Revista-Politica-Ambiental-jun-Econ-Verde.pdf - José Eli da Veiga
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50<br />
ECONOMIA VERDE<br />
Desafios e<br />
oportuni<strong>da</strong>des<br />
Perspectivas<br />
internacionais para<br />
a transição para uma<br />
economia verde de<br />
baixo carbono<br />
Eduardo Viola<br />
e não federal são os principais fatores explicativos do atraso canadense. O<br />
México adotou em 2007, sob a presidência de Calderón, um plano nacional<br />
de mu<strong>da</strong>nças climáticas avançado e assumiu uma posição internacional de<br />
vanguar<strong>da</strong>, mas a nova retórica não tem correspondência forte no comportamento<br />
dos agentes econômicos. Em 2008, a África do Sul anunciou metas de<br />
estabilização e pico de emissões, colocando-se à frente dos grandes países<br />
emergentes pertencentes ao G77. A Coreia do Sul manteve nos últimos anos<br />
um perfil que a situa na vanguar<strong>da</strong> na transição para uma economia de baixo<br />
carbono. Arábia Saudita tem mantido historicamente uma posição muito conservadora<br />
nas negociações internacionais e tem exercido um papel decisivo<br />
na regulação do preço de petróleo devido à sua capaci<strong>da</strong>de de exploração e<br />
refino ser muito superior à produção média, o que lhe permite aumentar rapi<strong>da</strong>mente<br />
a produção em função de choques de deman<strong>da</strong> ou de oferta. Isso é<br />
de fun<strong>da</strong>mental importância, porque o nível do preço internacional do petróleo<br />
é essencial para o desenvolvimento amplo de investimentos em energias<br />
limpas. Poderia-se dizer que a Arábia Saudita tenderá sempre, na defesa de<br />
seu estreito interesse nacional, a evitar uma subi<strong>da</strong> excessiva do preço do<br />
petróleo por um período prolongado, o que aceleraria extraordinariamente os<br />
investimentos em energias renováveis.<br />
Em síntese, à luz <strong>da</strong> con<strong>jun</strong>tura de maio de 2011, a formação de uma aliança<br />
descarbonizante vitoriosa no mundo depende, em primeiro lugar, de mu<strong>da</strong>nças<br />
positivas nos EUA e, depois, de uma aceleração <strong>da</strong> nova política energética<br />
chinesa inicia<strong>da</strong> em 2008. As mu<strong>da</strong>nças nos EUA afetariam positivamente a<br />
China num timing relativamente rápido. Uma vez produzi<strong>da</strong>s essas mu<strong>da</strong>nças<br />
nos EUA e China, uma coalizão de EUA, União Europeia, Japão, China,<br />
Brasil, Coreia do Sul, México e África do Sul poderia constranger a Rússia,<br />
Índia, Arábia Saudita e Indonésia a acelerar medi<strong>da</strong>s descarbonizantes nas<br />
suas respetivas economias. As negociações substanciais desse processo<br />
aconteceriam em múltiplas arenas – bilaterais EUA-China, China-UE e<br />
EUA-UE, trilaterais (EUA, China, UE) e plurilaterais (G20, no qual Coreia do<br />
Sul e Brasil poderiam ter um ativo e crucial papel reformista frente a outras<br />
potências médias conservadoras) – e, finalmente, seriam legitima<strong>da</strong>s no âmbito<br />
multilateral <strong>da</strong> ONU.<br />
2. Am é r ic a d o Su l n a t r a n s iç ã o p a r a u m a<br />
e c o n o m ia d e b a ix o c a r b o n o<br />
Nº 8 • Junho 2011<br />
A América do Sul emite anualmente aproxima<strong>da</strong>mente 3 bilhões de tonela<strong>da</strong>s<br />
de dióxido de carbono equivalentes. As emissões de dióxido de carbono<br />
(indústria, energia, transporte, desmatamento e mu<strong>da</strong>nça do uso <strong>da</strong> terra);<br />
metano (pecuária, lixo, reservatórios hidrelétricos) e óxido nitroso (fertilizantes<br />
na agricultura) soma<strong>da</strong>s <strong>da</strong> região totalizaram, em 2009, aproxima<strong>da</strong>mente<br />
7% <strong>da</strong>s emissões globais de carbono. Uma singulari<strong>da</strong>de <strong>da</strong> América do Sul