86atitude fun<strong>da</strong>mentalmente própria <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> negra, é que inspira uma outra atmosfera doporvir para esses intelectuais.Do ponto de vista dos autores <strong>da</strong> Encuentro de la Cultura Cubana, o discurso éeluci<strong>da</strong>tivo <strong>da</strong> tentativa <strong>em</strong> resgatar a ambivalência <strong>cultura</strong>l <strong>cuba</strong>na e de romper com odualismo político-ideológico que impõe a fragmentação como uma imag<strong>em</strong> a ser incorpora<strong>da</strong>por to<strong>da</strong> a socie<strong>da</strong>de. A experiência histórica v<strong>em</strong> d<strong>em</strong>onstrando o terror e ao mesmo t<strong>em</strong>po afragili<strong>da</strong>de com que as disputas binárias vêm causando ao mundo <strong>em</strong> âmbito <strong>cultura</strong>l,religioso e político. Por outro lado é exposto um movimento global que põe <strong>em</strong> contatodiferentes <strong>cultura</strong>s e políticas, exigindo uma nova postura frente aos pares dicotômicos que seradicalizam ca<strong>da</strong> qual <strong>em</strong> suas essências fecha<strong>da</strong>s.É nesta linha de pensamento que Jesús Díaz, idealizador e um dos fun<strong>da</strong>dores <strong>da</strong><strong>revista</strong>, afirmou no editorial do volume 4/5 que um dos objetivos principais <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>nano momento atual é “impedir que a fragmentação... se imponha como definitiva”, e que“desde sus orígenes la <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>na se alimento de sí y del mundo.” E continua: “Cuba eshoy por hoy el país más internacional del planeta.” Mas, segundo o próprio Jesús Díaz, osriscos <strong>da</strong> fragmentação são visíveis:El debilitamiento resultante de la distancia y la falta de confrontaciones ycontactos. El riesgo de que la separación entre los <strong>cuba</strong>nos ‘de adentro’ y los‘de fuera’ involucione hacia formas abiertas o encubiertas de hostili<strong>da</strong>d eincluso de ruptura. Y la posibili<strong>da</strong>d de que esta fragmentación nos induzca aencerrarnos en un nacionalismo de aldeano vanidoso, o bien a perdernos enel vacío atroz de quien resulta incapaz de identificar sus raíces. 122No editorial acima citado há duas questões interliga<strong>da</strong>s. Primeiro, quanto àafirmação <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>na que se formou por si e pela relação com outras <strong>cultura</strong>s, numavisão crítica ao purismo nacionalista, e que desde a sua orig<strong>em</strong> a diversi<strong>da</strong>de eentrecruzamento <strong>cultura</strong>l percorreram sua história. A segun<strong>da</strong>, fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> na identi<strong>da</strong>de<strong>cuba</strong>na pela história <strong>da</strong> relação entre <strong>cultura</strong>s diferentes e alerta de maneira crítica para aproximi<strong>da</strong>de entre nacionalismo e fragmentação. Stuart Hall assinala como alguns estadosnacionais tentam construir “enti<strong>da</strong>des políticas <strong>em</strong> torno de identi<strong>da</strong>des homogêneas”. Eain<strong>da</strong> afirma: “... exist<strong>em</strong> também fortes tentativas para se reconstruír<strong>em</strong> identi<strong>da</strong>des122DÍAZ, Jesús. Un Año de Encuentro. Revista Encuentro… Madrid. Primavera / Verano de 1997. Vol.4/5.p.3
