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Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga

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124<br />

ECONOMIA VERDE<br />

Desafios e<br />

oportuni<strong>da</strong>des<br />

Agricultura para uma<br />

economia verde<br />

Ademar Ribeiro Romeiro<br />

energética com base em fontes exógenas de energia e de materiais (que se<br />

encontram inertes na crosta terrestre) levaria a desequilíbrios termodinâmicos<br />

crescentes que acabariam produzindo processos a<strong>da</strong>ptativos ecológicos<br />

catastróficos para a espécie humana 6 . Nesse sentido, o crescimento zero (<strong>da</strong><br />

produção material/energética) será inevitável (“por bem ou por mal”), tal como<br />

o previra o Clube de Roma em 1972 7 .<br />

Crescimento zero, é preciso que se diga, não implica necessariamente ausência<br />

de desenvolvimento humano. Certamente, o desenvolvimento humano<br />

depende do crescimento <strong>da</strong> produção material/energética de modo a se obter<br />

um nível de conforto material que se considere adequado. No entanto, a partir<br />

de certo nível de conforto material, o desenvolvimento humano depende muito<br />

mais de outros fatores, principalmente <strong>da</strong>queles relacionados ao equilíbrio<br />

emocional dos indivíduos. Nesse sentido, um índice que melhor mediria o<br />

desenvolvimento em suas várias dimensões não seria o PIB, tal como tem<br />

sido correntemente calculado 8 .<br />

No caso <strong>da</strong> agricultura, os limites à sua expansão são mais óbvios: a área<br />

agrícola disponível é visivelmente finita e, por mais espetaculares que tenham<br />

sido os ganhos de produtivi<strong>da</strong>de do solo, não se pode contar mais com<br />

aumentos expressivos; enfim, parece claro para todos que a produtivi<strong>da</strong>de<br />

agrícola não pode crescer indefini<strong>da</strong>mente. Enfim, Thomas Malthus estava<br />

absolutamente certo em sua intuição fun<strong>da</strong>mental sobre os limites ambientais<br />

ao crescimento. Quem discor<strong>da</strong> <strong>da</strong> ideia de que a população mundial não possa<br />

crescer perpetuamente? Os economistas mais obtusos o admitem, embora<br />

continuem acreditando que o crescimento perpétuo do consumo material/<br />

energético o possa.<br />

No entanto, não basta admitir que a expansão <strong>da</strong> produção agrícola tenha<br />

limites. É preciso considerar as condições em que essa produção é realiza<strong>da</strong>;<br />

estas têm que permitir a sua continui<strong>da</strong>de por milênios! No começo do<br />

século 20 na Europa, sobretudo na França, um debate se produziu nos meios<br />

agronômicos sobre as grandes vantagens <strong>da</strong> agricultura americana, de alta<br />

produtivi<strong>da</strong>de do trabalho, mas grandes impactos ambientais, compara<strong>da</strong><br />

com a agricultura europeia, que conservava o ecossistema agrícola, mas era<br />

menos produtiva por uni<strong>da</strong>de de trabalho. Muitos especialistas chegaram a<br />

argumentar a favor <strong>da</strong> agricultura americana, dizendo que não compensaria<br />

Nº 8 • Junho 2011<br />

6. É fonte exógena de energia to<strong>da</strong> fonte de energia que não a solar diretamente recebi<strong>da</strong><br />

diariamente pelo planeta, como os combustíveis fósseis e a energia nuclear; os materiais<br />

inertes na crosta terrestre (todo tipo de recurso mineral) na medi<strong>da</strong> em que são extraídos<br />

e processados na ecosfera (cama<strong>da</strong> <strong>da</strong> Terra onde se concentra a vi<strong>da</strong> – de alguns metros<br />

abaixo no subsolo até algumas centenas de metros acima do solo) se tornam resíduos ativos<br />

na medi<strong>da</strong> em que forçam os ecossistemas <strong>da</strong> ecosfera a absorvê-los.<br />

7. O fato de as previsões iniciais terem fracassado em função de erros na modelagem e nos<br />

parâmetros assumidos não mu<strong>da</strong>m em na<strong>da</strong> os fun<strong>da</strong>mentos lógicos que levaram à sua<br />

elaboração.<br />

8. Para uma análise do debate sobre indicadores que reflitam essas dimensões do<br />

desenvolvimento econômico ver <strong>Veiga</strong> (2010).

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