Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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162<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
A transição para uma<br />
economia verde no<br />
direito brasileiro:<br />
perspectivas e desafios<br />
Carlos Teodoro J.<br />
Hugueney Irigaray<br />
de carbono, são responsáveis por cerca de 18% do total estimado dos gases<br />
do efeito estufa em todo o mundo. 11<br />
Desse modo, conter o desmatamento e as queima<strong>da</strong>s passa a ser uma<br />
necessi<strong>da</strong>de global de mu<strong>da</strong>nça para uma economia de baixo carbono.<br />
Especialmente em nosso país esse desafio também é prioritário, sobretudo<br />
em função <strong>da</strong>s eleva<strong>da</strong>s taxas de desmatamento especialmente na região<br />
amazônica, onde mais de 70% do desmatamento resulta de formação de<br />
pastagens.<br />
Ao analisar o risco de expansão dos biocombustíveis na Amazônia assinalamos:<br />
“Da área de floresta existente no território brasileiro, 20% já foram desmatados,<br />
o que corresponde a 67 milhões de hectares. Apesar <strong>da</strong>s ações<br />
governamentais direciona<strong>da</strong>s para reverter o avanço <strong>da</strong> fronteira agrícola<br />
sobre a floresta, as taxas de desmatamento mantêm-se eleva<strong>da</strong>s. Segundo<br />
o INPE, no período de 2007/2008 a área desmata<strong>da</strong> equivaleu a 11.968 km²<br />
e, embora se constate uma gra<strong>da</strong>tiva redução desse percentual, ele pode<br />
estar associado à con<strong>jun</strong>tura do mercado, e não há nenhuma segurança<br />
de que o desmatamento será contido com o aquecimento <strong>da</strong> economia,<br />
mesmo porque a ausência do aparelho de Estado na Amazônia é um dos<br />
fatores que agrava o quadro atual, caracterizado pela grilagem de terras,<br />
desmatamento ilegal, violência e trabalho escravo” (Irigaray, 2010).<br />
Esse quadro de degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> floresta amazônica segue impulsionado<br />
principalmente pela pecuária extensiva e pela ativi<strong>da</strong>de madeireira. Estudos<br />
realizados pelo Imazon revelam que a variação dos índices de desmatamento<br />
na Amazônia Legal oscila de acordo com as cotações do boi e <strong>da</strong> soja, ou seja,<br />
quanto maior o valor dos produtos, maiores são as taxas de desmatamento.<br />
Ain<strong>da</strong> de acordo com esse estudo, cerca de 3/4 do desmatamento ocorrido<br />
nos últimos anos cedeu lugar a pastos que ocupam cerca de 75% a 81% do<br />
total desmatado entre 1990 e 2005 (Barreto et al., 2008).<br />
A falta de uma política agrícola que dialogue com a gestão ambiental evidencia<br />
a fragili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s políticas públicas para a região e mantém latente o<br />
risco de que as taxas de desmatamento voltem a subir, conforme também<br />
observa Paulo Moutinho (2009):<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
“Alguns estudos recentes demonstram que o desmatamento amazônico,<br />
apesar <strong>da</strong> recente redução nas suas taxas, poderá aumentar nas déca<strong>da</strong>s<br />
que estão por vir (Soares et al., 2006). Estima-se que mais <strong>da</strong> metade <strong>da</strong><br />
Amazônia brasileira estará desmata<strong>da</strong> ou degra<strong>da</strong><strong>da</strong> em decorrência <strong>da</strong><br />
exploração de madeira e do fogo, caso o padrão de ocupação siga a trajetória<br />
<strong>da</strong>s últimas duas déca<strong>da</strong>s.”<br />
11. IPCC (2007).