Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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66<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
<strong>Econ</strong>omia verde na<br />
América Latina:<br />
as origens do debate<br />
nos trabalhos <strong>da</strong> CEPAL<br />
Márcia Tavares<br />
voltava a propor uma visão <strong>da</strong> crise – uma nova crise – como oportuni<strong>da</strong>de<br />
de mu<strong>da</strong>nça de rumos:<br />
“É possível encarar o assunto dos recursos ambientais, os recursos <strong>da</strong>dos<br />
pela natureza e os construídos, como uma maneira de estabelecer a ligação<br />
entre as políticas econômicas a curto prazo e a necessi<strong>da</strong>de de políticas de<br />
desenvolvimento a médio e longo prazo. Ou seja, o que eu estou sugerindo<br />
é que encaremos a crise como uma oportuni<strong>da</strong>de. Uma oportuni<strong>da</strong>de para<br />
a mobilização de recursos de tal forma que propicie uma mu<strong>da</strong>nça no estilo<br />
de crescimento, tendo em vista a satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des essenciais<br />
<strong>da</strong> população e a instauração de um processo de desenvolvimento sustentável,<br />
ou “consciente”.<br />
O artigo defendia a necessi<strong>da</strong>de de uma política que, contrariamente ao<br />
reajuste recessivo, fosse expansionista, embora seletiva; relacionasse políticas<br />
macroeconômicas com meio ambiente; e incluísse políticas específicas para<br />
temas sociais, para pequenas e médias empresas e para o desenvolvimento<br />
industrial. Advoga também por uma maior valorização dos recursos ambientais<br />
e naturais para a satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des presentes e futuras, o que<br />
permitiria influir em como os setores produtivos, determinantes na definição<br />
dos padrões de desenvolvimento, vêem o meio ambiente. Os rumos tomados<br />
nos anos 90 foram outros.<br />
4. Tr a n s f o r m a ç ã o p r o d u t iv a, e q u id a d e e m e i o<br />
a m b ie n t e, 1991<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
A questão <strong>da</strong> transformação produtiva foi um eixo central do trabalho <strong>da</strong><br />
CEPAL durante boa parte dos anos 1990. Construindo sobre a base teórica<br />
desenvolvi<strong>da</strong> desde o final dos anos 40, em 1990 a CEPAL propôs a “transformação<br />
produtiva com equi<strong>da</strong>de” como priori<strong>da</strong>de regional para a déca<strong>da</strong><br />
que começava (CEPAL, 1990, 2008; Bielschowsky, 1998). Propunha a transformação<br />
produtiva sustenta<strong>da</strong> em uma incorporação delibera<strong>da</strong> e sistemática<br />
do progresso técnico e aumento <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de como fatores <strong>da</strong> necessária<br />
competitivi<strong>da</strong>de internacional autêntica 8 . Enfatizava o caráter sistêmico <strong>da</strong><br />
competitivi<strong>da</strong>de e os vínculos entre empresas, sistema educativo, infraestrutura<br />
tecnológica, energética e de transportes, relações entre empregados e<br />
empregadores, o aparato institucional público e privado e o sistema financeiro.<br />
Argumentava que um clima macroeconômico apropriado e estável e uma<br />
política de preços corretos, embora necessários, não eram suficientes para<br />
deflagrar a transformação produtiva. A gestão macroeconômica deveria ser<br />
combina<strong>da</strong> com políticas setoriais, que pudessem induzir à transformação<br />
produtiva. Era necessário assegurar vínculos entre diferentes setores (explo-<br />
8. Conceito construído em oposição à competitivi<strong>da</strong>de espúria, basea<strong>da</strong> em degra<strong>da</strong>ção dos<br />
recursos naturais e baixa valorização dos recursos humanos.