Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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132<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
<strong>Econ</strong>omia verde e<br />
um novo ciclo de<br />
desenvolvimento rural<br />
Arilson Favareto<br />
Mas este é apenas um dos lados <strong>da</strong> moe<strong>da</strong> e reflete a extensão, até os<br />
dias atuais, de um paradigma de desenvolvimento rural que teve origem no<br />
pós-guerra do século passado. Gra<strong>da</strong>tivamente, vem emergindo aquilo que a<br />
literatura chama de uma nova rurali<strong>da</strong>de, cujos contornos são significativamente<br />
diferentes e nos quais residem as grandes oportuni<strong>da</strong>des para inaugurar<br />
um novo ciclo de desenvolvimento, num sentido compatível com os princípios<br />
preconizados pela economia verde.<br />
O objetivo deste artigo é evidenciar os contornos dessa rurali<strong>da</strong>de emergente,<br />
cujo traço distintivo é a transição de um paradigma agrário e agrícola<br />
para um paradigma organizado em torno do enraizamento ambiental do desenvolvimento<br />
rural. E, <strong>jun</strong>to disso, sinalizar alguns temas importantes para<br />
que o Brasil acelere a transição em direção a esse novo padrão. Para tanto,<br />
são três as seções que se seguem a esta breve introdução. Na primeira delas,<br />
são apresentados os contornos <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> nova rurali<strong>da</strong>de. Na segun<strong>da</strong>,<br />
é apresentado um breve quadro sobre a heterogenei<strong>da</strong>de atual <strong>da</strong>s regiões<br />
rurais brasileiras e suas diferentes formas de inserção econômica e de uso<br />
dos recursos naturais. Na terceira, são indicados alguns temas sensíveis para<br />
a transição rumo a uma economia verde.<br />
1. O e n r a iz a m e n t o a m b ie n t a l d a n o v a r u r a l id a d e<br />
De acordo com a teoria social (Abramovay, 2003), três são as dimensões<br />
definidoras fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> rurali<strong>da</strong>de: a proximi<strong>da</strong>de com a natureza, a ligação<br />
com as ci<strong>da</strong>des e as relações interpessoais deriva<strong>da</strong>s <strong>da</strong> baixa densi<strong>da</strong>de<br />
populacional e do tamanho reduzido de suas populações. O que mu<strong>da</strong> na nova<br />
etapa do desenvolvimento rural, que emerge com a chama<strong>da</strong> nova rurali<strong>da</strong>de,<br />
são o conteúdo social e a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> articulação entre essas instâncias.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
No que diz respeito à proximi<strong>da</strong>de com a natureza, os recursos naturais,<br />
antes voltados para a produção de bens primários, são agora crescentemente<br />
objeto de novas formas de uso social, com destaque para a conservação <strong>da</strong><br />
biodiversi<strong>da</strong>de, o aproveitamento do potencial paisagístico disto derivado e<br />
a busca de fontes renováveis de energia. A natureza é vista, ca<strong>da</strong> vez mais,<br />
como fun<strong>da</strong>mental por sua capaci<strong>da</strong>de insubstituível de prover os serviços<br />
ambientais necessários à existência humana: o fechamento do ciclo de determinados<br />
elementos químicos que seriam nocivos à saúde, a regulação climática,<br />
a formação de bacias hidrográficas, entre outros. Quanto à relação com as<br />
ci<strong>da</strong>des, os espaços rurais têm deixado de ser meros exportadores de bens<br />
primários para <strong>da</strong>r lugar a uma maior diversificação e integração intersetorial<br />
de suas economias, com isso arrefecendo, e em alguns casos mesmo invertendo,<br />
o sentido dos fluxos demográficos que vigorava no momento anterior.<br />
As relações interpessoais, por fim, deixam de apoiar-se numa relativa homogenei<strong>da</strong>de<br />
e isolamento, características tradicionalmente associa<strong>da</strong>s ao