Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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79<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
O Brasil e a<br />
economia verde:<br />
um panorama<br />
Francisco Gaetani<br />
Ernani Kuhn<br />
Renato Rosenberg<br />
território e 10% <strong>da</strong> área mundial de florestas (Governo Federal, 2008). Além<br />
dessa grande dimensão, suas matas são bastante diversifica<strong>da</strong>s, pois o país<br />
detém a floresta amazônica, as florestas de araucárias, as florestas estacionais,<br />
as florestas tropicais atlânticas, a Caatinga, as campinaranas e o Cerrado, que<br />
o tornam o país com a maior biodiversi<strong>da</strong>de do globo – os outros dois com<br />
características próximas são a Indonésia e o Congo.<br />
Em termos de recursos hídricos, o Brasil também apresenta indicadores de<br />
relevância global: dispõe de aproxima<strong>da</strong>mente 12% <strong>da</strong> disponibili<strong>da</strong>de hídrica<br />
superficial do planeta, conforme a ANA, para o que a região amazônica contribui<br />
com quase 75% (MMA, 2010). Além <strong>da</strong> riqueza genética, deriva<strong>da</strong> <strong>da</strong> biodiversi<strong>da</strong>de<br />
do país, cabe o registro também de um invejável patrimônio de recursos<br />
naturais – em volume de jazi<strong>da</strong>s e heterogenei<strong>da</strong>de de recursos – comparável<br />
apenas ao <strong>da</strong> Rússia, dos Estados Unidos, do Canadá e <strong>da</strong> Austrália.<br />
O Brasil vem desenvolvendo uma série de instrumentos institucionais,<br />
econômicos e tecnológicos destinados a preservar e a utilizar de maneira<br />
mais racional e sustentável esses recursos. Esse esforço é recente, embora<br />
tenha ganhado impulso nos últimos 25 anos. O desafio hoje é tirar proveito do<br />
esforço acumulado em prol <strong>da</strong> preservação ambiental e do desenvolvimento<br />
socioeconômico, de modo a se aproveitar a janela de oportuni<strong>da</strong>de global que<br />
está se abrindo pelo e para o Brasil.<br />
Um exemplo de iniciativa de destaque é o histórico brasileiro de utilização<br />
do álcool combustível, agora comumente conhecido também como etanol. As<br />
pesquisas para utilizar o álcool derivado <strong>da</strong> cana-de-açúcar em motores de<br />
automóveis se iniciaram na déca<strong>da</strong> de 1920 (Magalhães e Schartzman, 1981).<br />
Já na déca<strong>da</strong> de 1930, foi promulgado o Decreto nº 19.717, de 20 de fevereiro<br />
de 1931, tornando obrigatória a adição do álcool à gasolina. A primeira crise do<br />
petróleo em 1973 levou a um estrangulamento energético no país. Por meio do<br />
Programa Nacional do Álcool (Pró-Álcool), o Brasil foi mobilizado para produzir<br />
o álcool destinado à mistura com a gasolina em um primeiro momento e, posteriormente,<br />
para ser utilizado diretamente como combustível em larga escala,<br />
colocando o Brasil em uma posição distinta em relação ao mundo. Nos últimos<br />
anos, os chamados carros flex (bicombustíveis) já alcançaram participação<br />
relevante na frota de veículos vendidos no país, mu<strong>da</strong>ndo significativamente<br />
o perfil do consumo de combustíveis, ao consoli<strong>da</strong>r a possibili<strong>da</strong>de do uso de<br />
etanol em substituição à gasolina e ao afetar as características de deman<strong>da</strong><br />
desse mercado, onde consumidores passaram a ter opção de escolha.<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
Tais iniciativas não tiveram como objetivo a proteção do meio ambiente. Hoje,<br />
por outro lado, têm importância significativa na estratégia brasileira de realizar<br />
uma transição para uma economia verde. No caso do álcool, esse combustível<br />
tem um balanço de emissões de gases do efeito estufa muito menor que seu<br />
principal concorrente, a gasolina.