48Outro fator relevante para sua decisão ao exílio foi a proibição do filme Aliciaen el pueblo de Maravillas após sua estréia <strong>em</strong> 1991, o que possivelmente tenha lhe feitorepensar <strong>sob</strong>re seu retorno a Cuba quando se encontrava na Al<strong>em</strong>anha. Essa viag<strong>em</strong> não tinhaconfigurado ain<strong>da</strong> uma ruptura com o regime, pois era m<strong>em</strong>bro do PCC junto ao ICAIC. E,como m<strong>em</strong>bro do próprio Instituto de Cin<strong>em</strong>a, ver sua produção sendo veta<strong>da</strong>, suscitou-lhe “ofim de outra ilusão”, como sugere o título de seu artigo, a um projeto <strong>cultura</strong>l independentedentro de Cuba. Jesús Díaz permaneceu na Al<strong>em</strong>anha durante um ano e seguiu para Espanha,onde fixou seu exílio e publicou o artigo, Los anillos de la serpiente, <strong>em</strong> 12 de março de1992 no jornal El País de Madri, assumindo sua ruptura definitiva. A decisão ocorreu nummomento <strong>em</strong> que ele não vislumbrava mais uma mu<strong>da</strong>nça que surgisse de dentro <strong>da</strong> estruturade poder <strong>em</strong> Cuba, dos contrapontos estabelecidos <strong>em</strong> seu interior, ou de um diálogo possívelcom o regime. 65Em 1994, já estabelecido <strong>em</strong> Madri desde 1992, Jesús Díaz organizou o s<strong>em</strong>inárioLa Isla Entera culminando dois anos depois no grande projeto de sua vi<strong>da</strong> após a saí<strong>da</strong>definitiva de Cuba, a publicação <strong>da</strong> <strong>revista</strong> Encuentro de la Cultura Cubana. Dirigiu a <strong>revista</strong>desde sua fun<strong>da</strong>ção <strong>em</strong> 1996 até o ano de seu falecimento <strong>em</strong> 2002, perfazendo seis anos depublicação, com 24 números editados. No vigésimo quinto volume foi-lhe dedica<strong>da</strong> umahomenag<strong>em</strong> especial, <strong>em</strong> razão de sua morte, trazendo considerações acerca de seuprotagonismo na produção literária e política durante o período revolucionário <strong>em</strong> Cuba. E noexílio contribuiu para uma nova representação <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>na, crítica aos dogmatismospolíticos.Do ponto de vista oficial, Jesús Díaz era visto como traidor e revisionista. Mas umoutro extr<strong>em</strong>o, considerava-o como agente secreto do regime de Fidel Castro, pois seacreditava que sua narrativa crítica, enquanto esteve dentro de Cuba, caracterizava apermissão de uma voz questionadora, e isto justificava, na concepção do exílio maisconservador, a propagan<strong>da</strong> oficial de um governo d<strong>em</strong>ocrático. Mas entre uma e outraposição, o que, enfim, deve ser constatado é que, sua atuação como escritor, cineasta, diretorde teatro, ensaísta e crítico político veio gerar um fato histórico no contexto <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<strong>cuba</strong>na atual. Ela deu visibili<strong>da</strong>de internacional a uma outra representação <strong>da</strong> <strong>cultura</strong> <strong>cuba</strong>napara os que resid<strong>em</strong> dentro e fora de Cuba e a trouxe para um campo que possibilitasse seuencontro com outro paradigma de leitura e narrativa <strong>sob</strong>re Cuba. Contribuiu com uma novamaneira de pensar o processo político, suplantando a difícil construção maniqueísta de uma65 Ibid<strong>em</strong>.
49ord<strong>em</strong> racional, e traduzindo a teoria para um espaço político não de “negação”, mas de“negociação” – no sentido que Bhabha atribui a estes termos.2.5. O PERFIL DA ENCUENTRO DE LA CULTURA CUBANAPara se obter o perfil <strong>da</strong> <strong>revista</strong> esta pesquisa contou como fonte documental seuspróprios artigos, editoriais, cartas e informações <strong>sob</strong>re os autores. Foi realizado um estudo de<strong>da</strong>dos essenciais à compreensão de sua linha editorial, s<strong>em</strong> entrar no mérito <strong>da</strong>s questõesespecíficas <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> comunicação, detendo-se apenas nos el<strong>em</strong>entos delineadores de umaconcepção de mundo e de história. O traçado de qu<strong>em</strong> são os colaboradores dessa publicaçãose estabeleceu a partir de um levantamento estatístico do quantitativo e percentual deescritores <strong>cuba</strong>nos residentes na Ilha e no estrangeiro, participação de intelectuais não<strong>cuba</strong>nos,de mulheres e homens, profissão dos autores, tipos de artigos e qual a freqüência dost<strong>em</strong>as abor<strong>da</strong>dos. Um banco de <strong>da</strong>dos foi estruturado para mapear sua composição e clarear operfil t<strong>em</strong>ático <strong>da</strong> <strong>revista</strong>. O objetivo é estabelecer a relação ou a correspondência dos<strong>da</strong>dos levantados com o delineamento editorial proposto no conjunto dos artigos <strong>da</strong> <strong>revista</strong>.É importante esclarecer que o levantamento dos <strong>da</strong>dos, muito <strong>em</strong>bora possa serextenuante sua leitura, foi decisivo na definição do t<strong>em</strong>a desta pesquisa. Permitiu uma visãopanorâmica <strong>da</strong> formação dos autores, dos t<strong>em</strong>as abor<strong>da</strong>dos, <strong>da</strong> interdisplinari<strong>da</strong>de sugeri<strong>da</strong>pelos artigos, <strong>da</strong> distribuição nos territórios de dentro e fora <strong>da</strong> Ilha de seus colaboradores e,ain<strong>da</strong>, a participação de intelectuais estrangeiros. A partir desta visão, o cruzamento entre ost<strong>em</strong>as <strong>cultura</strong> e política foram sendo apontados como reflexão <strong>da</strong> situação dos <strong>cuba</strong>nos nocontexto atual e encaminhados para selecionar os artigos que seriam utilizados à reflexãodesta t<strong>em</strong>ática.A <strong>revista</strong> se encontra no quadragésimo volume do ano de 2006, no entanto, os<strong>da</strong>dos aqui apresentados correspond<strong>em</strong> ao ca<strong>da</strong>stro dos volumes 1 ao 25, referentes aos anosde 1996 a 2002, delimitação já explicita<strong>da</strong> anteriormente. Sua publicação é trimestral, sendoque, três vezes ao ano são lançados três volumes únicos e uma vez, um volume duplo. Osvolumes ca<strong>da</strong>strados perfaz<strong>em</strong> um total de 499 colaboradores e 694 artigos, evidenciando queum mesmo escritor possui vários artigos publicados. Os <strong>da</strong>dos que serão apresentados aseguir, foram todos extraídos <strong>da</strong> própria <strong>revista</strong>, pelas informações biográficas sucintas <strong>sob</strong>reos colaboradores, conti<strong>da</strong>s na última página de ca<strong>da</strong> volume.
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