87purifica<strong>da</strong>s, para se restaurar a coesão, o “fechamento” e a Tradição, frente ao hibridismo e àdiversi<strong>da</strong>de.” 123Uma revolução política não delimita ou não pode delimitar, conforme um grupode ideólogos pretende que seja, o modo como os sujeitos <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> devam agir <strong>em</strong> suasdiferentes concepções e esferas sociais, como a música, a <strong>da</strong>nça, a religião, política, festaspopulares, literatura, cin<strong>em</strong>a, teatro, artes plásticas e, enfim, como viv<strong>em</strong>, pensam e narramseu cotidiano.A barreira nacionalista envolve os de “dentro” como sendo os seguidores fiéis àpátria, afinados à uni<strong>da</strong>de <strong>cultura</strong>l revolucionária, portanto eles dev<strong>em</strong> deslocar para “fora” osque renegam a Revolução e, por extensão sua nacionali<strong>da</strong>de. Nesse caso, a idéia de nação e<strong>cultura</strong> se identifica com a de Revolução. Em decorrência <strong>da</strong> pretensão de uni<strong>da</strong>de de ação<strong>em</strong>erge o discurso divisor apontado no editorial, como aquele que difunde a fragmentação <strong>da</strong><strong>cultura</strong> <strong>em</strong> revolucionária e não revolucionária, comumente associa<strong>da</strong> aos termos “dentro” e“fora”.Essa fragmentação fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> por uma política hostil ao diverso é rechaça<strong>da</strong>num discurso comum entre os colaboradores, mesmo nas divergências de enfoque político.Da mesma maneira, a crítica se dirige a uma parcela do exílio de Miami que reproduz odiscurso divisionista <strong>em</strong> relação ao governo <strong>cuba</strong>no, mas, de qualquer modo, atinge àsocie<strong>da</strong>de como um todo. O trecho citado abaixo é extraído de um comentário acerca dorelatório U.S.-Cuban Relations in the 21st Century do Conselho de Relações Internacionais(Council on Foreign Relations) 124 e reproduz uma <strong>da</strong>s maneiras <strong>em</strong> que a chama<strong>da</strong> direita<strong>cuba</strong>na nos Estados Unidos concebe as relações entre os Estados Unidos e Cuba. Pode-seobservar que esse discurso representa a idéia de que a relação comercial entre os dois países(no caso, o incr<strong>em</strong>ento do turismo) reforça o poder ditatorial e econômico de Fidel Castro.Esse discurso parte do princípio de que um intercâmbio político e econômico com Cubarealimenta o poder castrista, para o qual os setores representativos dessa posição não quer<strong>em</strong>colaborar. Por outro lado, vê-se que, nesse ponto de vista, a socie<strong>da</strong>de <strong>cuba</strong>na e suasnecessi<strong>da</strong>des materiais são ignora<strong>da</strong>s face à disputa prioritária <strong>em</strong> liqui<strong>da</strong>r o governo de FidelCastro:123HALL, Stuart. A Identi<strong>da</strong>de Cultural na pós-moderni<strong>da</strong>de. DP&A Editora. Rio de Janeiro. 2001. pp.92-93124O Conselho de Relações Exteriores é uma instituição priva<strong>da</strong> de política exterior nos Estados Unidos. Elarepresenta o “establishment'” e congrega homens de negócio, banqueiros, líderes trabalhistas, diplomatas eespecialistas <strong>em</strong> política exterior <strong>em</strong> todo o mundo.
- Page 1 and 2:
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁSFACUL
- Page 3 and 4:
3Goiânia2006MARIA MARTHA LUÍZA CI
- Page 5 and 6:
5AGRADECIMENTOSÀ professora e orie
- Page 7 and 8:
7RESUMOO objetivo deste trabalho é
- Page 9 and 10:
9LISTA DE TABELASNúmero Descriçã
- Page 11 and 12:
111. INTRODUÇÃORetratar a histór
- Page 13:
13Ou seja, que outros discursos tê
- Page 16 and 17:
16especificidades da fundação da
- Page 18 and 19:
18movimento de imagens e reflexões
- Page 20 and 21:
20discurso representativo alerta pa
- Page 22 and 23:
22As referências teóricas sobre e
- Page 24 and 25:
24O momento da globalização apres
- Page 26 and 27:
26aproximadamente 34% do PIB. Diant
- Page 28 and 29:
28Holly Ackerman, que aspiravam con
- Page 30 and 31:
30da cultura cubana tem sido criar
- Page 32 and 33:
