Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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49<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
Perspectivas<br />
internacionais para<br />
a transição para uma<br />
economia verde de<br />
baixo carbono<br />
Eduardo Viola<br />
baixa quali<strong>da</strong>de pela herança <strong>da</strong>s castas – com a presença de um importante<br />
movimento ambientalista, que contesta, com ambivalência até hoje, a posição<br />
oficial. A população média indiana tem uma orientação menos materialista que<br />
a chinesa por causa <strong>da</strong> religião e, por isso, é mais sensível ao estado do planeta.<br />
O governo <strong>da</strong> Índia é muito fragmentado e ineficiente, o que torna muito<br />
mais difícil que ocorra lá uma mu<strong>da</strong>nça na direção de menor intensi<strong>da</strong>de de<br />
carbono do que na China. A Índia, com 1,7 tonela<strong>da</strong>s de carbono per capita,<br />
não poderia ser deman<strong>da</strong><strong>da</strong> internacionalmente na mesma medi<strong>da</strong> que a China<br />
(6 tonela<strong>da</strong>s per capita) e o Brasil (10 tonela<strong>da</strong>s per capita) e teria, portanto,<br />
ain<strong>da</strong> significativo espaço de carbono a ser ocupado em detrimento de países<br />
desenvolvidos e de países de ren<strong>da</strong> média.<br />
A Rússia emite 2 bilhões de tonela<strong>da</strong>s de carbono equivalente por ano,<br />
correspondente a 5% <strong>da</strong>s emissões globais, 14 tonela<strong>da</strong>s por habitante e 1,3<br />
tonela<strong>da</strong> de carbono por ca<strong>da</strong> US$ 1.000 de PIB. A Rússia é uma economia<br />
com altas emissões per capita e alta intensi<strong>da</strong>de de carbono, constituindo<br />
um perfil único entre as grandes economias do mundo. É uma socie<strong>da</strong>de que<br />
enriqueceu bastante na última déca<strong>da</strong>, mas tem baixa eficiência energética e<br />
matriz energética fortemente basea<strong>da</strong> em combustíveis fósseis, sendo grande<br />
exportador de petróleo e gás. A Rússia ocupa uma posição extremamente<br />
singular no quadro mundial. Por ser uma economia cujo principal patrimônio<br />
é a superabundância de combustíveis fósseis, percebe-se como potencial<br />
perdedora na transição para uma economia de baixa intensi<strong>da</strong>de de carbono.<br />
Contudo, uma parte importante <strong>da</strong>s elites e formadores de opinião percebe –<br />
ao menos até o verão extrema<strong>da</strong>mente quente de 2010 – que o aquecimento<br />
global poderia lhes ser favorável, porque aumentaria extraordinariamente as<br />
terras agricultáveis.<br />
O Japão emite anualmente 1,6 bilhão de tonela<strong>da</strong>s de carbono equivalente,<br />
correspondentes a 3,5% do total mundial, 12 tonela<strong>da</strong>s por habitante e 0,15<br />
tonela<strong>da</strong>s de carbono por ca<strong>da</strong> US$ 1.000 de PIB. O Japão é, <strong>jun</strong>to com países<br />
<strong>da</strong> União Europeia como França, Suécia e Dinamarca, a economia com menor<br />
intensi<strong>da</strong>de de carbono do mundo, devido à altíssima eficiência energética e<br />
ao grande peso <strong>da</strong> energia nuclear na sua geração elétrica. O Japão tem uma<br />
opinião pública e uma parte importante do seu empresariado (Hon<strong>da</strong> e Toyota<br />
são emblemáticos) favoráveis a uma rápi<strong>da</strong> transição para uma economia de<br />
baixo carbono, mas seu papel de liderança na arena internacional está aquém<br />
<strong>da</strong>s suas potenciali<strong>da</strong>des devido à sua política externa de perfil baixo e, mais<br />
recentemente, aos efeitos negativos do acidente nuclear de Fukushima.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
A Indonésia aumentou suas emissões durante a primeira déca<strong>da</strong> do século,<br />
em função de amplo desmatamento de florestas de turfa com grande estoque<br />
de carbono. O Canadá tem o pior desempenho entre os países desenvolvidos.<br />
O grande crescimento <strong>da</strong> produção de petróleo na província de Alberta e o fato<br />
de que a exploração dos recursos naturais está regula<strong>da</strong> no nível provincial