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Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga

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127<br />

ECONOMIA VERDE<br />

Desafios e<br />

oportuni<strong>da</strong>des<br />

Agricultura para uma<br />

economia verde<br />

Ademar Ribeiro Romeiro<br />

2.1 Os princípios ecológicos <strong>da</strong>s práticas agroecológicas<br />

Pode-se dizer que as práticas agrícolas modernas evoluíram em resposta a<br />

estímulos econômicos provenientes <strong>da</strong>s vantagens <strong>da</strong> monocultura em termos<br />

<strong>da</strong> organização e <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de do trabalho agrícola e <strong>da</strong> perspectiva de<br />

ganho com a especialização na produção do produto mais rentável 13 . Tecnicamente<br />

isso foi possível por meio <strong>da</strong> introdução de procedimentos químicomecânicos<br />

que se revelaram eles próprios degra<strong>da</strong>ntes <strong>da</strong> base produtiva.<br />

É preciso ter claro que a monocultura contraria uma regra básica na natureza,<br />

segundo a qual diversi<strong>da</strong>de é sinônimo de estabili<strong>da</strong>de. Quanto mais<br />

simplificado for um determinado ecossistema, maior a necessi<strong>da</strong>de de fontes<br />

exógenas de energia e matéria para manter o equilíbrio. A monocultura provoca<br />

um profundo desequilíbrio, tanto do ponto de vista <strong>da</strong> cobertura vegetal<br />

(infestações de pragas) como <strong>da</strong>quele <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des física, química e biológica<br />

do solo.<br />

Os fatores desestabilizadores ganham força e obrigam o agricultor a recorrer<br />

a técnicas intensivas em energia para manter as condições favoráveis ao desenvolvimento<br />

dos vegetais. Entretanto, essas soluções técnicas não buscam<br />

eliminar as causas do desequilíbrio, mas apenas contornar seus efeitos sobre<br />

os rendimentos. A eficácia inicial dessas técnicas e procedimentos tornou a<br />

grande maioria dos especialistas extremamente otimista.<br />

A experiência mostrou, entretanto, que não havia razão para esse otimismo.<br />

Na França, por exemplo, devido à baixa geral <strong>da</strong> taxa de matéria orgânica, a<br />

estrutura física dos solos tornou-se ca<strong>da</strong> vez mais suscetivel à ação de fatores<br />

climáticos, bem como à passagem de máquinas e equipamentos pesados – cujo<br />

uso, por sua vez, se fez necessário para descompactar solos mais suscetíveis<br />

à compactação devido ao baixo teor de matéria orgânica!<br />

Em outras palavras, a degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong> estrutura física do solo provoca<br />

uma contradição permanente no nível <strong>da</strong>s intervenções que visam modificar<br />

favoravelmente as condições de abastecimento de água e nutrientes para as<br />

plantas: quanto mais o solo se degra<strong>da</strong>, menos se pode contar com fatores<br />

naturais (serviços ecossistêmicos) para se obter as condições necessárias<br />

para o cultivo, as quais têm que ser obti<strong>da</strong>s por meio de intervenções químicomecânicas<br />

que também contribuem para a degra<strong>da</strong>ção. No entanto, é preciso<br />

ter claro que essas inovações não resolvem a contradição, na medi<strong>da</strong> em que<br />

se destinam a contornar os efeitos <strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção do meio sobre a produtivi<strong>da</strong>de,<br />

sem tocar nas causas dos problemas.<br />

Nº 8 • Junho 2011<br />

É preciso enfrentá-los com a adoção de práticas agrícolas que manejem a<br />

natureza e não lutem contra ela! Um ecossistema agrícola implica forçosamente<br />

a simplificação do ecossistema original. Por essa razão é necessário que o<br />

13. Ver Romeiro (1991, 1998) para uma análise histórica desse processo.

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