Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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38<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
<strong>Econ</strong>omia verde e/<br />
ou desenvolvimento<br />
sustentável?<br />
Donald Sawer<br />
Mundial estima que o Brasil precisaria de R$ 34,2 bilhões por ano para reduzir<br />
as emissões de carbono (Agência Brasil, 2010; World Bank, 2010). Outros<br />
estimam R$ 20 bilhões (EFE, 2010). Enquanto isso, o governo está tentando,<br />
com dificul<strong>da</strong>de, cortar R$ 50 bilhões do seu orçamento.<br />
O PSA tem amplo apelo, mas merece questionamentos (Amazonas, 2010;<br />
Pirard et al., 2010). Um dos riscos de pagar alguns produtores por seus serviços<br />
prestados é que sugere que os outros todos que não receberem esses<br />
pagamentos não são obrigados a se comportar corretamente. Outro risco é<br />
a sugestão de que quem começa com PSA, mas depois deixa de receber<br />
a qualquer momento, tem direito de destruir. Existe, ademais, o problema<br />
do “carona”. Nesse caso, produtores rurais que não protegem a natureza<br />
beneficiam-se gratuitamente dos serviços prestados pelos produtores que<br />
sacrificam a produção em benefício <strong>da</strong> natureza.<br />
Existem também questões éticas fun<strong>da</strong>mentais. Seria correto pagar alguém<br />
para não fazer mal aos outros? As externali<strong>da</strong>des negativas não devem ser<br />
incorpora<strong>da</strong>s pelos produtores, em vez de serem simplesmente repassa<strong>da</strong>s<br />
aos contribuintes ou consumidores? Por outro lado, as externali<strong>da</strong>des positivas<br />
exigem remuneração? Se houver compensação, como pode ocorrer no caso de<br />
pagamentos internacionais, não há uma espécie de “indulgência”, pagando-se<br />
para poder continuar pecando (poluindo)?<br />
Quanto às transferências internacionais de novos e adicionais recursos<br />
financeiros de países desenvolvidos para países em desenvolvimento, podese<br />
insistir na cobrança, sem dúvi<strong>da</strong>, mas também não se deve esperar muito,<br />
especialmente no caso de países relativamente desenvolvidos como o Brasil,<br />
que ain<strong>da</strong> pretende ocupar um lugar de liderança mundial. Está claro que as<br />
priori<strong>da</strong>des dos doadores serão as pequenas ilhas e a África.<br />
É importante perceber que existem interesses econômicos por trás <strong>da</strong>s<br />
novas propostas. De um lado, mu<strong>da</strong>r o substantivo de desenvolvimento, com<br />
diversas dimensões (ao menos social e ambiental, se não outras) para “economia”<br />
pinça apenas uma <strong>da</strong>s dimensões. Tende a empoderar os economistas<br />
e seus “instrumentos econômicos” no lugar de regulação estatal, que é taxa<strong>da</strong><br />
de “comando e controle”. Natureza torna-se “capital natural”. Essa abor<strong>da</strong>gem<br />
teria um fundo corporativista profissional? De outro lado, muitos governos,<br />
empresários e ONGs estão buscando oportuni<strong>da</strong>des de negócios verdes e<br />
de administração dos fundos a serem estabelecidos.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
Governança internacional ou global, por sua vez, tende a empoderar o<br />
PNUMA ou uma agência sucessora para ganhar recursos financeiros e subir<br />
de status para se transformar em uma super-agência internacional especializa<strong>da</strong>,<br />
eventualmente com poder de polícia internacional. Se isso ocorrer,<br />
sua atuação seria em grande medi<strong>da</strong> controla<strong>da</strong> pelos doadores, os países<br />
desenvolvidos.