44ilustrar a presença dessa concepção no contexto dos anos 1960, o próprio supl<strong>em</strong>ento ElCaimán Barbudo 54 foi traduzido por Jesús Díaz como Cuba Revolucionária, ou seja, seuscolaboradores pretendiam uma literatura engaja<strong>da</strong>, volta<strong>da</strong> para o contexto revolucionário,porém diferenciado do modelo soviético. 55Jesús Díaz e d<strong>em</strong>ais m<strong>em</strong>bros do El Caimán foram destituídos <strong>em</strong> 1967 peladireção <strong>da</strong> União <strong>da</strong> Juventude Comunista, que na época revisava os artigos desse supl<strong>em</strong>entoe os acusava de “diversionismo ideológico” e “opiniones conflictivas”, como relata JesúsDíaz. São denominações características, do ponto de vista do governo, de divergências decunho anti-revolucionário, que justificavam as represálias contra qualquer pensamentodiferente <strong>da</strong> Revolução.Contribuiu para este desfecho, a persistência de Jesús <strong>em</strong> publicar no supl<strong>em</strong>entoEl Caimán um artigo de Heberto Padilla, tecendo elogios ao livro Tres Tristes Tigres deGuillermo Cabrera Infante – um dos primeiros escritores <strong>cuba</strong>nos de grande destaqueinternacional na literatura a romper com o castrismo – e, <strong>em</strong> contraparti<strong>da</strong>, criticava a novelaPasión de Urbino de Lisandro Otero, o então Ministro <strong>da</strong> Cultura do Estado Cubano. 56 Esseepisódio tenha sido talvez o primeiro dos desacordos que Jesús Díaz viria enfrentar com oregime de Fidel Castro, pois criou um fato político ao divulgar uma literatura dissidente etecer críticas à literatura engaja<strong>da</strong>. 57Aos 24 anos, Jesús Díaz, recebeu o Prêmio Casa de las Américas com apublicação de seu livro de contos Los años duros (1966). Neste livro, Jesús Díaz procurouestabelecer uma relação entre literatura e sua influência no campo <strong>da</strong> luta política, como ele54 El Caimán Barbudo fez parte de uma <strong>da</strong>s tentativas dos escritores <strong>cuba</strong>nos, no início <strong>da</strong> Revolução, <strong>em</strong>apresentar um discurso inovador e distinto do realismo socialista. Surgiu logo após o fechamento pelo governodo editorial El Puente, <strong>em</strong> 1965, por propor um espaço aberto ao debate e às polêmicas. Mas, <strong>em</strong> 1967, ogoverno decretou a troca do conselho editorial, permanecendo a publicação até os dias de hoje com o mesmonome, <strong>sob</strong> a direção oficial.Outra iniciativa dos intelectuais <strong>cuba</strong>nos, anterior ao El Caimán, <strong>em</strong> participar de modo diferenciado e crítico foia publicação do supl<strong>em</strong>ento Lunes de Revolución, quatro meses após a Revolução, que contava com aparticipação de intelectuais <strong>cuba</strong>nos e estrangeiros. Lunes também sofreu a ação repressiva do governo <strong>em</strong> 1961<strong>em</strong> nome do programa <strong>cultura</strong>l nacional que, segundo o governo, deveria priorizar as necessi<strong>da</strong>des do povo. Ofechamento de Lunes de Revolución levou ao pronunciamento de Fidel Castro aos escritores <strong>cuba</strong>nos, conhecidocomo Palabras a los intelectuales. Nesse discurso Fidel d<strong>em</strong>arca a posição que os intelectuais <strong>cuba</strong>nos dev<strong>em</strong>assumir na socie<strong>da</strong>de (discurso mencionado na nota de ro<strong>da</strong>pé <strong>da</strong> Introdução, p. 12, e citado no capítulo trêsdesta dissertação, pp. 71-72).55 DÍAZ, Jesús. El fin de otra ilusión. Revista Encuentro... vol. 16/17. Madrid. 2000. p.10756 ROJAS, Rafael. In m<strong>em</strong>orian. Jesús Díaz: el intelectual redimido. Disponível <strong>em</strong>:istor.cide.edu/archivos/num. 2002.57 DÍAZ, Jesús. El fin de otra ilusión. Revista Encuentro… Madrid. 2000. Vol. 16/17. p.110
