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Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga

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146<br />

ECONOMIA VERDE<br />

Desafios e<br />

oportuni<strong>da</strong>des<br />

O desmatamento <strong>da</strong><br />

floresta amazônica:<br />

causas e soluções<br />

Bastiaan Reydon<br />

Mas o que importa é que existe a expectativa de que haverá deman<strong>da</strong> pela<br />

terra 7 , para ser utiliza<strong>da</strong> em algum momento do futuro, fazendo com que seus<br />

preços se elevem significativamente. E quanto mais próxima fisicamente a<br />

terra se encontra de regiões que permitam a utilização produtiva, maior será o<br />

seu preço. A valorização dessas terras ocorrerá à medi<strong>da</strong> que as expectativas<br />

vão se elevando.<br />

Nos vários estudos de Margulis (2000 e 2003) e na literatura já cita<strong>da</strong>, a<br />

questão <strong>da</strong> especulação com a terra aparece, mas normalmente está associa<strong>da</strong><br />

ao crescimento do preço <strong>da</strong> terra. Contudo, o crescimento do preço <strong>da</strong><br />

terra não significa necessariamente que está em an<strong>da</strong>mento um processo de<br />

especulação. Nesse sentido, efetivamente o preço <strong>da</strong> terra na região Norte,<br />

grosso modo, acompanha os movimentos do preço <strong>da</strong> terra do restante do<br />

país, não gerando grandes ganhos especulativos.<br />

A especulação com a terra que, conforme este artigo propõe, é o principal<br />

motor do desmatamento <strong>da</strong> floresta amazônica, dá-se de uma forma muito<br />

mais microeconômica e associa<strong>da</strong> à própria ocupação <strong>da</strong> terra, e pode ser<br />

muito mais claramente percebi<strong>da</strong> através de pesquisas de campo. O que<br />

ocorre, na reali<strong>da</strong>de, é que qualquer pessoa que adquire ou ocupa a terra<br />

com floresta tem a clara percepção que sua terra, isto é, seu investimento, se<br />

valoriza com o processo de desmatar. Na tabela 1 8 observa-se inicialmente<br />

que os preços <strong>da</strong> terra com mata nos diferentes estados variam entre R$ 108<br />

no Acre a R$ 546 no Mato Grosso. Observa-se aí também como os estados<br />

menos desmatados têm os preços mais baixos <strong>da</strong> terra, enquanto os estados<br />

do Mato Grosso, Pará e Rondônia têm os preços mais elevados.<br />

Mas a conclusão mais importante que se tira <strong>da</strong> tabela é que em todos os<br />

estados o desmatamento sempre valoriza a proprie<strong>da</strong>de significativamente,<br />

sendo que, na média desses estados, o desmatamento mais que quadruplica<br />

o valor <strong>da</strong> terra. Isso ocorre porque o preço <strong>da</strong> terra ain<strong>da</strong> é fun<strong>da</strong>mentalmente<br />

fruto <strong>da</strong>s expectativas dos ganhos produtivos decorrentes <strong>da</strong> agropecuária<br />

associados a ela, sendo que nas terras desmata<strong>da</strong>s seu uso pode ocorrer<br />

imediatamente e sem custos de desmatar.<br />

No caso mais extremo, que é o do Acre, o desmatamento multiplica esse<br />

valor por mais de 14 vezes, enquanto no estado do Amazonas multiplica o<br />

valor <strong>da</strong> terra por quase 10 vezes. Poucos investimentos têm retornos tão<br />

elevados quanto esses.<br />

Nº 8 • Junho 2011<br />

7. Esta é decorrente do aumento de preços <strong>da</strong> arroba do boi gordo, <strong>da</strong> soja ou mesmo do<br />

anúncio de que o país será o maior produtor de álcool do mundo. No período recente esses<br />

fatores convergiram, fazendo com que a deman<strong>da</strong> por terras crescesse mais ain<strong>da</strong> e seus<br />

preços também, pressionando ain<strong>da</strong> mais o desmatamento.<br />

8. A metodologia <strong>da</strong> empresa de agronegócios Agra FNP coleta preços médios em regiões<br />

homogêneas dos estados citados, usando uma terminologia não homogênea. Para as<br />

matas agregamos as chama<strong>da</strong>s matas, matas de fácil acesso e de difícil acesso. Para as<br />

pastagens utilizamos as pastagens forma<strong>da</strong>s (fácil e difícil acessos), pastagens forma<strong>da</strong>s de<br />

alto suporte e pastagens forma<strong>da</strong>s de baixo suporte.

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