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cultura e política em cuba sob o prisma da revista - UFG

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117componente de pressão política importante do qual o governo pode hostilizar, mas não podeignorar sua capaci<strong>da</strong>de de negociação para uma transição d<strong>em</strong>ocrática do ponto de vistaeconômico e político, segundo Jorge Domínguez.Politicas Invisibles é o título do artigo de Rafael Rojas, num discurso mais crítico,no qual assinala que para haver uma transição <strong>em</strong> Cuba é preciso que se inicie pela exposiçãoclara <strong>da</strong>s políticas no cenário atual, <strong>em</strong> to<strong>da</strong>s as suas vertentes. Ele fun<strong>da</strong>menta seupressuposto na análise de que “En Cuba ninguna política es plenamente visible.” 198 Desde apolítica oficial, passando pela oposição interna até o exílio, Rojas avalia que um regimetotalitário engendra o ocultamento <strong>da</strong>s práticas políticas. Nesse regime a fusão entre povo,governo, estado e nação prescinde <strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de de qualquer organização autônoma <strong>da</strong>socie<strong>da</strong>de civil e desvincula<strong>da</strong> <strong>da</strong>s instituições oficiais. Pois se o governo é o próprio povonão há o que se criar além dos organismos estatais existentes na socie<strong>da</strong>de. Há aqui a projeçãode uma socie<strong>da</strong>de rousseauniana assenta<strong>da</strong> nos princípios do Contrato Social, <strong>em</strong> que a“vontade geral” e “vontade do povo” se confund<strong>em</strong> e se constitu<strong>em</strong> no próprio Estado,portanto to<strong>da</strong> necessi<strong>da</strong>de individual ou de grupo não se diferencia <strong>da</strong> totali<strong>da</strong>de social e seencontra plenamente satisfeita no coletivo de Estado. 199 O Estado absorve as necessi<strong>da</strong>desindividuais de tal modo que suprime qualquer singulari<strong>da</strong>de diferenciadora do corpo social.Para Rafael Rojas, a invisibili<strong>da</strong>de que impera <strong>sob</strong>re as relações políticas <strong>em</strong> Cubaparte do princípio <strong>da</strong> razão do segredo de Estado como recurso de controle sócio-político.Então, n<strong>em</strong> as decisões oficiais são publicamente debati<strong>da</strong>s, n<strong>em</strong> tampouco as discussõesprovenientes de organizações de massas e clandestinas se abr<strong>em</strong> ao enfrentamento político.Tais políticas exist<strong>em</strong>, mas são invisibiliza<strong>da</strong>s e ele menciona como Fidel assimilou a reflexãode Maquiavel <strong>em</strong> O Príncipe: “el buen político es el que sabe ocultar sus fines”. Tal políticose torna “bom” por ser capaz de conduzir ao disfarce to<strong>da</strong>s as diferenças, primeiro a suaprópria posição para que assim sua liber<strong>da</strong>de de manobra <strong>sob</strong>re os rumos políticos sejaexerci<strong>da</strong>; e segundo, to<strong>da</strong> posição distinta do poder institucional, por não ter liber<strong>da</strong>de <strong>em</strong> seposicionar, recorre à clandestini<strong>da</strong>de. A crítica de Rojas é mais agu<strong>da</strong> quanto ao que consideraausência de um enfrentamento mais aberto entre as diferenças políticas, chamando àresponsabili<strong>da</strong>de também os intelectuais que ader<strong>em</strong> ao governo, os dissidentes internos e osexilados. Sua indignação se dirige ao silêncio que considera presente <strong>em</strong> todos os setores198 ROJAS, Rafael. Políticas Invisibles. Revista Encuentro… Madrid. Otoño / Invierno de 1997.Vol.6/7. p. 24199 ROUSSEAU, Jean-Jacques. O Contrato Social. São Paulo. Editora Nova Cultural Lt<strong>da</strong>. Coleção “OsPensadores”. 1999

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