32perderam seus bens e capitais e b
- Page 34 and 35:
34acolhimento da produção narrati
- Page 36 and 37: 36da identidade cultural cubana par
- Page 38 and 39: 38Tabela 1: Fundadores da Revista E
- Page 40 and 41: 40de la diáspora y otros especiali
- Page 42 and 43: 422.4. JESÚS DÍAZ E SUA ÉPOCAA v
- Page 44 and 45: 44ilustrar a presença dessa concep
- Page 46 and 47: 46aspiravam seus colaboradores. Mas
- Page 48 and 49: 48Outro fator relevante para sua de
- Page 50 and 51: 50As tabelas abaixo mostrarão o qu
- Page 52 and 53: 52Tabela 2.2: Colaboradores Cubanos
- Page 54 and 55: 54sociedad una de sus principales l
- Page 56 and 57: 56En nuestras páginas hallarán ca
- Page 58 and 59: 58VENEZUELA 3 0,60Total 499 100Font
- Page 60 and 61: 60GEÓGRAFO 1 0,20HISTORIADOR(A) 34
- Page 62 and 63: 62temas dos artigos levou à compre
- Page 64 and 65: 64De um modo geral, os dados acima
- Page 66 and 67: 66contexto cubano atual está regis
- Page 68 and 69: 68mediar uma representação cultur
- Page 70 and 71: 70reflete sobre o caráter transgre
- Page 72 and 73: 72intereses de la nación entera, n
- Page 74 and 75: 74Na perspectiva da chamada histór
- Page 76 and 77: 76que se repite (1989), explicita a
- Page 78 and 79: 78Nuestra aspiración es abrir una
- Page 80 and 81: 80várias histórias e culturas int
- Page 82 and 83: 82se a estigmatização de seu opos
- Page 84 and 85: 84efectiva mi gestión promoviendo
- Page 88 and 89: 88“With the Cold War over and new
- Page 90 and 91: 90Gastón Baquero interessa como es
- Page 92 and 93: 923.2. EXÍLIO - A IDENTIDADE DO OU
- Page 94 and 95: 94territorial e identitário único
- Page 96 and 97: 96partir do movimento de emigrados
- Page 98 and 99: 98Enfim, o que está sendo ressigni
- Page 100 and 101: 100empreendimento limitador por que
- Page 102 and 103: 102Raul Rivero 159 expressa um outr
- Page 104 and 105: 104These formations have all been o
- Page 106 and 107: 106qualquer ameaça de um possível
- Page 108 and 109: 108En Cuba, cada escritor o artista
- Page 110 and 111: 110mais privada das emoções priva
- Page 112 and 113: 112Encuentro de la Cultura Cubana c
- Page 114 and 115: 114Em uma resenha produzida por Man
- Page 116 and 117: 116referem diretamente à experiên
- Page 118 and 119: 118mencionados. Há um trecho em se
- Page 120 and 121: 120...Cuba es un país gravemente e
- Page 122 and 123: 122Numa entrevista a Tomás Gutiér
- Page 124 and 125: 124categorias mais do que mencionar
- Page 126 and 127: 126diante da impossibilidade da qua
- Page 128 and 129: 128Essa correlação configura uma
- Page 130 and 131: 130segundo capítulo, também confi
- Page 132 and 133: 132incluido no conjunto de assinatu
- Page 134 and 135: 134Por cortesía de Eduardo Muñoz
- Page 136 and 137:
136confirmada pela carta de Jeanett
- Page 138 and 139:
138Na carta de Rolando Sánchez Mej
- Page 140 and 141:
140condenem seus antecessores, a cu
- Page 142 and 143:
1421960, e ainda adverte sobre o pe
- Page 144 and 145:
144finalidade elaborada para interp
- Page 146 and 147:
146inmejorable de información y do
- Page 148 and 149:
148Estoy interesado en completar mi
- Page 150 and 151:
150No dejen de publicar la verdad,
- Page 152 and 153:
152contrária às polaridades negat
- Page 154 and 155:
154expresión cultural cubana. ANDR
- Page 156 and 157:
156migratórios conduzem a uma aber
- Page 158 and 159:
158representar para a história de
- Page 160 and 161:
160destacou a repercussão que esta
- Page 162 and 163:
162Soy un poeta y ensayista cubano
- Page 164 and 165:
164números de Encuentro y como es
- Page 166 and 167:
1665. CONCLUSÃOA conclusão de um
- Page 168 and 169:
168contempla as diferenças nas ins
- Page 170 and 171:
170O intercâmbio de idéias aproxi
- Page 172 and 173:
172__________. El fin de otra ilusi
- Page 174 and 175:
174MONREAL, Pedro. Las remesas fami