45mesmo afirmou <strong>em</strong> seu artigo El lugar imposible: “Pretendíamos vincular la literatura a unavocación liberadora universal en el terreno político.” 58Esse pronunciamento configura sua adesão literária e política à RevoluçãoCubana, que Gustavo Guerrero compreende como uma fase de “ilusión” de sua narrativa:“Los años duros fue el tributo literario de su t<strong>em</strong>prana adhesión a la Revolución <strong>cuba</strong>na: unlibro en el cual los aciertos y los desaciertos traducen por igual la fe y las ilusiones delmuchacho que lo escribió.” 59 E o próprio Jesúz Díaz faz uma autocrítica acerca deste livro,julgando-o “juvenil” e “prescindível” <strong>em</strong> um artigo do ano de 2000 na Encuentro de laCultura Cubana. 60Durante o período de 1967 a 1971, Jesús Díaz foi m<strong>em</strong>bro do conselho de re<strong>da</strong>ção<strong>da</strong> <strong>revista</strong> teórica Pensamento Crítico. Em 1967 ele foi convi<strong>da</strong>do a participar docinqüentenário <strong>da</strong> Revolução de Outubro <strong>em</strong> Moscou pela União de Escritores Soviéticos e,<strong>em</strong> 1968, tornou-se m<strong>em</strong>bro do Partido Comunista de Cuba. Colaborou com diferentespublicações <strong>cultura</strong>is como Casa de las Américas, Boh<strong>em</strong>ia, OCLAE (Cuba), La RosaBlin<strong>da</strong><strong>da</strong> (Argentina), Partisans, Les Lettres Françaises (França).Pensamento Crítico surgiu no Departamento de Filosofia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de deHavana dirigi<strong>da</strong> por Fernando Martínez juntamente com Jesús Díaz, Aurélio Alonso, UgoAzcuy e José Bell Lara. A <strong>revista</strong>, nas palavras de Díaz:consistia en contribuir a rescatar la riqueza original del marxismo paraconectarla con sus desarrollos históricos y cont<strong>em</strong>poráneos en Europa ytambién con las <strong>cultura</strong>s <strong>cuba</strong>na y latinoamericana, y utilizar el resultadocomo un arma “carga<strong>da</strong> de futuro. 61Por ser uma publicação do departamento de Filosofia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de de Havana,ela poderia possuir certa autonomia <strong>em</strong> suas produções, pois não estava vincula<strong>da</strong> a nenhumainstância direta do Partido Comunista Cubano. Entretanto, o que se veiculava era de que aRevolução deveria ter <strong>revista</strong>s representativas de seus ideais e subentendia-se que PensamentoCrítico seria sua porta-voz, porque era custea<strong>da</strong> pelo Estado por intermédio <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de.Mesmo manti<strong>da</strong> ou financia<strong>da</strong> pelo Estado e <strong>sob</strong> a inspeção de assessores soviéticos, apublicação buscou preservar sua autonomia durante os cinco anos de sua edição, conforme58 DÍAZ, Jesús. El lugar imposible. Jesús Díaz: ilusión y desilusión. Gustavo Guerrero. Revista Encuentro…Madrid. 2002. Vol. 25. p.1059 GUERERO, Gustavo. Jesús Díaz: ilusión y desilusión. Revista Encuentro… Madrid. 2002. Vol.25. p.1360 DÍAZ, Jesús. El fin de otra ilusión. Revista Encuentro… Madrid. 2000. Vol. 16/17. p.10661 Ibid<strong>em</strong>. p.113
- Page 1 and 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁSFACUL
- Page 3 and 4: 3Goiânia2006MARIA MARTHA LUÍZA CI
- Page 5 and 6: 5AGRADECIMENTOSÀ professora e orie
- Page 7 and 8: 7RESUMOO objetivo deste trabalho é
- Page 9 and 10: 9LISTA DE TABELASNúmero Descriçã
- Page 11 and 12: 111. INTRODUÇÃORetratar a histór
- Page 13: 13Ou seja, que outros discursos tê
- Page 16 and 17: 16especificidades da fundação da
- Page 18 and 19: 18movimento de imagens e reflexões
- Page 20 and 21: 20discurso representativo alerta pa
- Page 22 and 23: 22As referências teóricas sobre e
- Page 24 and 25: 24O momento da globalização apres
- Page 26 and 27: 26aproximadamente 34% do PIB. Diant
- Page 28 and 29: 28Holly Ackerman, que aspiravam con
