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Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga

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62<br />

ECONOMIA VERDE<br />

Desafios e<br />

oportuni<strong>da</strong>des<br />

<strong>Econ</strong>omia verde na<br />

América Latina:<br />

as origens do debate<br />

nos trabalhos <strong>da</strong> CEPAL<br />

Márcia Tavares<br />

trajetórias tecnológicas), teriam sido gestados ao longo do tempo com base<br />

numa visão de mundo em que os recursos naturais eram vistos como ilimitados.<br />

Nas potências coloniais, o que não havia ou o que escasseava dentro<br />

<strong>da</strong>s fronteiras era buscado entre os recursos aparentemente infinitos <strong>da</strong>s colônias.<br />

No caso dos Estados Unidos, a amplidão do território havia gerado a<br />

mesma percepção. O esgotamento dos melhores recursos naturais (mais alta<br />

lei, melhor localização) e a degra<strong>da</strong>ção dos renováveis não eram vistos como<br />

problemas para esses países na medi<strong>da</strong> em que o progresso tecnológico e a<br />

expansão a novos territórios sempre colocava à disposição novas fontes de<br />

recursos. Ao conquistarem sua independência, as ex-colônias teriam reproduzido<br />

padrões de desenvolvimento baseados numa percepção de recursos<br />

naturais ilimitados, não necessariamente compatíveis com sua dotação de<br />

fatores e suas condições estruturais, e sem conseguir gerar processos de<br />

progresso tecnológico autônomos.<br />

Até os anos 40, os problemas ambientais <strong>da</strong> América Latina estavam, segundo<br />

o estudo, principalmente relacionados a práticas agrícolas relaciona<strong>da</strong>s<br />

a uma estrutura que combinava latifúndios mal aproveitados com minifúndios<br />

sobre-explorados. Havia um processo de expansão <strong>da</strong> fronteira agrícola.<br />

Também a exploração de recursos naturais, fun<strong>da</strong>mento <strong>da</strong>s economias <strong>da</strong><br />

região, tinha seus próprios problemas ambientais, sem que a ren<strong>da</strong> gera<strong>da</strong><br />

nessa ativi<strong>da</strong>de fosse reinvesti<strong>da</strong> no desenvolvimento local. Era, pelo contrário,<br />

em grande parte remeti<strong>da</strong> ao exterior. Já nos anos 40 havia problemas<br />

ambientais relacionados à marginalização de setores <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de tanto nas<br />

áreas rurais quanto nas urbanas, embora a poluição industrial fosse pouco<br />

significativa e dispersa.<br />

Nº 8 • Junho 2011<br />

A partir do final <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> guerra mundial, a hegemonia dos Estados Unidos<br />

teria levado o estilo norte-americano – denominado “transnacional” – de desenvolvimento<br />

ao resto do mundo. A ascendência desse estilo na América Latina<br />

teria gerado novos problemas ambientais. O estilo transnacional caracterizavase,<br />

entre outros fatores, pelo papel dominante <strong>da</strong>s empresas transnacionais;<br />

por gerar transformações irreversíveis nas economias e socie<strong>da</strong>des nacionais<br />

que reduziam as opções dos governos para estabelecer processos autônomos<br />

de desenvolvimento; pela homogeneização dos padrões de produção,<br />

comercialização e consumo; pela internacionalização <strong>da</strong> produção industrial;<br />

e pela intensificação <strong>da</strong> exploração dos recursos naturais e a dependência<br />

crescente do petróleo. A expansão do uso do automóvel influenciou a dinâmica<br />

de expansão <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des, gerando um crescimento <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> por espaço<br />

para zonas residenciais e infraestrutura de transporte.<br />

No contexto desse estilo ascendente, foram adota<strong>da</strong>s no pós-guerra políticas<br />

de uma força vista poucas vezes desde então para fomentar as indústrias de<br />

base, a indústria do petróleo, a indústria automotriz e a infraestrutura necessária<br />

para apoiar esses novos setores. O excedente financeiro derivado <strong>da</strong>

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