Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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143<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
O desmatamento <strong>da</strong> floresta<br />
amazônica: causas e<br />
soluções<br />
Bastiaan Philip Reydon 1<br />
1. In t r o d u ç ã o<br />
O debate sobre o problema do desmatamento <strong>da</strong> floresta amazônica, que<br />
tem se expresso, entre outros, no debate sobre as mu<strong>da</strong>nças no Código Florestal,<br />
tem se caracterizado por sua superficiali<strong>da</strong>de e pelo seu caráter ideológico.<br />
Inicialmente, há a necessi<strong>da</strong>de de se identificar o processo de forma<br />
clara, após isto buscar as suas causas, e, finalmente, pensar nas soluções no<br />
curto, médio e longo prazos.<br />
É inegável que as fortes políticas de comando e controle 2 e incentivo econômico<br />
3 implementa<strong>da</strong>s nos últimos anos tiveram um papel crucial na redução<br />
do desmatamento. Como essas dependem <strong>da</strong> intervenção direta do Estado,<br />
dificilmente podem ser manti<strong>da</strong>s no longo prazo, principalmente porque os<br />
principais indutores produtivos do desmatamento – desde a pecuária passando<br />
pela produção de grãos chegando à produção de energia – persistirão e<br />
soluções perenes devem ser encontra<strong>da</strong>s.<br />
Este trabalho tem como objetivo central mostrar que a solução definitiva<br />
desse problema passa necessariamente pela solução dos problemas fundiários<br />
do país, que consiste principalmente no Estado brasileiro assumir em con<strong>jun</strong>to<br />
com a nação a efetiva governança sobre a proprie<strong>da</strong>de <strong>da</strong> terra.<br />
Inicialmente, o presente artigo apresenta uma breve descrição <strong>da</strong>s principais<br />
causas do desmatamento identifica<strong>da</strong>s na literatura sobre o tema. Em segui<strong>da</strong>,<br />
mostra-se que dois problemas que aparecem marginalmente na literatura<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
1. Professor livre docente do Núcleo de <strong>Econ</strong>omia Agrícola e <strong>Ambiental</strong> do Instituto de<br />
<strong>Econ</strong>omia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual de Campinas (NEA/IE/Unicamp), assessor de<br />
Sustentabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Agência de Inovação - Unicamp e consultor do Banco Internacional de<br />
Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial) e <strong>da</strong> FAO. Endereço eletrônico: basrey@<br />
eco.unicamp.br.<br />
2. As principais Políticas de Comando e Controle, intervenções diretas do Estado que<br />
modificam o comportamento dos desmatadores, foram: a) as operações Curupira (2005) e<br />
Arco de Fogo (2008), que combateram a extração ilegal de madeira; b) decreto 6321/07, que<br />
restringe a concessão de crédito pelos bancos e obriga os proprietários dos municípios que<br />
mais desmatam a se reca<strong>da</strong>strarem; c) a criação de Uni<strong>da</strong>des de Conservação, somando<br />
mais 20 milhões de hectares aos mais de 80 milhões já existentes, totalizando 273 UCs; d)<br />
homologação de 87 Terras Indígenas em aproxima<strong>da</strong>mente 18 milhões de hectares; e e)<br />
restrição aos produtos agropecuários advindos de proprie<strong>da</strong>des nos municípios com maior<br />
incidência de desmatamento.<br />
3. As políticas de incentivo econômico, que usam mecanismos econômicos (preços ou outros)<br />
para incentivarem ou inibir os agentes econômicos a diminuir o desmatamento, foram as<br />
seguintes: a) operação Arco <strong>Verde</strong> (2008); e b) Linha especial de crédito no âmbito do<br />
FNO, FNE e FCO para a recuperação de áreas degra<strong>da</strong><strong>da</strong>s, reflorestamento, manejo e<br />
regularização ambiental na Amazônia Legal.