili<strong>da</strong>des, a palavra chave é diversificação. É isso<br />
que garante o suprimento <strong>da</strong> população local, que cria as condições para a<br />
introdução de inovações e a a<strong>da</strong>ptação desses territórios às pressões e contingências<br />
advin<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças econômicas mais gerais.<br />
Implicações para o desenvolvimento<br />
Essas mu<strong>da</strong>nças, que já estavam em curso desde o último quarto do século<br />
20 nos países do capitalismo avançado, foram percebi<strong>da</strong>s pelos organismos<br />
multilaterais e órgãos de governo e transforma<strong>da</strong>s em reorientações para o<br />
desenho de políticas. O desgaste <strong>da</strong> política agrícola de viés exclusivamente<br />
setorial começa a surgir em meados dos anos 80 e abre espaço para uma<br />
série de reformas e debates sobre O futuro do mundo rural, não por acaso<br />
título do Comunicado <strong>da</strong> Comissão Europeia ao Parlamento, em 1988. Um<br />
marco inegável nesta mu<strong>da</strong>nça de visão foi a criação do Programa Leader –<br />
Ligações Entre Ações de Desenvolvimento <strong>da</strong>s <strong>Econ</strong>omias Rurais, em 1991, e<br />
ain<strong>da</strong> hoje a principal referência de programas territoriais de desenvolvimento<br />
rural. Mas as melhores sínteses <strong>da</strong> percepção dos organismos de planejamento<br />
sobre tais mu<strong>da</strong>nças foram expressas em dois momentos, no meio <strong>da</strong><br />
déca<strong>da</strong> de 90: a conheci<strong>da</strong> Declaração de Cork, que teve origem na conferência<br />
A Europa rural – perspectivas de futuro e o workshop Post-industrial<br />
rural development: the role of natural resources and the environment. Nesses<br />
eventos surgiu o consenso básico sobre a rurali<strong>da</strong>de avança<strong>da</strong>, sintetizado no<br />
quadro 1 a seguir.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
Com isso, teve início uma transição progressiva no desenho e no lugar<br />
institucional <strong>da</strong>s políticas de desenvolvimento rural. Elas começam a passar<br />
de uma visão basicamente setorial para aquilo que se convencionou chamar<br />
por abor<strong>da</strong>gem territorial do desenvolvimento rural. Trata-se de uma abor<strong>da</strong>gem<br />
que pretende superar a separação rígi<strong>da</strong> entre rural e urbano e se apoiar<br />
justamente nas complementari<strong>da</strong>des entre esses dois espaços (<strong>Veiga</strong>, 2000;<br />
Abramovay, 2003; Favareto, 2007). Como decorrência, a ênfase nas políticas<br />
agrícolas passa a <strong>da</strong>r lugar a uma crescente aproximação com as políticas de<br />
desenvolvimento regional.