Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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157<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
A transição para uma<br />
economia verde no<br />
direito brasileiro:<br />
perspectivas e desafios<br />
Carlos Teodoro J.<br />
Hugueney Irigaray<br />
Certamente que o direito pode <strong>da</strong>r uma contribuição relevante nesse processo,<br />
conforme será analisado neste ensaio. Um primeiro desafio consiste<br />
em delimitar os instrumentos e mecanismos que podem contribuir para a<br />
concretização de um desenvolvimento em bases sustentáveis, o que implica<br />
a revisão dos subsídios implícitos às ativi<strong>da</strong>des poluentes, conforme abor<strong>da</strong>do<br />
no primeiro capítulo.<br />
No segundo capítulo deste ensaio são também apontados os principais<br />
desafios desse processo, concluindo com a contribuição do direito brasileiro<br />
à transição para uma economia verde.<br />
O contexto é amplamente favorável às mu<strong>da</strong>nças necessárias, tanto em<br />
termos de conscientização <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de, como dos imperativos ditados pela<br />
crise ecológica <strong>da</strong> atuali<strong>da</strong>de. Resta-nos enfrentar esses desafios e construir<br />
um novo paradigma no qual o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado<br />
não seja mera proclamação, mas uma reali<strong>da</strong>de pauta<strong>da</strong> na soli<strong>da</strong>rie<strong>da</strong>de<br />
intra e intergeracional.<br />
1. Ec o n o m ia v e r d e e a s u s t e n t a b il id a d e p o s s í v e l<br />
Desde a conceituação de desenvolvimento sustentável 2 , <strong>da</strong><strong>da</strong> pela Comissão<br />
Brundtland, desenvolveu-se vasta produção intelectual, visando objetivar o<br />
conceito e estabelecer parâmetros para quantificá-lo. O maior obstáculo nessa<br />
tarefa reside na falta de indicadores para medir o desenvolvimento sustentável,<br />
já que, em princípio, nenhum dos três objetivos do desenvolvimento sustentável<br />
(econômico, ambiental e social) se mede atualmente com parâmetros<br />
compatíveis (Dourojeanni, 2000).<br />
Não é sem propósito que Morin e Kern (1995) assinalam que a própria noção<br />
de desenvolvimento mostra-se gravemente subdesenvolvi<strong>da</strong>. Assim ocorre<br />
com a sustentabili<strong>da</strong>de: ou ela se traduz em decisões econômicas e ações<br />
políticas, fixando limites reais à utilização dos recursos naturais e emissão de<br />
poluentes ou, do contrário, o desenvolvimento sustentável não terá sido senão<br />
um mito irrealizado que transmitiremos às gerações futuras, <strong>jun</strong>tamente com<br />
um gigantesco passivo ambiental, legado de uma civilização pre<strong>da</strong>tória.<br />
Por isso mesmo, é de suma importância o aprofun<strong>da</strong>mento dos debates<br />
acerca do modelo econômico que escolhemos e <strong>da</strong>s ações locais e globais<br />
que podem contribuir para assegurar o crescimento dos setores limpos, com<br />
sustentabili<strong>da</strong>de.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
Nesse sentido, pondera Dourojeanni (2000) que cabe aos atores e participantes<br />
do processo de gestão precisar para ca<strong>da</strong> país, ou região, o significado<br />
2. Segundo Brundtland et al. (1988), o desenvolvimento sustentável é aquele “que satisfaça as<br />
necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> geração presente, sem comprometer a capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s futuras gerações<br />
para satisfazer suas próprias necessi<strong>da</strong>des”.