Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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160<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
A transição para uma<br />
economia verde no<br />
direito brasileiro:<br />
perspectivas e desafios<br />
Carlos Teodoro J.<br />
Hugueney Irigaray<br />
com menos de US$ 1 por dia em 1999, de acordo com a Nota de Informação<br />
<strong>da</strong> Conferência <strong>da</strong>s Nações Uni<strong>da</strong>s para o Comércio e o Desenvolvimento. 6<br />
O Brasil encontra-se em posição privilegia<strong>da</strong> entre os países em desenvolvimento,<br />
mas os índices de pobreza subsistem elevados e há uma significativa<br />
desigual<strong>da</strong>de de ren<strong>da</strong>, que precisa ser supera<strong>da</strong> como forma de reduzir a<br />
pressão sobre os recursos naturais, a falta de saneamento e assegurar uma<br />
melhoria na quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>.<br />
De acordo com pesquisa conduzi<strong>da</strong> pelo IPEA 7 , o quadro nacional apresenta<br />
expressiva melhora na redução <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des sociais, mas o problema<br />
ain<strong>da</strong> é grave. O estudo aponta que, de 1995 até 2008, 13 milhões de pessoas<br />
saíram <strong>da</strong> miséria no país, o que possibilitou reduzir à metade o número de<br />
pessoas nessas condições, considerando nesse caso o número de famílias<br />
com rendimento por pessoa de até 1/4 do salário mínimo mensal. Contudo, o<br />
país ain<strong>da</strong> contabiliza cerca de 7,5 milhões de brasileiros com ren<strong>da</strong> domiciliar<br />
per capita inferior a US$ 1 PPC por dia.<br />
Esse percentual é muito maior quando se considera a proporção de brasileiros<br />
em pobreza absoluta, que segundo o IPEA é de 28,8%. Nesse percentual<br />
se inserem os membros de famílias com rendimento médio por pessoa de até<br />
meio salário mínimo mensal (cerca de US$ 5 por dia).<br />
Cabe salientar que o relatório <strong>da</strong> ONU “Nosso futuro comum” já assinalara<br />
que a poluição não decorre apenas do desenvolvimento, mas resulta também<br />
<strong>da</strong> pobreza que impõe a favelização, a falta de saneamento, a ocupação de<br />
áreas de risco e a falta de educação, entre outras consequências.<br />
Os desafios a serem enfrentados para a redução <strong>da</strong> pobreza no país, de<br />
acordo com a pesquisa conduzi<strong>da</strong> pelo IPEA 8 , resultam, sobretudo, <strong>da</strong> falta<br />
de acesso aos alimentos, decorrente do baixo poder aquisitivo de milhões de<br />
brasileiros, problema que é agravado por uma série de outros fatores, como<br />
condições inadequa<strong>da</strong>s de saneamento básico, baixos níveis de educação e<br />
serviços de saúde deficientes.<br />
Na área do saneamento os indicadores do Brasil urbano (80,5% de moradores<br />
urbanos atendidos por saneamento adequado) são inferiores aos <strong>da</strong>s<br />
áreas urbanas de países como a Jamaica (82%), segundo <strong>da</strong>dos <strong>da</strong>s Nações<br />
Uni<strong>da</strong>s 9 . Apesar dos avanços na última déca<strong>da</strong>, o relatório acrescenta que “a<br />
falta de uma solução adequa<strong>da</strong> para o esgoto doméstico ain<strong>da</strong> atinge cerca<br />
de 31 milhões de moradores nas ci<strong>da</strong>des”.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
Já no Brasil rural não só a situação é pior como a melhoria tem sido mais<br />
lenta. Em 2008, 76,9% <strong>da</strong> população não tinha acesso adequado a esgoto;<br />
6. UNCTAD (2004).<br />
7. Presidência <strong>da</strong> República (2007).<br />
8. Idem.<br />
9. UNCTAD (2004).