Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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141<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
<strong>Econ</strong>omia verde e<br />
um novo ciclo de<br />
desenvolvimento rural<br />
Arilson Favareto<br />
novos sistemas de produção menos intensivos em recursos naturais e<br />
menos poluentes. O Brasil tem enorme potencial neste terreno e conta com<br />
instituições de pesquisa com déca<strong>da</strong>s de tradição e de excelência internacional.<br />
Contudo, apesar desse potencial, pouco tem sido feito comparativamente<br />
à produção de ciência, tecnologia e inovação volta<strong>da</strong>s aos parâmetros <strong>da</strong><br />
velha rurali<strong>da</strong>de ou do padrão produtivista e altamente intensivo em recursos<br />
naturais. Sem isto, essas novas ativi<strong>da</strong>des continuarão sendo nichos de<br />
mercado e não a base para um novo ciclo – caso atual dos produtos <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de<br />
– ou se constituirão de maneira ambígua, substituindo recursos<br />
não renováveis por renováveis, mas a um custo ambiental significativo – caso<br />
dos biocombustíveis.<br />
O segundo é a adoção de um sistema de incentivos voltado à expansão<br />
<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des econômicas basea<strong>da</strong>s em novas formas de uso social dos<br />
recursos naturais. Os ganhos de escala <strong>da</strong>s velhas ativi<strong>da</strong>des e os custos de<br />
transação envolvidos na adoção de novas formas de uso dos recursos naturais<br />
precisam ser compensados por uma política de incentivos que estimule os<br />
agentes sociais a adotarem novas tecnologias e explorar novos mercados, nos<br />
quais os ganhos de curto prazo decorrentes do uso intensivo e <strong>da</strong> depleção de<br />
recursos naturais dão lugar a ativi<strong>da</strong>des que privilegiam os ganhos de longo<br />
prazo expressos na conservação ambiental e na manutenção <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de<br />
e <strong>da</strong> prestação de serviços ambientais.<br />
O terceiro item de uma agen<strong>da</strong>, mas não menos importante do que os dois<br />
anteriores, é a formação de coalizões de atores e de interesses coerentes<br />
com essas novas ativi<strong>da</strong>des e mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong>des de uso dos recursos naturais. Os<br />
atores <strong>da</strong> velha rurali<strong>da</strong>de são conhecidos – as empresas do setor agroalimentar<br />
e as organizações de agricultores ricos e pobres. A eles será preciso<br />
agregar outros segmentos, portadores de outros interesses e, sobretudo, <strong>da</strong>s<br />
habili<strong>da</strong>des sociais necessárias a fortalecer os caminhos pelos quais pode<br />
estar se <strong>da</strong>ndo esta transição de paradigmas. Para isso, é preciso criar novos<br />
espaços de articulação e de influência na mol<strong>da</strong>gem <strong>da</strong>s políticas.<br />
Como se vê, não são tarefas simples. Mas são tarefas e desafios cujo enfrentamento<br />
é necessário para a transição para uma economia verde onde a<br />
conservação ambiental se possa somar à melhoria do padrão de vi<strong>da</strong> de boa<br />
parte <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
referências Bibliograficas<br />
Abramovay, R. (2003). O futuro <strong>da</strong>s regiões rurais. Porto Alegre: Ed. <strong>da</strong> UFRGS.<br />
Favareto, A. (2007). Paradigmas do desenvolvimento rural em questão. São Paulo:<br />
Fapesp/Edusp.<br />
Galston, W. A., Baehler, K. J. (1995). Rural development in the United States: connecting<br />
theory, practice and possibilities. Washington D.C.: Island Press.