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cultura e política em cuba sob o prisma da revista - UFG

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105com sua cota de sacrifícios e de colaboração para se construir outra socie<strong>da</strong>de, alcançando oideal de “hom<strong>em</strong> novo” e encorajando a posição de uma nação combativa e resistente à lutainternacional antiimperialista.Para r<strong>em</strong>odelar esse novo projeto nacional e manter estável sua estruturaideológica, o governo <strong>cuba</strong>no t<strong>em</strong> persuadido o desejo social de pereni<strong>da</strong>de revolucionária,valorizando uma existência coletiva <strong>em</strong> sua unici<strong>da</strong>de e totali<strong>da</strong>de. Reforça-se, então, odiscurso oficial que busca administrá-la numa perspectiva de construção identitária de um ser“social”, “coletivo”, comprometido com a Revolução. Mas como a heterogenei<strong>da</strong>de é umacondição histórica real, então é inevitável sua eluci<strong>da</strong>ção <strong>em</strong> diversos contextos. Não há,portanto, como destruí-la por completo.A apropriação de uma história presente presa ao passado, justificadora dos atosoficiais pela perpetuação <strong>da</strong> idéia originária <strong>da</strong> Revolução, l<strong>em</strong>bra uma reflexão significativade Édouard Glissant <strong>sob</strong>re os movimentos <strong>da</strong> colonização do mundo que colocaram <strong>em</strong>contato “<strong>cultura</strong>s atávicas”, ca<strong>da</strong> uma estabeleci<strong>da</strong> por uma idéia de “Gênese”, de “Criação”ou um “Mito” fun<strong>da</strong>dor de sua <strong>cultura</strong>. Tais <strong>cultura</strong>s fun<strong>da</strong>mentam sua legitimi<strong>da</strong>de porpretender principiar um processo histórico que o tomam como exclusivi<strong>da</strong>de originária eabsoluta e procuram estender sua dominação, impondo às d<strong>em</strong>ais sua autori<strong>da</strong>de. Ain<strong>da</strong> que,refira-se ao contexto <strong>da</strong> colonização, ao <strong>em</strong>bate que esta provocou entre as <strong>cultura</strong>s“superiores” e “inferiores”, aos olhos do colonialismo, sua repercussão na heterogenei<strong>da</strong>de<strong>cultura</strong>l atual é oportuna para o que nos interessa mencionar neste estudo, a visão de uma<strong>cultura</strong> regi<strong>da</strong> pelo princípio de totali<strong>da</strong>de com base numa conquista histórica passa<strong>da</strong>. Emseu capítulo “Répétitions”, Glissant diz:L’idée de l’appartenance atavique aide à supporter la misère et renforce lecourage qu’on met à combattre la servitude et l’oppression. Dans une sociétécomposite où les éléments de culture sont hierarchisés, où l’un d’entre euxest infériorisé par rapport aux autres, le réflexe naturel et le seul possible estvaloriser cet élément sur ce mode atavique, à la recherche d’un equilibre,d’une certitude, d’une pérenité. 168A “idéia de pertencimento atávico” descrito por Glissant se encontra <strong>em</strong> parte noimaginário <strong>cuba</strong>no, que t<strong>em</strong> a Revolução como esteio para aglutinar a socie<strong>da</strong>de, manter seuequilíbrio <strong>em</strong> torno de uma conquista que se transformou <strong>em</strong> mito que protege a nação de168 GLISSANT, Édouard. Traité du Tout-Monde.Poétique IV. Gallimard. France.1997, pp. 36-37

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