80várias histórias e <strong>cultura</strong>s interconecta<strong>da</strong>s, pertenc<strong>em</strong> a uma e, ao mesmot<strong>em</strong>po, a várias “casas” ( e não a uma “casa” particular). 109Nessa mesma perspectiva <strong>da</strong> referência de uma <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>na una é encontra<strong>da</strong>também na ent<strong>revista</strong> a José Triana <strong>em</strong> sua explanação <strong>sob</strong>re o teatro <strong>cuba</strong>no:Se trata de mostrar que el teatro <strong>cuba</strong>no es uno, es teatro <strong>cuba</strong>no en elinterior como en el exterior. Es necesario que se reconozca que lo que seescribe en el extranjero es tan importante como lo escrito dentro de la isla ysigue siendo auténticamente <strong>cuba</strong>no. Sea en Cuba, en Nueva York, o enParis, hay una manera particular de contar, un quehacer propio. .110(Grifo meu)A <strong>cultura</strong> adquire mais do que uma representação utópica, uma representaçãohistórica <strong>da</strong><strong>da</strong> que movimenta as relações sociais <strong>em</strong> contextos de diversi<strong>da</strong>de ideológica epolítica. Pois, mesmo <strong>em</strong> regimes de repressão e autoritarismo, onde a <strong>cultura</strong> é manipula<strong>da</strong>pelos canais de domínio ideológico, ela persiste <strong>em</strong> sua trajetória autônoma, assume suaprópria linguag<strong>em</strong> de liber<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> qual não é somente aquela que se pretende alcançar <strong>em</strong>um t<strong>em</strong>po futuro, mas que no dia-a-dia se materializa <strong>em</strong> seus próprios veículos de autoafirmação,difusão e resistência. A <strong>cultura</strong>, <strong>em</strong> sua liber<strong>da</strong>de intrínseca, não é um projeto,mas uma reali<strong>da</strong>de presente <strong>em</strong> sua forma própria de vivenciar uma d<strong>em</strong>ocracia pelosincretismo e pelas misturas. Apresenta-se mais como o t<strong>em</strong>po presente de um passadorecriado do que uma perspectiva futura de liber<strong>da</strong>de.Deixar que a <strong>cultura</strong> seja indicadora de uma recriação <strong>da</strong>quilo que a socie<strong>da</strong>deacumulou <strong>em</strong> sua trajetória histórica é um discurso freqüente <strong>em</strong> diversos autores <strong>da</strong> <strong>revista</strong>. Eé justificado, <strong>em</strong> parte, pela m<strong>em</strong>ória trazi<strong>da</strong> do grupo Orígenes, que tinha como princípio apoesia governando a ci<strong>da</strong>de, conforme apontava José Lezama Lima, seu fun<strong>da</strong>dor. Muito<strong>em</strong>bora, os intelectuais <strong>da</strong>s déca<strong>da</strong>s de 1940 e 1950 foss<strong>em</strong> mais contundentes nodistanciamento <strong>da</strong>s discussões políticas. A abor<strong>da</strong>g<strong>em</strong> <strong>da</strong> Encuentro de la Cultura Cubanaresgata a ênfase <strong>cultura</strong>l de seus antecessores, mas a tensão entre <strong>cultura</strong> e política éredimensiona<strong>da</strong> nas possibili<strong>da</strong>des de suas conexões.Esta concepção de <strong>cultura</strong> é importante ser esclareci<strong>da</strong>, porque ela se depara coma diversi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> visão de “hom<strong>em</strong> novo” que se estabeleceu com o projeto socialista. Para o109 HALL, Stuart. A Identi<strong>da</strong>de Cultural na pós-moderni<strong>da</strong>de. DP&A Editora. Rio de Janeiro. 2001.pp. 88-89110 TRIANA, José. Entrevisto por Christilla Vasserot. Si<strong>em</strong>pre fui y seré un exiliado. Revista Encuentro….Madrid. Primavera / Verano de 1997. Vol.4/5. p. 36. José Triana é um dos fun<strong>da</strong>dores <strong>da</strong> Encuentro de laCultura Cubana, é escritor e autor de peças teatrais, atualmente reside <strong>em</strong> Paris.
81socialismo, a <strong>cultura</strong> teria o papel relevante na formação do ideal de hom<strong>em</strong>, consciente <strong>da</strong>libertação <strong>da</strong>s condições de exploração do trabalho no capitalismo e pronto para a formaçãode uma nova socie<strong>da</strong>de. As condições objetivas – fim <strong>da</strong> divisão entre capital e trabalho – e assubjetivas – hom<strong>em</strong> livre, consciente e, portanto, superior – seriam proporciona<strong>da</strong>s pelasconquistas do poder socialista. O “hom<strong>em</strong> novo”, então, seria a vivência plena de ambas ascondições.A realização do “hom<strong>em</strong> novo” se torna um projeto de alcance futuro por meiodos avanços sociais e econômicos pretendidos pelo regime socialista. Todo <strong>em</strong>penho esacrifício social eram despendidos no alcance desta realização. E a <strong>cultura</strong> des<strong>em</strong>penharia umpapel relevante na formação do ser revolucionário que, <strong>em</strong> última instância, era um projetoextensivo a to<strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de. Ela cumpriria a função educativa de elevar o hom<strong>em</strong> ao nívelsuperior de organização social, respal<strong>da</strong>ria a razão revolucionária e a propagaria, <strong>em</strong> umaespécie de promessa redentora de uma socie<strong>da</strong>de de iguais, onde todos os sacrifíciosindividuais e sociais seriam justificados pela causa futura rumo à socie<strong>da</strong>de comunista.A atuação do partido comunista na esfera <strong>cultura</strong>l era preponderante nocumprimento de tal tarefa revolucionária. Apenas para ilustrar um aspecto dessa concepção, odiscurso de Che Guevara <strong>em</strong> uma carta a Carlos Quijano, <strong>em</strong> 1965, de Montevidéu, afirma:No hay artistas de gran autori<strong>da</strong>d que, a su vez, tengan gran autori<strong>da</strong>drevolucionaria. Los hombres del Partido deben tomar esa tarea entre lasmanos y buscar el logro del objetivo principal: educar al pueblo....la culpabili<strong>da</strong>d de muchos de nuestros intelectuales y artistas reside en supecado original; no son auténticamente revolucionarios.En nuestra socie<strong>da</strong>d, juegan un papel la juventud y el Partido.Particularmente importante es la primera, por ser la arcilla maleable con quese puede construir al hombre nuevo sin ninguna de las taras anteriores. Ellarecibe un trato acorde con nuestras ambiciones. 111O conceito de “hom<strong>em</strong> novo” alude a uma visão de uni<strong>da</strong>de política que põe <strong>em</strong>construção a idéia de hom<strong>em</strong> universal ou socie<strong>da</strong>de humana universal, basea<strong>da</strong> numaessência que iguala todos homens. O poder se estrutura <strong>em</strong> função <strong>da</strong> viabilização de umanova etapa <strong>da</strong> história de conquista <strong>da</strong> satisfação <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des básicas e criativas doshomens. Mas no intuito de se alcançar uma realização plena <strong>da</strong> essência humana, desenvolve-111 GUEVARA, Che. Texto dirigido a Carlos Quijano, del s<strong>em</strong>anario "Marcha", Montevideo, marzo de 1965.Leopoldo Zea, Editor. "Ideas en torno de Latinoamérica". Vol. I. México: UNAM, 1986. Disponível <strong>em</strong>:http://www.fmmeducacion.com.ar/Historia/Documentoshist/1965elhombrenuevoche.htm
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