- Page 30 and 31: 30da cultura cubana tem sido criar
- Page 32 and 33: 32perderam seus bens e capitais e b
- Page 34 and 35: 34acolhimento da produção narrati
- Page 36 and 37: 36da identidade cultural cubana par
- Page 38 and 39: 38Tabela 1: Fundadores da Revista E
- Page 40 and 41: 40de la diáspora y otros especiali
- Page 42 and 43: 422.4. JESÚS DÍAZ E SUA ÉPOCAA v
- Page 46 and 47: 46aspiravam seus colaboradores. Mas
- Page 48 and 49: 48Outro fator relevante para sua de
- Page 50 and 51: 50As tabelas abaixo mostrarão o qu
- Page 52 and 53: 52Tabela 2.2: Colaboradores Cubanos
- Page 54 and 55: 54sociedad una de sus principales l
- Page 56 and 57: 56En nuestras páginas hallarán ca
- Page 58 and 59: 58VENEZUELA 3 0,60Total 499 100Font
- Page 60 and 61: 60GEÓGRAFO 1 0,20HISTORIADOR(A) 34
- Page 62 and 63: 62temas dos artigos levou à compre
- Page 64 and 65: 64De um modo geral, os dados acima
- Page 66 and 67: 66contexto cubano atual está regis
- Page 68 and 69: 68mediar uma representação cultur
- Page 70 and 71: 70reflete sobre o caráter transgre
- Page 72 and 73: 72intereses de la nación entera, n
- Page 74 and 75: 74Na perspectiva da chamada histór
- Page 76 and 77: 76que se repite (1989), explicita a
- Page 78 and 79: 78Nuestra aspiración es abrir una
- Page 80 and 81: 80várias histórias e culturas int
- Page 82 and 83: 82se a estigmatização de seu opos
- Page 84 and 85: 84efectiva mi gestión promoviendo
- Page 86 and 87: 86atitude fundamentalmente própria
- Page 88 and 89: 88“With the Cold War over and new
- Page 90 and 91: 90Gastón Baquero interessa como es
- Page 92 and 93: 923.2. EXÍLIO - A IDENTIDADE DO OU
- Page 94 and 95:
94territorial e identitário único
- Page 96 and 97:
96partir do movimento de emigrados
- Page 98 and 99:
98Enfim, o que está sendo ressigni
- Page 100 and 101:
100empreendimento limitador por que
- Page 102 and 103:
102Raul Rivero 159 expressa um outr
- Page 104 and 105:
104These formations have all been o
- Page 106 and 107:
106qualquer ameaça de um possível
- Page 108 and 109:
108En Cuba, cada escritor o artista
- Page 110 and 111:
110mais privada das emoções priva
- Page 112 and 113:
112Encuentro de la Cultura Cubana c
- Page 114 and 115:
114Em uma resenha produzida por Man
- Page 116 and 117:
116referem diretamente à experiên
- Page 118 and 119:
118mencionados. Há um trecho em se
- Page 120 and 121:
120...Cuba es un país gravemente e
- Page 122 and 123:
122Numa entrevista a Tomás Gutiér
- Page 124 and 125:
124categorias mais do que mencionar
- Page 126 and 127:
126diante da impossibilidade da qua
- Page 128 and 129:
128Essa correlação configura uma
- Page 130 and 131:
130segundo capítulo, também confi
- Page 132 and 133:
132incluido no conjunto de assinatu
- Page 134 and 135:
134Por cortesía de Eduardo Muñoz
- Page 136 and 137:
136confirmada pela carta de Jeanett
- Page 138 and 139:
138Na carta de Rolando Sánchez Mej
- Page 140 and 141:
140condenem seus antecessores, a cu
- Page 142 and 143:
1421960, e ainda adverte sobre o pe
- Page 144 and 145:
144finalidade elaborada para interp
- Page 146 and 147:
146inmejorable de información y do
- Page 148 and 149:
148Estoy interesado en completar mi
- Page 150 and 151:
150No dejen de publicar la verdad,
- Page 152 and 153:
152contrária às polaridades negat
- Page 154 and 155:
154expresión cultural cubana. ANDR
- Page 156 and 157:
156migratórios conduzem a uma aber
- Page 158 and 159:
158representar para a história de
- Page 160 and 161:
160destacou a repercussão que esta
- Page 162 and 163:
162Soy un poeta y ensayista cubano
- Page 164 and 165:
164números de Encuentro y como es
- Page 166 and 167:
1665. CONCLUSÃOA conclusão de um
- Page 168 and 169:
168contempla as diferenças nas ins
- Page 170 and 171:
170O intercâmbio de idéias aproxi
- Page 172 and 173:
172__________. El fin de otra ilusi
- Page 174 and 175:
174MONREAL, Pedro. Las remesas fami