Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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55<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
Perspectivas<br />
internacionais para<br />
a transição para uma<br />
economia verde de<br />
baixo carbono<br />
Eduardo Viola<br />
nharia climática com o objetivo de ter um plano B alternativo no caso de uma<br />
aceleração exponencial do aquecimento global.<br />
13. A transição para uma economia verde de baixo carbono supõe uma<br />
profun<strong>da</strong> transformação dos valores dominantes na socie<strong>da</strong>de internacional<br />
(hipermaterialismo, consumismo, imediatismo e desconsideração do longo<br />
prazo) e, para isso, sempre cumprirão um papel importante as transformações<br />
em todos os níveis <strong>da</strong> educação formal e <strong>da</strong> atuação <strong>da</strong> mídia (classicamente<br />
chama<strong>da</strong> de educação ambiental, mas que hoje deveria chamar-se educação<br />
para uma socie<strong>da</strong>de sustentável de baixo carbono), que conscientizem as<br />
populações sobre a importância dessa mu<strong>da</strong>nça de valores e sobre os extraordinários<br />
ganhos em quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong> e felici<strong>da</strong>de que seriam derivados<br />
dela – muito mais importantes que algumas per<strong>da</strong>s de curto prazo em consumo<br />
irracional, que serão uma consequência <strong>da</strong> transição para uma socie<strong>da</strong>de<br />
descarboniza<strong>da</strong> temi<strong>da</strong> por vastos setores <strong>da</strong>s populações do mundo.<br />
4. Pe r s p e c t i v a s f u t u r a s<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
O ano de 2009 mudou profun<strong>da</strong>mente a economia política internacional<br />
<strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça climática. A herança de Quioto, que deixava os EUA e os grandes<br />
países emergentes fora do constrangimento de carbono, desintegrou-se<br />
(Ladislaw, 2010; Barret, 2010). O Acordo de Copenhaguen é extremamente<br />
débil do ponto de vista jurídico, mas é quase universal do ponto de vista do<br />
constrangimento <strong>da</strong>s emissões de carbono. É praticamente impossível que<br />
se avance no sentido de um novo tratado abrangente e juridicamente vinculante,<br />
antes que os EUA aprovem uma lei climática que obrigue a reduções<br />
quantifica<strong>da</strong>s de emissões. Da<strong>da</strong> a dinâmica política atual, isso dificilmente<br />
acontecerá, na melhor <strong>da</strong>s hipóteses, antes de 2013-14 num cenário otimista:<br />
supondo a reeleição do presidente Obama em novembro de 2012, uma vitória<br />
democrata em ambas câmaras do Congresso e uma decisão de Obama<br />
de priorizar a lei climática no inicio do segundo termo. Outro fator que incide<br />
sobre as perspectivas de um acordo global muito importante é a tensão entre<br />
EUA e a União Europeia de um lado e China do outro lado, devido à negativa<br />
<strong>da</strong> China em relação à uma revalorização significativa do Yuan. A questão <strong>da</strong><br />
revalorização do Yuan pode estar gerando uma coligação antichinesa por parte<br />
dos países que se vêem invadidos por mercadorias chinesas em função <strong>da</strong><br />
manutenção ou aumento de sua capaci<strong>da</strong>de exportadora. Os países ameaçados<br />
pela máquina exportadora chinesa incluem a maioria dos membros do<br />
G20. O Brasil, como forte exportador de commodities para a China, está numa<br />
posição intermediária: seu setor produtor de minérios e alimentos é favorecido<br />
pela dinâmica chinesa e seu setor manufatureiro é prejudicado.<br />
As dimensões econômica e de segurança do sistema internacional têm<br />
impacto decisivo sobre a dimensão climática e é necessário levá-las em conta<br />
prioritariamente em qualquer análise realista sobre o futuro <strong>da</strong> negociação